Epílogo - Despedida

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Henrique

Eu não consegui acreditar no que tinha acabado de acontecer.

Foi tudo tão rápido que só pode esperar e reconfortar. Antônio estava sedado na cama com as mãos no rosto fazia 30 minutos e eu não conseguia largar o corpo de Laura.

As últimas palavras dela para mim ainda rondava minha cabeça e eu sempre me pegava voltando ao passado e pensando em como fui idiota de não ter percebido que ela era a mulher da minha vida.

Lembro de quando nos conhecemos.

Antônio nos apresentou, ela tinha 12 anos e era uma garota incrível, o sorriso dela fazia qualquer dia nublado parecer um belo dia de verão. Perdi meu "BV" com ela e Antônio também. Eles já se conheciam à um ano, mas eram só amigos e eu fui o intruso. Sempre guardei meus sentimentos por ela por que Antônio me contou que só ficou amigo de Laura porque a achava linda e eu não quis interferir.

Viramos grandes amigos e Laura nunca demonstrou gostar de Antônio e sempre mudava de assunto quando ela a chamava pra sair.

Laura teve outros namorados e tals e acho que Antônio percebeu meu ciúme.

Fizemos um pacto para quem a Laura escolhe-se o outro não podia fazer nada alem de desejar felicidade. E assim foi até descobrirmos que dentro de alguns meses não a teríamos mais.

Quando ela nos pediu para ajudar no seu plano louco não tínhamos opção a não ser ajudar e sempre estar ao seu lado. Queriamos que antes de morrer ela se descidi-se por quem amava, pôs ela sempre dizia que um dia saberia, mas que não era pra pressiona-lá. E assim fizemos. E quando ela finalmente se declara... 

Olhando pra trás vejo que ela sempre preferia estar ao meu lado e me olhava quando o Antônio a cantava, mas nunca prestei atenção nas entre linhas.

Olhei Antônio e vi que tinha que fazer alguma coisa.

- Eu não quero mais brigar. Não tem mais motivo... E ela não gostaria.

Ele levantou a cabeça lentamente e vi seu olhos inchados e mareados.

- Por que você?

- Não sei... Eu a amava... E você também... Tínhamos as mesmas chances.

- Eu a matei... Eu acabei com a vida dela.

- Não cara... Claro que não... Foi um acidente horrível e já sabiamos que mesmo se não fosse isso ela iria... - Eu não consigo acreditar ainda. Não podia.

- O que vamos fazer?

- Temos que ler as instruções. Que laura deixou.

- Sim. Eu arrumo as malas e você le a sua. Depois leio a minha. Coloca ela na cama. - Sem nem mesmo olha-la começou a arrumar as coisas.

Coloquei Laura na cama como se estivesse dormindo e abri minha carta. As instruções eram bem claras, entregar seu corpo para as autoridades e fazer com que a levem ao Brasil e recolocar seu corpo no seu túmulo original. Como ela escreveu antes de se casar comigo só havia palavras de conforto pra um amigo querido. Não li tudo. Não queria.

Chamei a policia e expliquei que ela teve uma forte dor de cabeça e desmaiou e quando verifiquei seu pulso vi que estava morta. Fizeram várias perguntas sobre os detalhes dos seus últimos minutos de vida. Tive problemas em lembrar seu nome falso, mas deu tudo certo.

Passei o vôo de volta confortando Antônio e fazendo para de acreditar que foi culpa dele e quando pousamos fomos tratar do segundo enterro de Laura.

Quando finalmente conseguimos que o corpo fosse enterrado no mesmo cemitério esperamos o melhor momento pra tocar Laura de túmulo. Foi mais difícil dessa vez. Dobraram a quantidade de seguranças e nos encontraram quando acabamos de fechar o buraco do tumulo original já com laura dentro. Escondemos as pás atrás da lápide e fingimos estar chorando a morte dela. Mas fomos expulsos.

Por fim Antônio e eu fomos pra minha casa quando amanheceu e depois de um bom banho finalmente colocamos as cartas na mesa.

- O que vamos fazer? - Perguntei.

- Eu não tenho cabeça pra começar uma faculdade ano que vem e nem pra mais nada. - Antônio estava muito abatido e com cara de quem não dormia a anos.

- Eu também não, mas ela pediu que não paracemos de viver.

- Mas ela não está aqui pra brigar comigo. Ela não está aqui pra mais nada - E caiu no choro.

Eu passei a mão em suas costa e disse que iria buscar uma água, aproveitei e peguei um calmante em gostas da minha mãe. Enchi dois copos e pinguei algumas gostas no copo de Antônio.

Voltei ao andar de cima e o encontrei do mesmo modo. Entreguei seu copo e ele bebeu num gole só. Aos poucos ele se acalmou e uma hora depois estava babando no meu travesseiro.

Fiquei um bom tempo olhando-o e decidi reler a carta de Laura. Desdobrei todas e a analisei. As últimas palavras me surpreenderam e eu não esperava telas ali.

"Sei que você gosta de mim e que pode ter preferido nunca demonstrar, mas se tivesse me chamado para sair teria aceitado na hora e talvez pudéssemos ter um lindo namoro e casado. Apesar de tudo. Antônio pode dizer que me ama, mas sei que é só uma paixão mal avaliada e talvez despeito por eu nunca ter demonstrado nada por ele alem de amizade. Mas meu coração me diz que você era o cara certo. Quero que viva, não fique pensando que poderia estar comigo. Quero que continue amigo de Antônio e conheça uma garota maravilhosa que não tenha uma doença terminal. Seja feliz mais do que pudesse ter sido comigo. Com muito amor, Laura."

Ela sabia de tudo. Apesar de saber que esquece-la será difícil, eu farei o que ela quer, minha filha chamará Laura e vou ser feliz por ela. Olhei Antônio de novo e pinguei algumas gotas na minha água. Tomei tudo de uma vez e me aconcheguei na cama de baixo do beliche e com o último pensamento em Laura dormi.

Fim, ou um novo começo.

7 Palmos para Liberdade (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora