Capítulo lll - Explicações!

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Capitulo III - Explicações!

Enquanto ainda estava desacordada, senti alguém me carregando. Eram mãos fortes, grandes e gélidas, que me puxavam para mais perto de si. Eu estremeci um pouco, a temperatura de seu corpo era muito mais baixa que a normal, talvez eu estivesse com febre também.

- Desculpe-me... – Disse baixinho e me afastou um pouco de si.

Quem era?

...

Quando realmente acordei, estava na enfermaria. Sebastian estava dormindo ao meu lado em uma cadeira.  Ele pareceu ter sentido meu movimento e acordou também.

- Você está bem? – Perguntou, e por impulso pegou uma de minhas mãos. Suas mãos estavam frias como gelo, iguais as da pessoa que havia me carregado mais cedo. Quando ele percebeu que estremeci ao seu toque, ele afastou suas mãos da minha e se desculpou, mas por algum motivo estranho queria que ele tivesse ficado com as mãos ali.

- Foi você que... – Fui interrompida pela entrada de Kaoru na enfermaria.

- Tem alguém querendo falar com você Mey... – Ele olhou para Sebastian e completou: – A sós!

Quando os meninos saíram do quarto a última pessoa que eu queria ver na minha vida entrou. Ela passou pela cortina de cabeça baixa e sem olhar nos meus olhos, como alguém que quer se desculpar mas não sabe como. Isso me irritou.

Ela abriu e fechou a boca várias vezes querendo dizer algo, mas parecia que havia alguma coisa entalada em sua garganta.

- Filha... – Ela começou calma, mas eu a interrompi. Só de ouvir ela pronunciar aquela palavra, lágrimas encheram meus olhos.

- Sai daqui! Você não tem o direito de olhar em minha cara, muito menos de me chamar de filha! – A cada palavra minha ela se encolhia, mas não me importava, eu estava falando tudo que estava entalado em minha garganta, a mais de 15 anos. – Você nos deixou quando eu ainda era um bebê! Meu pai sempre a protegeu, nunca me deixou falar mal de você! Mas, uma mãe que desaparece, não manda uma carta, um telefonema, nada! simplesmente nada! Como acha que eu me senti!? Desculpe-me, mas você não é minha mãe, então não me chame de filha! – Algumas malditas lágrimas estavam rolando pelas minhas bochechas, minha garganta ardia.

- E como você acha que eu me senti? – Disse dando ênfase  no “eu”. – Ter que deixar minha primeira e única filha para trás, junto de meu amado... Sem ter notícias de vocês! Sem poder falar com vocês por mais de 15 anos, sem poder te ver crescer, dar seus primeiros passos e falar pela primeira vez!? – Ela já estava se debulhando em lágrimas e eu não estava diferente. – E tudo isso por um erro, um engano... Um único e simples erro, um simples engano! – Ela disse aos prantos.

Ficamos alguns segundos em silêncio, apenas chorando.

- O que você está querendo dizer? De que erro e engano você está falando? – Perguntei séria, tentando controlar minha voz.

-Eu... Eu... Eu não posso te contar! – Ela disse gaguejando.

- Como assim, não pode!?- A raiva ia e vinha na minha voz. - Se você quer que, algum dia, eu te perdoe por tudo o que fez, me conte! – Disse firme.

- Eu não posso! Você  provavelmente se afastaria de mim! – Ela disse baixinho, olhando para o chão.

- Eu já estive afastada de você por mais de 15 anos, e daí se eu me afastar de novo? O que você tem a perder?- Enxuguei as lágrimas que ainda caiam pelo meu rosto e sentei para encará-la.

Ela respirou fundo e apoiou os cotovelos nas pernas, evitando me olhar.

- Você conhece histórias de bruxas? – Assenti com a cabeça, meu pai sempre havia me contado histórias sobrenaturais, explicando o início do mundo e da raça humana através de outros seres considerados místicos.  – Bem, vamos dizer que uma bruxa cometeu o erro de se apaixonar por um humano, e teve uma filha com ele... O que é algo proibido, de acordo com as leis do conselho mágico.- Ela secou as lágrimas, mas continuou a evitar meu olhar. - Esse casal apaixonado teve que se mudar várias e várias vezes para se proteger do conselho e, acima de tudo, proteger sua  filha. Mas, de alguma forma, sempre os achavam. Então a bruxa resolveu deixar sua pequena família de três para que eles não corressem mais perigos, apenas se comunicando com os dois através de cartas. - Ela deu uma pausa, mas depois continuou.- Entretanto, um dia, a irmã dessa bruxa, fez um feitiço, por pura vaidade. Nesse feitiço ela utilizou um par de irmãos vampiros para obter beleza inestimável, em troca da vivacidade de um dos irmãos e a perda do poder do outro. E esse feitiço também é considerado proibido pelo conselho, pois ele utiliza da magia da vida para algo banal como a vaidade...

- Tá, e o que isso tem a ver com a outra bruxa?

- As duas irmãs moravam juntas na época e o feitiço foi realizado na casa de ambas. No fim, a bruxa que havia realizado o feitiço fugiu. - Nesse momento ela respirou fundo. - Quando cheguei em casa e vi as duas crianças tentei ajudar, mas em seguida o conselho mágico apareceu. - Ela olhou para mim e se apoiou com as costas na cadeira. - Eu fui presa e julgada, não só por ter uma filha com um humano, como também por quase romper o acordo de paz dos vampiros com os bruxos. Perdi meus poderes, e como punição, os meus laços materno e romântico foram cortados. Me impedindo de rastrear você ou seu pai.- Ela respirou fundo e exalou.- Eu rodei o mundo inteiro tentando reencontrar vocês, nunca esperei que por obra do destino, você viria a mim!

Precisei de quase uma hora para formular tudo, mesmo ela tendo falado devagar era muita história para assimilar! Nesse meio tempo de reflexão, me veio algo a mente:

- Se você é uma bruxa e sua irmã, no caso minha tia, também é uma bruxa, isso quer dizer que eu também sou...

- Uma bruxa? Sim! – Ela disse triste como se não fosse isso que quisesse. – Mas você é uma mestiça, por seu pai ser apenas um humano e eu uma bruxa. Me desculpe por tudo isso, se eu nunca….

- Você tá brincando? Imagina só: eu uma bruxa! Isso é demais! Posso fazer vários feitiços, poções, posso voar numa vassoura!? – Disse animada.

- Vá com calma, o mundo da magia não é assim tão incrível! Há restrições que todos os bruxos devem seguir!

- Tipo...?

- Respeitar os feitiços, saber os seus riscos, não ferir humanos, apenas se for para defesa própria, e a magia pode esgotar sua energia, podendo te levar a morte ou ao coma! Apenas lembre de uma coisa: todo feitiço tem um preço.

Parei para pensar um pouco e... É, realmente o mundo da magia não é tão fabuloso quanto pensava!

- Mas se a magia existe, todas aquelas histórias de contos de fada também existem?

- Sim.

- Isso é muito legal... Um pouco estranho, mas ainda assim, é legal!

De repente, todos os meninos entraram na enfermaria.

- Bom, agora que você já sabe... Nós finalmente podemos lhe contar a verdade! - Disse Jason.

- Vocês estavam escutando atrás da porta? NÃO CREIO!

Kaoru tossiu e todos os quatro ignoraram minha indignação, a cara de pau deles às vezes podia ser incrível!

Todos se entreolharam e um sorriso malicioso brotou no rosto dos dois de olhos azuis.

-Jason, você não acha que seria mais interessante se ela... -Disse Sebastian e Haru em uníssono.

-Descobrisse... – Continuou Sebastian.

-Sozinha? – Terminou Haru.

Eles olharam para mim com um sorriso travesso nos lábios.

-Boa sorte fi...Mey! - Disse Angel gargalhando.

E novamente me peguei repetindo o bordão desde que cheguei aqui: Céus, onde fui me meter!?
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Oiieee, o que acharam do capítulo?
Angel vai ganhar mais presença mais pra frente, mas no momento próximo foco será Mey e Sebastian 💕
Eu estava lembrando que na época que estava escrevendo, pensava em fazer um mangá dessa história, devido a isso sempre foco muito na conversa e desenvolvimento dos personagens e quase nada sobre descrição de lugar. Infelizmente minhas habilidades com desenho e ilustração são péssimas, então mantive no formato de texto mesmo...kakakakak!

Até semana que vem ✌️❤️

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