Esqueça-me

378 33 6
                                    

Notas iniciais da autora: Comecei essa história um tempo atrás e postava somente em outro site, resolvi colocá-la aqui também e dar continuidade. É a primeira vez que escrevo sobre Meddison, espero que gostem ♥ 

**********

Como que por hábito, Meredith sovava a massa, preocupando-se com o horário. A farinha de trigo espirrava conforme as batidas firmes, sujando o avental florido. O vento frio penetrava pela janela, bagunçava seus cabelos, fazendo-os escapar do bagunçado coque e escorrer por seu rosto. Isso lhe servia como um calmante. O silêncio acolhedor e o cheirinho de pão caseiro que logo, logo invadiria a cozinha. Fitou o relógio da parede à sua direita. Seis horas da manhã. O sol apontava lentamente no horizonte, mas tímido e trazia com ele a realidade. Derek acordaria em alguns instantes e ela precisava finalizar o café da manhã. Respirou fundo, deixando a massa descansar por mais alguns instantes.

Ele estava de folga em plena quarta-feira e talvez assim, aceitasse seu convite para um café da manhã reforçado, após tanto tempo saindo sem sequer se despedir dela. Privilégios que somente uma esposa de um renomado cirurgião chefe do Departamento de Neurocirurgia teria. Não que desconhecesse a rotina exaustiva de um médico cirurgião, afinal, costumava ser a melhor em sua área – decerto ainda fosse –, mas desde que tentava avançar nos seus estudos em busca da cura do Alzheimer, ele vinha afastando-se, sorrateiramente, da família que haviam construído.

A mesa estava posta. Os pães assavam no forno e panquecas, ovos, suco, café e uma cesta de frutas deixaria qualquer um com a barriga rocando de fome. Pensou em colher algumas de suas tulipas roxas do jardim para decorá-la. Colocou o avental em cima da bancada de madeira maciça branca e encaminhou-se para a porta da frente, abrindo-a. Arrepiou-se. O inverno definitivamente aproximava-se. Observou a vizinhança e percorreu uma de suas mãos por sua barriga, sorrindo. Desceu os degraus e inclinou-se. Descobrira a nova paixão recentemente e sentia-se orgulhosa: o jardim encontrava-se magnífico.

Em poucos segundos estava retornando a casa e deparou-se com ele descendo as escadas, apressado. Tinha em mãos uma mala e papeladas.

– Bom dia, meu amor – ele disse, alcançando-a e depositando um beijo em sua testa.

– Aonde vai? – ergueu uma sobrancelha. – Hoje é o seu dia de folga.

– É, eu sei. – fez uma pausa. – Irei aproveitá-lo para ir à Boston. O presidente quer conhecer a minha pesquisa mais a fundo e como ele ficará incrivelmente maravilhado com o quão brilhante meu cérebro é, financiá-la também.

– Que legal. – comentei, forçando um sorriso. – É que pensei que poderíamos tomar o café da manhã juntos.

– Ah, por isso que estou sentindo um cheiro de queimado.

– Os pães. – disse, num sobressalto.

Corri até a cozinha, largando as flores em cima da mesa, de qualquer jeito. Droga. Os pães haviam queimado e o mau cheiro se espalhado pelo ambiente. Merda. Mil vezes merda.

– Você continua um desastre na cozinha, Mer. – Derek falou, rindo, deixando a mala ao lado da porta da frente e colocando a papelada em cima da bancada.

– Não é verdade e se você passasse algum tempo em casa, saberia disso. – suspirei, colocando as mãos sobre a pia, balançando a cabeça em negação.

– Ei, o que acabou de acontecer? – indagou, acercando-se.

– Você sabe muito bem do que estou falando.

– É a minha carreira e o futuro da nossa família que está em questão. – explicou, afagando minhas costas, como se eu fosse egoísta o suficiente para não entender.

– Eu larguei tudo, Derek. – rebati, frustrada.

– Não iremos ter essa conversa novamente, por favor. – afastou-se, recolhendo suas coisas. – Preciso ir, meu voo sai em menos de duas horas. Cuide-se e cuide da nossa ervilha. – sorriu e acariciou minha barriga. Retorno amanhã pela manhã.

– Boa viagem. – falei, puxando uma banqueta para sentar-me e o vi partindo, sem olhar para trás.

Fitou a sua barriga. Seis semanas e nada parecia mudar. Estava ansiosa para vê-la à mostra, sobressaindo-se, destacando suas curvas. Contudo, sabia que a paciência precisava ser a sua melhor companhia agora, pois este foi o máximo que seu útero pôde aguentar. Da última vez, sofrera um aborto espontâneo na quarta semana de gravidez, portanto, tinha motivos para comemorar e cuidar da pequena ervilha que se formava dentro de si.

Derek havia sido muito atencioso e solicitado alguns dias de folga para cuidar dela e de seu emocional destruído após o segundo aborto sofrido em menos de 7 meses. Foi quando resolveram escutar os conselhos da Doutora Robbins e repousar o máximo possível. Foi doloroso abrir mão da sua carreira momentaneamente pelo desejo de se tornar mãe, mas não hesitou. Gostaria de construir uma família de verdade ao lado do homem que amava. E a chefia da Cirurgia Geral do Grey-Sloan Memorial Hospital poderia ser adiada. Ela conseguiria, não havia dúvidas.

Ser mãe não a impediria de ser também uma profissional de sucesso. Uma coisa não deveria anular outra e mesmo sabendo dos obstáculos que enfrentaria, repetia a si mesma que não estava sozinha.

Ou melhor, não deveria estar.

Levantou-se. Decidiu que não deixaria se abater por mais uma atitude previsível de Derek. Ele sempre fora obcecado pelo trabalho e não seria agora diferente. Resolveu tomar seu café e daqui a algumas horas, passaria no hospital para checar Cece, sua última paciente que ficou sob observação de Bailey e conversar com Alex.

Após arrumar a mesa e colocar os pratos no lava-louças, dirigiu-se ao seu quarto. Separou uma calça jeans, camisa de manga cumprida, jaqueta e botas e não demorou muito no banho, logo estava pronta, penteando os cabelos loiros e tentando deixa-los o mais apresentáveis possível. Geralmente, não se importava muito com sua aparência, mas os hormônios da gravidez a deixavam insegura e temperamental. Odiava profundamente tais detalhes. Checava pela última vez o resultado no grande espelho à sua frente, quando ouviu seu celular tocar em cima da cômoda.

– Alô? – número desconhecido.

– Bom dia, senhora Grey, é da clínica de cuidados especiais Mercy West. – reconheceu a voz do outro lado, era a diretora da clínica.

– O que houve? – sentou-se na beirada da cama, preocupada. Não costumavam ligar para ela aquele horário, tão cedo e repentinamente.

– Sua mãe foi transferida urgentemente para o hospital, ela passou muito mal instantes atrás e não sabemos ao certo o estado atual dela.

– Qual hospital? – levantou-se rapidamente, procurando sua bolsa.

– Grey-Sloan. – a moça respondeu.

– Estou indo para lá. – desligou e desceu correndo as escadas.

Gostaria de sovar novamente uma massa de pão, desta vez com mais fúria, descontando todas e quaisquer decepções e medos que o dia, surpreendentemente, estava reservando para si. Bater repetidamente, fazendo barulho, imaginando o rosto do seu marido viciado em trabalho que deveria estar agora ao seu lado, ali, no balcão, achatado. No entanto, pegou apenas suas chaves e saiu de casa, entrando no carro e contando até dez, respira, prende e solta, contando até dez, respira, prende e solta, mais uma. As avenidas estavam movimentadas e podia ouvir a sirene de uma ambulância perto dali. Será que Ellis estava nela? O que aconteceu com ela? Divagava, temerosa. Já não bastava ser desastrosamente ferrada do útero e ter que lidar com o egresso de Derek, agora teria que torcer para que, na melhor das hipóteses, sua mãe não estivesse à beira da morte.

Espero apenas que ela não lembre de mim.

**********

É isto, o Derek é um enorme babaca e a Addison aparecerá em breve. Caso tenham gostado, não esqueçam de votar. Críticas construtivas, comentários e sugestões são sempre bem-vindos e aquecem meu coração! Beijos e até o próximo ♥


Fallin' All In YouOnde histórias criam vida. Descubra agora