24_ Capitu traiu Bentinho?

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Permaneci o encarando esperando que ele fizesse logo a tal pergunta. Eu estava suando frio com essa aproximação dele.

- Er... é que.... ah... deixa pra lá. - Ele passa a mão na cabeça e passa por mim indo para a sala.

- Vai me deixar na curiosidade mesmo? - Sussurro para não acordar o pessoal.

- Não é nada muito importante. - Ele vai até o colchão e se deita ao lado do Nicolas.

- Ei... esse é o meu lugar. - Ele me ignora e finge dormir. Era óbvio que ele fez aquilo para eu não deitar ao lado do Nicolas, só não sabia o porquê.

Me deitei e me enrolei no edredom, o mesmo edredom que ele estava coberto. Me virei para a ponta e fechei meus olhos.

Uns segundos depois abri meus olhos assim que senti uns pés se entrelaçando com os meus. Eram os pés do Matheus.

Eu não me mexi e nem me afastei, apenas fechei meus olhos e dormi com um sorrisinho bobo no rosto.

[...]

Meu celular despertou ao lado do meu travesseiro e eu o desliguei rapidamente. Eram 6h30 da manhã.

Me levantei devagar e vi que geral ainda estava dormindo.

Peguei o meu celular e comecei a andar na ponta dos pés para não fazer barulho, era muito cedo para acorda-los.

- AAAAAHHHH!!! - Jenifer grita se levantando e acaba acordando todos no susto.

- QUE ISSO?? - Max levanta desesperado já fechando os punhos preparado para bater em alguém.

- Que merda é essa?? - Mirela reclama coçando seu olho.

- Ai tinha um espírito querendo me pegar! - Jenifer fala e passa as mãos no rosto. - Acho que tive um pesadelo.

- Não era a Mirela não? - Matheus pergunta rindo.

- Eu não vou nem falar nada. Já é o segundo dia que essa palhaça me acorda a gritos. - Mirela se levanta.

- Eu não faço por mal. - Ela tenta se justificar.

- Por bem que não é. - Hanna fala.

Eu fiz tanto reforço para não acordar o pessoal atoa, agora geral já tava de pé pegando os colchões.

Ajudei as meninas a levarem os travesseiros e cobertas la pra cima e depois fui tomar um banho para me arrumar.

Tomei um banho e no meio dele comecei a me lembrar do Matheus, novidade né?

Sei la... dormir ao lado dele, mesmo que ele não tenha me tocado ( tirando os pés ), foi uma sensação boa. O cheiro dele era forte e eu conseguia sentir um bem estar tão bom.

Ai... já to até vendo onde isso vai dar. Eu vou me apaixonar por ele e vou quebrar minha cara, como sempre acontece.

Tentei esquecer aquilo e terminei meu banho.

Naquela manhã acabei colocando uma calça branca jeans justinha, uma blusa preta cumpridinha e um all star branco no pé.

Depois de me arrumar fui até minha cama e me joguei nela. Tanta coisa estava acontecendo comigo que eu não podia acreditar. Para uma garota que tinha como rotina no ano passado a tediosa escola de manhã e o resto do dia com a cara nos livros, estar numa República com pessoas incríveis e vivendo tudo que estou vivendo... isso é uma mudança bem radical.

Sorri com meus pensamentos e virei meu rosto de lado. Eu ia dizer algo para Hanna que estava na cama dela mas acabei perdendo toda a concentração quando senti o cheiro do Matheus no meu travesseiro.

Fechei meus olhos instantamente e sorri ao sentir novamente.

- Alguém ta de bom humor. - Hanna fala me fazendo abrir os olhos e vê-la olhando para mim.

- Talvez. - Sorrio pra ela e olho no meu celular vendo a hora.

Me levantei, peguei minha mochila e desci indo direto para a cozinha e vendo Nicolas sentado ao mesa.

- Bom dia! - Sorrio para ele que levanta o olhar até mim.

- Bom dia Isa. - Ele sorri.

- Ta tudo bem? Você parecia meio pra baixo ontem... tava quietinho. - Me sento a mesa em sua frente.

- Ah... Não era nada. - Ele sorri. - Só estava meio apreensivo por causa da prova de hoje.

- Prova?

- É... Dom Casmurro. - Ele me mostra o livro que eu nem tinha percebido que ele estava lendo.

- Hnmmm... - Sorrio. - Capitu traiu ou não traiu Bentinho?

- Olha eu não faço ideia. - Ele ri. - Mas prefiro acreditar que não. Nenhuma pessoa merece ser traído pela pessoa amada. - Ele me olha nos olhos e eu sorrio sem jeito.

Tomei o meu café da manhã e depois sai da República já ligando para o mesmo taxista. Depois de uns minutos esperando no portão ele chegou.

[...]

Assisti todas as aulas e dessa vez eu estava mais tranquila do que na última aula. Eu não tinha conseguido fazer amigos, mas hoje um grupo com algumas meninas e alguns meninos se aproximaram de mim na aula. Acho que finalmente fiz amizades!

Sai da sala da minha última aula e me surpreendi ao ver Matheus parado no corredor em frente a minha sala.

- Oi Matheus. - Me aproximei dele e notei que ele não estava com a cara nada boa. Estava com raiva e transparecia isso no olhar facilmente. - O que houve? - Ele não me respondeu, apenas me puxou e me abraçou. Me abraçou forte e deu para notar que ele precisava daquele abraço. Devolvi o abraço sem entender muito e depois ele me soltou aos poucos.

- Desculpa... eu só... só precisava. - Ele fala e eu o encaro preocupada.

- O que aconteceu?

- Eu to preocupado com a minha mãe. Hoje cedo eu recebi um áudio do celular dela... era o meu irmão. - Ele pega o celular e coloca o áudio para eu ouvir.

Áudio:

" Mk? Mk ajuda a mamãe! Esse moço é mal! Ele faz a mamãe chorar Mk! Volta pra casa... mk me ajuda "

Era a voz de uma criança e ele estava chorando. Dava para perceber porque entre uma palavra e outra ele soluçava.

- É o meu irmão. Eu to muito preocupado com a minha mãe e preciso ir lá ver se estão bem! - Ele fala e eu percebo tristeza em seu tom de voz.

- E o que eu posso fazer para te ajudar?

- Eu... eu queria que fosse comigo.

- Eu??

- É. Se eu for lá sozinho eu posso acabar matando aquele desgraçado! - Ele fecha os punhos e eu seguro sua mão até que ele relaxe. - Mas se você for comigo eu não vou fazer nada. Com você eu consigo me controlar. 

- Tudo bem... pode contar comigo. - Aperto sua mão e ele me olha nos olhos.

- Que droga, por que você consegue me acalmar tanto desse jeito? - Acabo soltando sorriso. - Vamos.

Fomos andando pelo corredor da faculdade até sairmos no campus.

- Aonde sua mãe mora?

- Niterói.

●●●

Continua...

Eu Não Te AmoOnde histórias criam vida. Descubra agora