16_ Cristo redentor

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- Desculpa, não queria te deixar sem graça. - Ele sorri e olha para a pista.

Preferi não responder e nem olha-lo. Não sou acostumada com elogios, então acabo corando além da conta. Me virei para a janela e fiquei apenas olhando a vista. Era o melhor a se fazer naquele momento.

Depois de uns minutos dentro do carro, Nicolas estacionou e nós descemos. Assim que sai senti um vento quente no meu rosto. Estava muuuito calor! Típico de Rio de Janeiro.

Ele me guiou por um caminho onde tinham diversas pessoas, até que chegamos lá em cima.

Eu demorei um tempo para processar a ideia de que eu estava mesmo diante do Cristo redentor. No ensino médio eu me matava de estudar e meu incentivo era que um dia eu estaria aqui, no Cristo, no Rio olhando a vista e agradecendo por não ter desistido. Estar ali para mim não era só mais um ponto turístico que eu estava conhecendo, era meio que uma recompensa por tanto esforço.

Eu estava encatada olhando tudo e Nicolas apenas sorria olhando para mim.

- Quer tirar alguma foto? - Ele pergunta e eu assinto entregando meu celular para ele.

Ele tirou algumas minhas e depois me devolveu.

- Vou mandar para minha mãe. - Sorrio mexendo no celular. - Queria que ela e a minha irmã pudessem estar aqui comigo. - Sinto uma pontada de saudades do peito. Nicolás segurou minha mão e me sorriu carinhoso. - Você já deve estar até enjoado daqui né? Com certeza vem muito.

- Na verdade não. Essa é apenas a segunda vez que venho aqui. - Ele fala enquanto caminhávamos olhando a vista lá de cima.

- Sério? Eu pensei que os cariocas viessem aqui sempre.

- Ah... se surpreenderia com o número de cariocas que nunca vieram aqui. Tem pessoas que vivem a vida inteira aqui no Rio mas que nunca nem puseram os pés aqui. - Ele fala escorado olhando la pra baixo.

- Nossa... e aqui é tão lindo. - Fecho meus olhos e apenas sorrio sentindo o vento.

- Isa? - Olho pra ele. - Posso fazer uma pergunta?

- Claro.

- Não querendo ser indiscreto, é só uma curiosidade mesmo. - Ele fala ainda com os olhos focados na vista. - Existe algo entre você e o Matheus?

- Han? - O encaro confusa. - Não! - Nego instintivamente.

- Ah... é que sei la... as vezes parece que rola algo. - Ele ri sem jeito.

- Não rola e nem vai rolar nada entre eu e Matheus. E se rolar vao ser pontapés, porque ele tem o dom de me irritar. - Falo e ele ri mais.

Nicolas permaneceu olhando para a vista sorrindo e depois finalmente olhou pra mim.

- Ta com fome? - Ele pergunta enquanto o vento jogava seus cabelos para trás e alguns fios em sua testa.

- Na verdade sim... comi apenas uma pêra de manhã. - Ele assente e me leva até uma lanchonte lá embaixo. Fiquei meio sentida de ter que deixar aquela vista linda, mas eu estava faminta.

Entramos na lanchonete e aguardamos um pouco até nossos lanches ficarem prontos enquanto Nicolas contava sobre como era dividir o quarto com aqueles dois seres humanos.

- Ai o Max não instalou a barra dele direito e quando foi se pendurar ontem a noite caiu sentado no chão. - Nicolas gargalhava e eu ria do modo que ele falava. - Ele não se machucou, mas foi Ilário.

- Olha só quem encontramos. - Ouço uma voz e nós dois olhamos para cima encontrando Matheus e uma garota que estava vestida de líder de torcida. Tenho quase certeza de que a vi no jogo.

- Oi Matheus. - Nicolas sorri. - Parabéns pela Vitória.

- Os boatos correm rápido. - Matheus sorri pra mim. A menina ao lado dele coça a garganta e ele a olha. - Ah... essa é a .... - Ele faz careta.

- Paula. - A menina sorri e depois olha nervosa pra ele.

- Isso! Paula. - Ele sorri. - Er... nós vamos sentar ali porque não queremos atrapalhar o encontro do casal. - Ele fala e puxa a garota para uma mesa afastada mas que dava para nos ver nitidamente. E era meio ruim porque era atrás do Nicolas, então quando eu olhava para ele, via nitidamente o Matheus.

         • Matheus •

Eu não sabia porque eu estava fazendo aquilo. Eu sabia que a Isa estava naquela lanchonete com o Nicolas e foi por isso que levei a Paula lá. Eu queria ver o que estavam fazendo, se estavam se divertindo, só que eu estava me sentindo ridículo.

Me sentei em uma mesa que dava para vê-la e fiquei a encarando. Ela uma hora ou outra olhava para mim e depois tentava disfarçar.

Por que diabos eu estou aqui olhando para a isa enquanto tem uma gata comigo???

Acho que a bolada que levei na cabeça deve ter mexido comigo.

Decidi me levantar de lá e levar a Paula para o primeiro banheiro que eu encontrasse. Isso me faria esquecer a Isa e me faria voltar ao normal.

Já ia me levantar quando fui impedido pela garçonete que chegou perguntando o que iríamos querer.

A mina olhou pra mim como se estivesse esperando eu falar, mas eu apenas me afundei na cadeira.

Paula pediu algo a ela que eu não ouvi, estava ocupado demais tentando ouvir o que o Nicolas e a Isa conversavam.

- MK? - Paula me chama e eu olho pra ela. - Posso pedir a mesma coisa pra você? - Apenas assenti e a garçonete saiu. - Olha... se me trouxe aqui para tentar fazer ciúmes naquela menina, ao menos tenta disfarçar! - Ela dá um tapa no meu braço.

- Do que ta falando?

- Não pense que eu não percebi você encarando aquela garota desde que chegamos. Se quer fazer ciúmes, finja estar se divertindo comigo! E não fique a encarando com essa cara de peixe morto.

- Eu não to tentando fazer ciúmes em ninguém. - Me sento direito na cadeira e olho pra ela. - E por que eu iria querer fazer ciúmes da Isa se tenho uma gata aqui? - Ela abre um sorriso de orelha a orelha e se inclina me dando um beijo.

Beijo que foi completamente estranho já que não senti nada.

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Continua...

Eu Não Te AmoOnde histórias criam vida. Descubra agora