Capítulo 4 - Pesadelo Febril

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Volantis normalmente tinha um clima quente e úmido, mas nos últimos tempos o clima estava se tornando algo que nunca os volantinos sentiram, pois com o passar do tempo estava cada vez mais frio, tanto que nos picos das montanhas eram decorados com véus de neve. Era uma imagem linda de se ver, mas terrível de se pensar. Ali daquele lado do mar quando o inverno chegava não era tão rígido como a oeste e parecia que ali teria um destino parecido como Westeros, logo tudo estaria sob o véu de neve juntamente com a esperança do povo do leste de sobreviver a um inverno intenso.

O templo de é um templo realmente magnifico. Uma enormidade de pilares, degraus, contrafortes, pontes e cúpulas que fluem umas contra as outras, como se tivessem sido esculpidas a partir de uma rocha colossal. Uma centena de tons de vermelho, amarelo, dourado e laranja se encontram e se fundem nas paredes do templo. Suas torres esbeltas se retorcem para o alto, como chamas congeladas que tentam alcançar o céu.

E ao céu a visão de um dragão voando ao redor do templo, o deixava muito mais imponente. Os discípulos do Deus Vermelhos rezavam nas praças e nos templos menores para o retorno da salvadora e para que a noite não chegasse daquele lado do mar. Com a disseminação dos sussurros que a Mãe de Dragões, a Quebradora de Correntes e a Libertadora da Escuridão estava repousando após voltar dos mortos no Grande Templo de R'hllor, a procura para entrar no exército privado do templo duplicou, trazendo diversos ex-escravos libertos pela Mhysa que permaneceram nas cidades livres, todos tinham a intenção de querer tomar seu lugar para protege-la e fazer parte do exército chamado Mão Ardente, que atualmente contavam com vinte mil homens à disposição do templo e muito em breve da Mãe de Dragões.

Daenerys repousava em seu quarto. Ainda estava prostrada, sem vontade de sair, de comer, de viver. Permanecia numa guerra interna, onde alguns dias era vencida pela fome e comia como se não houvesse o amanhã e dias que ela ganhava a guerra contra a fome e não se alimentava. Havia mais dias ruins do que bons e as sacerdotisas já estavam muito preocupadas com a mente e saúde da jovem Rainha.

Sempre que dormia, Dany tinha sonhos estranhos... Os sonhos bons que tinha, era quando sentia que ela não era ela. Ela era um animal, vagando entre a neve e se deliciando em pedaços de carnes frescas e ensanguentadas. Nesses sonhos ela se sentia bem, sentia-se acolhida, envolta de uma família que a amava e a protegiam. Não eram dragões os animais de seus sonhos, eram lobos, e isso a entristecia quando abria os olhos que sempre estavam marejados e sua a boca sempre estava com gosto de ferrugem. Ao acordar começava a chorar tristemente, pois recordava-se do Lobo Branco, de Jon Snow, àquele por quem ela entregou seu coração no momento mais delicado de sua vida e foi traída. Como podia se sentir bem com esses sonhos? Era uma maldição? Uma piada sem graça? Não sabia a resposta.

Ainda, tinham os pesadelos... terríveis... cheios de morte, dor e desgraça. Seus pesadelos voltavam nos momentos das piores perdas de sua vida: Viserion... Jorah... Rhaegal... Missandei... as traições de Tyrion e Varys... os sussurros em sua mente quando reduzia Porto Real em cinzas e os gritos de homens, mulheres e crianças que padeciam quando a Sombra Alada passava por cima deles... E enfim a facada no coração dada por Jon Snow. Ela sempre sentia as dores, a tristeza e a solidão. E ao acordar tinha crises de pânico, pois seus sonhos, ou melhor... pesadelos, pareciam reais, vivos e palpáveis. Sua mente e coração estavam quebrados em mil pedaços e nem Drogon conseguia puxá-la do fundo do poço.

Daenerys dormia em seu sonho agitado, ora ou outra resmungava e até mesmo gritava. A brisa gelada do mar entrava pela janela entreaberta, o seu corpo suava frio e o suor escorria em sua pele quente e apesar da luz da lua cheia que banhava o quarto e caia sob o rosto cansado e abatido da jovem, eram seus pesadelos que a incomodavam e deixavam as coisas piores do que já eram.

Renascida das CinzasOnde histórias criam vida. Descubra agora