Capítulo 4

111 19 0
                                    

HELOÍSA

Mais um dia no corre-corre daquela cozinha. Eu ficarei até bem mais tarde hoje, pois temos uma encomenda para uma festa. Será um dinheiro extra, e isso nos dará um alívio nas contas de casa.

As meninas ficarão com Gustavo para mim. Se eu me sinto culpada? Muito, mas meu foco é tentar melhorar a qualidade de vida do meu pequeno. Então, tenho que plantar com muito esforço e um pouco de lágrimas de saudade, pois sei que um dia colherei sorrindo.

Como já imaginava, varo a noite no Donabella, e às quatro horas da manhã, estou com a encomenda pronta, só faltam os salgados para finalizar no fim do dia. Às sete horas, a correria de sempre, e no fim do dia, finalizo a encomenda. Será para uma festa em um escritório, cujo dono é um príncipe de uma dessas cidades do oriente médio, se não me engano acho que é de Dubai.

O CEO dessa empresa, o tal príncipe, entrou aqui no café um dia e se apaixonou pela nossa comida. A Renata passou dias falando do tal príncipe. Eu não o vi, mas pelos comentários, dizem que é um belo exemplar masculino.

Eu nem me atrevo a pensar que uma pessoa dessas olharia para mim. Não consegui nem segurar o amor de um simples mortal, imagina uma "aparição do deserto", segundo Renata. Deixo o romance para ela, pois meus planos precisam de foco e eu não posso desviar do caminho, não agora, que tudo está caminhado como deve ser.

Chamo um Uber de um cliente que sempre vem aqui, e quando preciso fazer alguma entrega, recorro a ele. Deixo as meninas no café e vou fazer a entrega. Subo pelo elevador de serviço, junto ao motorista que está me ajudando a levar as caixas de salgados, enquanto estou com o bolo. Ainda preciso voltar para pegar os doces no carro e arrumar a mesa com todas as comidas.

Desço com o motorista e pego os doces. Acerto a corrida e agradeço. Volto ao prédio e entro no primeiro elevador que vejo, pois quero sair logo. Estou inquieta e não consigo identificar o que me incomoda.

Perdida em meus pensamentos, agradeço a Deus por haver lá no café, um pequeno banheiro no escritório, onde eu tomei banho e troquei de roupa antes de vir. Ainda bem! As pessoas daqui nem parecem que são gente de tão perfeitas. Fico me perguntando se ser bonito e parecer rico seria requisito para trabalhar aqui.

Sinto o ar do elevador ficar denso e saio dos meus pensamentos, entorpecida por um perfume que, sinceramente, não tenho nem palavras para descrever. Quando meus olhos encontram com os dele, verdes... lindos.... Acorda criança! Minha mente grita, e desvio o olhar o mais rápido que consigo. Ouço uma voz grossa, em um inglês diferente de tudo que já havia escutado, me dizer que eu estou no elevador errado e que eu deveria estar no elevador de serviço. É sério isso, Brasil?!

Mas como eu estou errada, resolvo engolir meu orgulho e me desculpar pelo inconveniente. Assim que tento alcançar o painel do elevador com todos os andares, todas as luzes se apagam. Enquanto eu me abaixo devagar até alcançar o chão, as luzes de emergência ligam. O tal homem fala ao telefone, mas agora, numa língua que eu não entendo.

Começo a procurar o ar, mas meus pulmões pediram férias e foram para as Maldivas pegar uma cor, enquanto eu fico roxa sem ar. É aí que as coisas dão uma pioradinha. Sou eu né? Sempre pode ficar pior! As caixas de doces ficam no chão do elevador, eu sentada do lado e ele de frente para mim. Perto, muito perto! Ele me pergunta se eu estou bem, mas sua voz vai ficando distante, e eu não consigo mais um fio de consciência. Ele toca o meu braço, e grito desesperadamente. E tudo escurece.

***

Esperamos que tenha gostado! Comente e clique na estrelinha!

Brasil com gosto de Emirados - Volume 1 - DegustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora