Já haviam se passado duas semanas desde que Cléo tinha vindo morar com a gente, e ela ainda estava dormindo no meu quarto. Por mais legal que ela fosse, era angustiante não poder fazer o que eu queria sem precisar ficar com medo de ela aparecer! Quer dizer, nós moramos numa mansão! Ela não podia ter escolhido qualquer outro quarto vazio, que aliás são muitos, mas naaaão ela preferiu escolher o meu, alegando que os outros estão empoeirados e que afetariam a alergia dela... Affs! Frescaaaa!
Além de tudo, o mais perturbador sobre ela é que fica escrevendo, escrevendo, escrevendo... Em seu caderninho, que carrega pra todo lugar, preso em seu pulso por uma fita. E eu admito, isso não só estava começando a me incomodar, como também estava me deixando curiosa!
- Mey! – Cléo disse e se sentou na beirada da cama. Isso mesmo, além de dividir meu quarto, também tinha que dividir minha cama!
- Hum... – Apenas soltei um resmungo. Já estava acordada a um tempo, mas não estava afim de levantar.
- Vou tomar banho e já volto!
- Okay. – Me virei para o lado tentando,inutilmente, voltar a dormir. Ela não precisava me avisar de coisas insignificantes como, por exemplo, que ia tomar banho!
Fiquei me mexendo na cama tentando arrumar uma boa posição para dormir, o que pelo visto não estava dando muito certo! Até que senti algo duro em minhas costas, era frio, quadrado e pequeno.
"O caderno dela!" pensei.
Passei quase meia hora ponderando se deveria ler ou não, seu precioso caderno. Quando finalmente tomei coragem suficiente, ela saiu do banheiro gritando:
- Meu caderno!... Onde...? Onde eu o coloquei!? – Larguei o caderno o mais rápido que pude, sem que ela visse, e fingi que estava dormindo.
- Achei! – Ela soltou um suspiro de alívio. – por um momento achei que o havia perdido! – sua voz ficou baixa quase um sussurro. – Se o lessem jamais iriam me perdoar!
Suas palavras me deixaram totalmente intrigada e curiosa, não que eu já não estivesse, mas fiquei ainda mais curiosa, se é que isso era possível!
No dia seguinte, depois do café, resolvi seguí-la, não era do meu fetiche ou hobbie seguir pessoas, mas Cléo realmente estava me deixando muito curiosa.
Assim que o café da manhã terminou, Cléo foi para a cidade. A cada esquina que ela virava eu me escondia nos lugares mais bizarros que havia. Até tirar foto com uma família desconhecida eu tirei!
Depois de um tempo, Cléo foi em direção a uma galeria de lojas. Antes de entrar, ela deu uma olhada ao redor e eu fui obrigada a entrar em um beco pequeno e fedorento, quase perdi meu nariz assim que tentei respirar, com certeza aquele lugar era o mais sujo de todo Japão.
Fiquei observando a entrada da galeria quieta, mas como eu sou muito sortuda... Apareceu-me quem?... SEBASTIAN é claro! E ainda por cima na hora que ela estava saindo.
-Me... – Antes que ele pudesse terminar eu o puxei para o beco e o joguei contra a parede, enquanto vigiava Cléo, que estava toda feliz com dois sacos de doces na mão!? Tá legal, essa eu não entendi.
- Está tentando me seduzir, é? – Disse Sebastian sussurrando em meus ouvidos. Droga! Esqueci que ele ainda estava ali!
- Cale a Boca! – Respondi sussurrando e me afastando, só que ele segurou meu braço e me puxou de volta, abraçando-me, juro que tive vontade de ficar ali para sempre, porém não podia. – Me solta! – Disse ainda sussurrando.
- Só se você me contar o porquê de estar vestida assim e o motivo de estarmos sussurrando!
Eu estava vestida de forma casual, com óculos de sol e havia jogado um pano sobre os meus cabelos, para não ficar tão óbvio.
Dei uma breve resposta
- Estou seguindo a Cléo! – Ele me olhou com ar de curioso.
- E, por quê? – Disse se aproximando.
Dei um resumo do que havia acontecido de manhã e sobre o que ela falou quando encontrou o caderno novamente.
- É faz sentido, isso está muito suspeito!
- Agora vamos antes que a percamos de vista! – O puxei pela mão e saímos do beco. Ela estava indo em direção ao parque e, só para variar, topamos com mais dois felizardos.
Haru e Kaoru estavam andando de mãos dadas quando nos viram, admito que formavam um belo casal. Os dois soltaram rapidamente as mãos, envergonhados. Eu achei muito fofo, mas fiz questão de ir até os dois e fazer com que dessem a mão novamente, todo mundo da casa já sabia, não precisava ter vergonha.
- O que você está fazendo aqui junto com Kaoru? – Perguntou Sebastian.
Acho incrível como ele pode ser superprotetor e tapado as vezes.
- Lhe faço a mesma pergunta! – Haru o respondeu com uma expressão de desafio. Nesse momento Cléo virou para trás... Só deu tempo de puxá-los para trás do poste... Como coube nós quatro lá e como Cléo não nos viu? Não me pergunte!
Antes que o par romântico fofucho perguntasse o porquê disso, logo respondi!
-Estamos seguindo a Cléo... E antes que me perguntem o porquê de eu estar fazendo isso, vou avisando... Tenho meus motivos e se quiserem saber, depois perguntem ao Sebastian, mas por hora, sem um pio! – Eu devia estar sinistra, afinal, ninguém se pronunciou. E lá fomos nós quatro seguindo ela enquanto tentávamos nos misturar na multidão, o que para nós era uma dificuldade.
A fadinha estava sentada em um dos bancos do parque, quando um garoto alto e moreno se aproximou... Jason!... Eles se beijaram levemente e depois saíram andando abraçados.
"NÃO PODE SEEERRRR!" "COMO EU NÃO PERCEBI ISSO!?" "DESDE QUANDO!?"
Ainda estava tentando processar aquela informação quando, repentinamente, Sebastian me pegou no colo igual a uma princesa.
- E a investigação acaba aqui! – Disse com um sorriso brincalhão nos lábios.
- Me põe no chão! – Mesmo me debatendo ele não me largou, pelo contrário chegou até mais perto.
- Vamos para casa, MINHA bruxinha! – Ruborizei e parei de me debater o deixando me carregar até em casa mesmo com todos da rua nos olhando. Para variar Haru e Kaoru também não ficavam para trás no caso de chamar atenção, pois nesse exato momento Sr.K estava carregando o Haru nas costa, que em respostas estava o provocando com vários beijinhos no pescoço deixando Kaoru cada vez mais vermelho, era fofo e ao mesmo tempo engraçado vê-lo com aquela cara.
E o dia acabou com eu descobrindo que Cléo e Jason estavam saindo e nenhuma pista sobre o caderno, mas o dia foi compensador nesse caso. Tive o quarto todinho pra mim por algumas horas e para melhorar, Sebastian estava me fazendo companhia, passamos a tarde assistindo comédia romântica, até os novos pombinhos voltarem para a casa. Lógico que rolou interrogatório no horário da janta, todos nós quatro estávamos curiosos sobre. Foi meio estranho ver Jason gaguejando e Cléo se escondendo no ombro dele com vergonha, mas estou feliz que os dois estejam juntos, fazem um bom par.
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Segredos obscuros!
FantastikDuas novatas em uma pacata cidade no Japão, Uma mansão antiga, Quatro garotos, E cinco segredos a serem desvendados... Há muitos anos acreditava-se que os contos de fada eram reais. Entretanto, com o tempo essas lendas foram deixadas pra trás, dan...