Capítulo 6

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Paloma

Não aguentava mais ficar naquele lugar, estava sentindo que a qualquer momento alguém poderia reconhecer a filha de Edson Machado, o homem que afundou a A&M. Mesmo que eu tivesse usado o nome da minha mãe que era quase irreconhecível nesse mundo de negócios, o tal Edgar ainda teve alguma lembrança sobre ele.

Quando chegamos ao restaurante nunca imaginei que pudesse ter alguns rostos conhecidos, por isso, me desesperei e fui ao banheiro tentar tomar ar puro.

Eu conhecia muitos dos investidores que estavam presentes ali, alguns até já frequentaram minha casa quando meu pai ainda era vivo. Mas eu sempre fui uma garota reclusa, ficava no meu quarto, estudando. Era isso que eu era obrigada a fazer, estudar e mais nada.

O que sempre me manteve afastada dos holofotes que era a vida do meu pai e minha mãe, antes de tudo ruir.

— Acho que já podemos ir — André comentou, após cumprimentar uma mulher bonita que passou perto de nós.

— Como quiser — respondi tentando soar indiferente, mas meu interior gritava que sim.

Assim que respondi ele olhou para mim, e do nada disse:

— Obrigado!

— Pelo quê? — questionei sem entender nada.

— Por ter salvo minha pele, com o chinês. — Sorriu ao comentar.

E aí tudo fez sentindo, já que eu havia percebido que André ficou em choque quando viu que eu sabia falar mandarim, um ponto a mais para mim e zero para ele, não que alguém tivesse contado.

— Fiz só o que era certo para o momento.

— Foi uma surpresa e tanto — respondeu ainda olhando para mim de uma forma que estava quase me fazendo corar.

— Então, vamos embora.

Quando André disse isso, encaminhou para perto dos anfitriões da festa e se despediu. Eu fiz o mesmo, tentando não chamar muita atenção para que ninguém viesse com alguma pergunta de qual família eu era.

Assim que saímos do restaurante para esperar o carro de André, peguei meu celular dentro da bolsa para verificar o horário e ainda não era nem nove da noite. O que me surpreendeu, pois parecia que eu havia passado séculos dentro daquele lugar que estava me sufocando.

Entramos dentro do carro de André, após ele abrir a porta para mim e ser todo cortês. Ele sentou em seu banco deu partida no carro e começou a trafegar pela Avenida Paulista. Após passar alguns longos minutos, estava ficando meio desconfortável o silêncio aterrador, por isso, resolvi falar alguma coisa, já que fui paga para tornar a noite dele agradável ou ao menos foi uma das coisas que prometi a quem me contratasse.

— Quer conversar sobre alguma coisa? — perguntei.

— Não! — Ligando o som do carro, conectou em um aplicativo de música e Chasing Cars começou a tocar, amava Snow Patrol então comecei a cantarolar baixinho, já que era a única coisa que eu podia fazer.

Logo vi André estacionando em frente a um novo bar que havia sido aberto na Avenida Paulista, era focado no jazz – que eu amava–, mas não tive a oportunidade de vir, já que a faculdade tomava quase todo meu tempo, e minhas economias não davam conta de bancar tal feito. Estranhei, pois ele disse que íamos embora, por que então paramos em outro lugar? E ele parecendo adivinhar meu questionamento silencioso, respondeu:

— Vamos entrar para bebermos algo, pois fiquei bastante chateado de não ter conseguido resolver o problema da minha empresa hoje. —Mas antes de sairmos ele estendeu a mão em minha direção. — Devolva-me o anel, já podemos parar com a encenação.

Degustação - Um Pecado Para o CEOOnde histórias criam vida. Descubra agora