AU 5 I

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Contexto: Briga do século – Hadson x Todas as mulheres.

Gizelly's POV

Tudo que eu consigo me perguntar no momento pós-confronto é: Será que fiz a coisa certa? Em contar, em confrontar? Se bem que nem confrontei direito, eu me sentia a mais fraca dali, não consegui ter voz na hora, me deu uma agonia e ver Hadson dizer que nós mentíamos fez eu me sentir pequena como se um homem sempre fosse se sair maior que eu. Acho que grande parte desse sentimento vem dos meus próprios traumas de vida, mas eu simplesmente não consigo me desprender totalmente.

Vi Bianca tentar ouvir os lados dos meninos e Flay se juntar a ela, nesse momento o que aconteceu aqui dentro só me serviu pra reforçar sobre como é a sociedade. Se um homem fala "eu não falei aquilo", as pessoas imediatamente acreditam de maneira fiel em sua afirmação mesmo que falsa. Se uma mulher diz "foi exatamente assim que aconteceu", ela é questionada de todas as diversas formas "mas você tem certeza?", "talvez ele tenha falado em um tom diferente", "será que você não interpretou de um jeito errado?".

Por isso decidi me manter sozinha, presa em minha solidão mesmo que os meus pensamentos me fizessem refém.

Eu sentia Marcela distante de mim, como se ela tivesse coisas melhores a fazer do que ficar ao lado de sua amiga louca tentando consolá-la ou distraí-la, e realmente ela deve ter.

O dia inteiro passou lentamente e as poucas vezes que sai da cama foram para: ir ao banheiro, comer algo rápido e olhar onde Marcela estava.

Desse último, Marcela me puxou pro seu colo por alguns instantes.

- Como você ta? – ela sussurrou baixo o suficiente para que apenas eu pudesse ouvir já que não estávamos sozinhas no jardim.

- To levando... – tentei ao menos sorrir pra ela.

- Sempre que você precisar, sabe que pode conversar comigo e pedir um dengo, certo? – ela reforçava os carinhos em meus cabelos e arriscava respaldar seu polegar na linha do meu maxilar enquanto prendia o olhar no meu sem titubear.

- Você é maravilhosa – sorri dessa vez de verdade.

- Você também é maravilhosa – ela retribuiu o sorriso.

- Não, Ma. Você só tem que agradecer e dizer que recebe – falei ficando séria.

- Ta bom – deu uma risada leve e gostosa – Obrigada, eu recebo.

Eu ergui meu corpo para poder abraça-la e me senti confortada em seus braços esquecendo de tudo ao meu redor.

Mais tarde naquela noite, ou melhor, madrugada, eu já conseguia sorrir, a troca de palavras simples de Marcela me deram um pouco de ânimo, era o primeiro pequeno passo para eu voltar a me normalizar.

Eu estava deitada em minha cama de costume e algumas das meninas faziam brincadeiras ao redor quando Marcela veio se juntar a mim.

- Gente do céu, vim pra esse programa pensando que não ia ficar debaixo do edredom, to passando todas as noites debaixo do edredom – ela ria enquanto deitava e se cobria.

- Vem, minha namolada – decidi brincar também, ela sorriu e repousou suas mãos em minhas pernas soltando um beijo no ar.

O fim do dia foi melhor do que eu consegui prever, restava saber se continuaria assim quando acordássemos.

Gicela ShotsOnde histórias criam vida. Descubra agora