Capítulo 3

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HELOÍSA

Já no fim do dia, Adriana e eu estamos indo para casa, já que Renata sai mais cedo para buscar Gustavo na escola. Entramos em uma conversa animada de como as coisas estavam dando certo para nós.

‒ Nós somos doidas. Você sabe, né? – Me perguntou Adriana. Eu não respondi, fingindo estar ofendida. Rimos e continuamos a divagar. – Sabe... – Continuou. – Quando você chegou aqui, achei que iria acabar adoecendo, varando noites e dias pegando todo tipo de faxina para fazer. De dia em casas, empresas e escritórios, e a noite nas baladas da vida. Você só parava para ficar um tempo com o Gustavo. Fiquei muito preocupada com você, mas hoje, vendo o resultado de todo esse esforço, me sinto orgulhosa de você! E de todas nós!

– Adriana, você está muito sentimental! – Brinco, para quebrar o clima pesado. Não quero continuar aquela conversa, pois sei bem onde ela irá parar e não estou afim de revirar o meu baú de confusões, que guardo dentro de mim e mantenho bem fechado o máximo que posso. Só assim consigo um pouco de sanidade para seguir em frente. – Olha, falta só esse kit. – Falo para Adriana. Já estamos na rua de casa e para lá de cansadas!

– Heloísa, pelo amor do Senhor, eu vou subir, tomar um banho e morrer naquela cama!!! Leva para casa e vai descansar também! – Diz ela. Eu até cogito a possibilidade, mas não consigo. Pensar que alguém talvez não comerá aquela comida só por preguiça minha.

– Faz assim, você vai tomando seu banho e eu vou dar uma volta no quarteirão para o lado oposto que viemos, e logo volto para casa. É o tempo do seu banho!

– Ok, só não demora, tá?!

– Vai lá. Já já chego em casa! – Sigo meu rumo. Só mais uma volta, Heloísa. Eu repito mentalmente. Passo por um ponto do quarteirão da minha rua, que apesar de bem iluminado, não há muita movimentação. Vejo uma silhueta que parece a de uma pré-adolescente.

Penso logo em dar meia volta e ir embora. Mas como eu não farei nenhum mal a ela, vou na direção da garota e quando a saúdo com um "Boa noite! Precisa de ajuda?", vejo que não é uma adolescente, mas uma mulher muito bonita e com um olhar atordoado.

Pergunto seu nome, mas ela não responde a nenhuma interação minha. Estendo o pacote de comida que está em minhas mãos, e ela o agarra como se sua vida dependesse daquilo. Em seguida, uma senhora se aproxima e parece muito brava, achando que eu estou machucando a garota, e parte para cima de mim.

Eu a reconheço logo! Ela sempre vai buscar alguns alimentos no fim do dia, mas só sei que ela mora em um quarto alugado, em um bairro mais afastado. Depois da raiva passada, ela percebe que a tal moça não estava em perigo, e meio sem jeito, me pede desculpas.

Eu a desculpo e reafirmo que as duas podem passar no café no dia seguinte para pegar mais comida. Esperando que elas fiquem bem, sigo de volta para casa.

Chegando lá, fico com meu filhote curtindo cada segundo com ele. Assim que dorme, vou para o banho e tento dormir um pouco depois de orar. Durmo, e como sempre, lá está ele me esperando nos meus sonhos para me atormentar.

Já que não pode mais fazer em vida, com certeza, de lá do inferno, ele me atormentará o restante da vida! Acho que devo ter dormido só umas três horas, e sigo para minha rotina. Minha nova vida e eu estamos amando viver com todas as cores que temos direito!

***

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Brasil com gosto de Emirados - Volume 1 - DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora