Capítulo 2

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Paloma

Estava sentada de uma forma onde a câmera do celular pegava somente meu corpo. Ativei o timer do aparelho e fiz a posição que estava treinando há alguns minutos. Sem roupa alguma, abri minhas pernas, coloquei uma mão em minha intimidade, como se tivesse me masturbando, e outra em meu seio. Esperei o clique do aparelho e saí da posição, indo verificar a imagem. Eu tinha que fazer mais cinco posições, uma de quatro, com minha bunda empinada para o aparelho, uma na qual eu chupava meu próprio mamilo e outras que achasse legais.

Foi em um site para vender os famosos nudes que achei a forma de pagar minhas contas e minha faculdade – não podia negar que meu corpo era lindo, afinal, eu não era modesta quando se tratava de me elogiar –, além de ter alguma grana para sobreviver todo mês. Minha mãe tinha entrado em um estado de negação, continuava gastando o que não podia e eu não achei outra forma de conseguir algum dinheiro.

Tentei de tudo que o horário da faculdade permitia: como faxineira quebrei um vaso caríssimo de uma mulher muito da insuportável e ela nem ao menos pagou a faxina que fiz. Como promoter foi o mais promissor, mas quando me vi indo parar em lugares que colocaram minha segurança em risco eu decidi sair depois de um mês tentando ganhar uma grana miserável.

Por isso, precisei agir rápido, já que largar a faculdade não era uma opção. Minha poupança diminuía todo mês, e eu já estava quase no vermelho. Então, descobri que algumas mulheres faziam esse pequeno trabalho de vender fotos do corpo, assim, fiz o meu cadastro e já estava há três meses nessa empreitada. No entanto o valor que conseguia não estava ajudando em nada. Pagava algumas coisas e outras não, minha mensalidade da faculdade já estava atrasada. E foi por isso que estava tentada a entrar em outro site, que eu sabia que existia, pois já havia visto propaganda dele no mesmo que eu vendia minhas fotos. Só que ainda não tinha tomado a coragem que precisava.

Terminei de tirar minhas fotos, verifiquei se todas estavam aceitáveis e, o mais importante, sem aparecer meu rosto. Afinal, não estava fazendo mal a ninguém, muito menos cometendo um crime. Só que conhecia a mente pequena da população, e eu seria considerada como uma qualquer e iriam começar a me julgar. Como futura médica, eu tinha uma imagem a zelar.

Assim que vesti um vestido levinho para ficar em casa, upei as imagens no site, tomando todo o cuidado de solicitar meu pagamento. Após fechar o navegador, saí do meu quarto e fui procurar a minha mãe.

— Vai sair de novo, mamãe? — questionei assim que vi que ela já se encaminhava para a porta.

— Você não manda em minha vida, Paloma. — Sorriu e continuou. — Após o seu pai perder todo o nosso dinheiro, eu tenho mais é que aproveitar enquanto tenho o meu, já que você faz questão de não largar aquela faculdade. Vai acabar com o seu logo, e eu não irei dar do meu.

Ela já não era uma ótima mãe, mas depois da morte do meu pai e de a pobreza aproximar ainda mais, Vilma estava se tornando pior.

— Mamãe, por favor.

Tentei falar alguma coisa, porém ela nem ligou, saiu deixando-me sozinha em casa, já que nem funcionários tínhamos mais. Eu já havia falado para ela que devíamos nos mudar para um lugar menor, só que mamãe não me ouvia. Ela falava que não podíamos passar por mais essa humilhação.

Minha mãe entrou em um estado totalmente errado. E eu sei que deveria deixá-la para trás, para tentar viver de uma forma melhor, no entanto ela era a única família que eu conhecia, já que quando se casou com meu pai o meu avô materno cortou relações pessoais com ela. E meu pai foi filho único de uma família humilde que morreu anos atrás, quando meu pai ainda batalhava para tornar a empresa – que era metade dele – um império. Uma pena que ele tivesse perdido tudo o que conquistou.

Degustação - Um Pecado Para o CEOOnde histórias criam vida. Descubra agora