Parte 11

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Kara chamou um taxi e seguiu para o centro de Versalhes. Na avenida principal, se sentiu totalmente perdida. Não perdida no sentido geográfico, e sim mental.

A opção mais óbvia era um livro. Mas havia razões para ela não escolhê-la:
Era óbvia demais. Presentes têm de surpreender, ou estaria Kara querendo surpreendê-la? Cale a boca, subconsciente, Lena já deve ter lido todos os livros do universo, Kara não queria lhe dar um presente repetido, ela não fazia a menor ideia de que tipo de livro ela lia – Julia e Sabrina? Não, não faz o tipo dela, guerra, policial, arquitetura, física? Química?

A cabeça de Kara era o caos Total.
Ela se pôs a andar a esmo pela avenida, ignorando aqui e ali olhares insinuantes. Passou por várias lojas, as despachando uma por uma.

Roupas? Que presente mais sem graça. Uma jóia? Lena não parecia o tipo. Sapatos? Nunca prestara atenção nos sapatos dela...

Kara chegou até a praça. Havia andado a esmo pela avenida sem escolher nada. Aborrecida, se sentou em um banco, tentando pensar.

O que eu quero?, pensou Kara, tentando clarear a mente. Surpreendê-la, respondeu. Por que... bem, não sei!, exclamou para si mesma, fazendo um gesto exasperado com a mão.

Ok, se acalma. para surpreendê-la, tem que se fazer algo que ela não espera. Gênia... Enfim... Deixa eu ver... o que Lena nunca esperaria... uma coruja empalhada?

Kara se permitiu um minuto tentando imaginá-la ao receber o lindo presente, depois sacudiu a cabeça, voltando à realidade.

Melhor não. Humm... Jóias... não consigo vê-la ficando exatamente surpresa com isso. Feliz, talvez, mas nenhuma emoção a mais. Droga.
Foi quando passou uma garotinha de mãos dadas com os pais. *Epifania*
Não, não a garotinha.

O que ela abraçava.

X—-X

Perfeito, Kara!, exclamou ela para si mesma, se congratulando por ser tão... perfeita. Ela estava no banco de trás do táxi, os presentes (Iup, mais de um. Garota de sorte.) arrumadinhos ao seu lado.

Kara passara os últimos trinta minutos rodando a avenida e outras ruas paralelas, em busca de três coisas, três coisas que Lena nunca esperaria.

Ha, eu sou demais.

x—-x

Pagando alguns euros pela corrida e alguns trocados a mais (o dinheiro não era dela mesmo), Kara saiu do taxi em direção a casa.

Entrou, não se surpreendendo ao encontrá-la vazia no primeiro andar, pois podia ouvir o barulho do chuveiro lá em cima.

Se sentou no sofá, colocando os presentes sobre a mesinha e os admirando.

Talvez, pensou Kara, eu deva trocar de roupa.

Ela subiu rapidamente as escadas, parando em frente ao armário com suas roupas, "vamos ver o que trouxeram pra mim" disse ela enquanto remexia as roupas procurando algo para vestir.

- Ah há! – Kara gritou quando encontrou um vestido justo e vermelho, colocou-o o mais rápido que conseguiu, calçando um peep toe da mesma cor em seguida.

O cheiro da cozinha estava bom, admitiu Kara descendo as escadas, indefinível, mas bom. Logo, esse cheiro culinário se mesclou com outro – um perfume suave e acalentador. Ela soube que Lena estava descendo as escadas, e se levantou para esperá-la.

–Já voltou? – perguntou Lena, surpresa.

Uau. Se Kara tivesse um pouquinho menos de presença de espírito, teria se boquiaberto. Lena vestia um vestido azul, o tecido cintilava, e era um pouco justo até o quadril, ela havia feito a maquiagem também, os lábios pintados de vermelho destacavam seus intensos olhos verdes.

–Não – disse Kara, tentando recobrar o controle. – Estou lá ainda.

Lena rolou os olhos.

–O jantar já está pronto.

–Não quer os presentes primeiro?

–Humm... O que você trouxe?

–Tem que abrir. Agora ou depois?

–Agora – respondeu Lena, sem se conter.

–Um número de um a três.

–Como?

–Me diga um número de um a três.

–Dois, eu acho.

- Vejamos... – Kara fez um gesto teatral, apanhando um buquê de flores.

–Obrigada – respondeu Lena, ainda olhando as rosas vermelhas.

–Um ou três?

–Como?

–Qual vai ser o próximo?

–Tem mais?

–Não, eu fiquei quase uma hora na rua para comprar um buquê de flores.

–Idiota. Um.

– Hum... – murmurou Kara, lhe estendendo uma caixa mais fina que comprida.

Lena pôs as flores sobre a poltrona e abriu a caixa – bombons em formato de coração.

–Own! – fez ela, incapaz de se conter.

–Assim você parece uma adolescente – ponderou Kara.

–Ai, fica quieta, vai.

Kara riu.

–E, agora, por último e melhor... O presente número três!

E lhe entregou uma caixa perfeitamente quadrada, com um antiquado laço vermelho em cima.

Lena desfez o laço habilmente, tirou a tampa e uma expressão de surpresa, carinho, emoção e felicidade tomou seu rosto, fazendo-a sorrir.

Ela tirou o ursinho de pelúcia da caixa.

Era branco, não tinha mais que vinte e cinco centímetros de altura, sorria fofamente para ela e parecia bem macio. Usava um cachecol vermelho.

–Que fofo!

–Repito o que eu disse sobre a adolescente.

–Cale a boca. Ele é tão meigo!

–Dá vontade de abraçar – confessou Kara.

–Obrigada – agradeceu Lena. Kara lhe fez uma reverência.

Missão cumprida. Kara, você é a foda!

Lena pegou as flores e fez um bonito arranjo em um vaso sobre a mesa.

Epa.

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