IV - Nepal

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Quando chegamos à São Paulo fomos direto para o aeroporto fazer checking, tínhamos 2 horas de folga e os arrastei pra fazer compras lá no aeroporto mesmo.

- Onde vamos agora? - Perguntou Henrique enquanto experimentava um casaco pra neve.

- Nepal. Eu tenho uma lista de coisas à fazer antes de morrer e o Nepal vai me ajudar.

- Mas eu não falo nepalês. - Brincou Antônio.

- Não precisa, pode ser um pais pobre mas, acho que nos entendemos com inglês. - Expliquei.

- Então ta. Vamos com os casacos no corpo? - Henrique quis saber.

- Podemos usar como cobertor e/ou travesseiro. Vamos de classe econômica, vai ser útil.

Pagamos tudo e fomos comer algo, já passava das 08h e eu não comi nada desde que fui enterrada.

Começaram os chamados para o vôo e fomos para a fila, não queria ficar enrolando no terminal. Foi tudo bem rápido e sem complicações, logos estávamos sentados em nossos lugares.

- Onde vamos ficar hospedados? - Perguntou Antônio.

- Vi um hostel em Kathmandu, a capital de Nepal. É barato e muito discreto e muito lindo. Já paguei o mês que vamos ficar, e vamos ficar no melhor quarto, consegui um com três camas separadas. Vocês não ligam né?

- Não. - Disseram junto.

- "Senhores passageiros, já vamos decolar..." - O piloto começou a anunciar.

- Que bom que concordam.

Me ajeitei na cadeira e apertei o cinto como mandaram e me preparei pra 19h de vôo.

Acordei com Antônio e Henrique me sacudindo e histéricos.

- LAURA, ACORDA PELO AMOR DE DEUS! - Gritavam.

- Da pra não me chamar de Laura e de gritar! - Falei sonolenta.

- Ai caramba, ela ta viva ainda! - Disse Henrique aliviado. Assim Antônio se acalmou.

- Cara  dorme que nem defunto. - Brincou Antônio. Como sempre brincalhão.

- Que piada em! - Reclamou Henrique.

- Chega. Já chegamos?

- Já acabamos de pousar. E acho que assustei todos aqui dentro. - Disse Henrique olhando em volta.

- Pois é. Pessoal to bem, foi só cansaço. E eles são loucos! - Disse para o povo que estava me olhando.

Um por um eles perderam o interesse e finalmente conseguimos sair do avião.

Era 13h em Kathmandu ( 04h no Brasil ), e estava frio, quase congelante. Estava começando outubro então o outono marcava presença. Pegamos um transporte e fomos para o hostel.

A cidade é linda, tinha monge pra tudo que é lado, vestidos de vermelho e umas crianças acenavam para nós com um sorriso lindo, me apaixonei pelo lugar.

Quando chegamos fui direto falar com a dona na casa, se chama Aruna, ela tinha duas meninas muito fofas, Celina (8) e Chaya (10), que me mostraram o quarto, claro que Henrique e Antônio não me deixavam em paz e pediram que eu descansasse, mas eu queria conhecer a cidade e visitar templos, eu não tinha tempo para descansar. Então arrumei minha coisas coloquei uma roupa mais quente e logo estava na rua com os meninos a minha cola.

- Agora vamos no templo de Kali. Depois no Patan que é um Vale.

- Faz 19h desde que comi de verdade e você que andar por ai! A não, vamos procurar um PF sério! - Reclamou Antônio.

- Ta bom. Mas tem que ser rápido quero saber o que realmente da paz aqui.

Achamos um restaurante muito aconchegante e logo fomos atendidos. O garção nos levou a uma mesa perto da janela que tinha uma vista linda e nos entregou o cardápio.

- Acho que quero esse Momo, li num site que é uma comida tipica tibetana. O que acham, uma prato pra cada?

- Perfeito, aqui parece que serve um grão por prato. Mas por que tibetana se estamos no Nepal? - Perguntou Antônio.

- Ah não ligo pra isso, a única coisa que quero é a paz do Nepal, a comida pode ser de qualquer lugar, des que seja diferente, e o Momo é isso tudo!

- Ok, então vamos de Momo. O garção... - disse Henrique.

Pedimos a comida e logo fomos servidos, também veio um iorgute com mel, que o garção explicou que tínhamos de limpar o paladar. O Momo é maravilhoso, um pastelzinho que pode ser tanto frito, quanto cozido a vapor ( escolhemos frito), é temperado com gengibre, coentro e cebolinha, recheado com vegetais, carne de búfalo ou frango, e é claro que escolhemos carne de búfalo.

Depois que saímos do restaurante fomos ao templo de Kali, um lugar lindo com muita história pra contar, caso falasse, andamos bastante por lá e tomei meus remédios pra não passar mal e perder o passeio. Andamos em Patan e já quase anoitecia quando voltamos para o hostel, Aruna nos serviu uns sanduíches e dispensamos o jantar, estávamos muito cansados.

- Laura qual é o nome que devemos chama-lá a partir de agora? Por que você brigou conosco mais não disse. - Disse Antônio.

- Eu nem lembro, deixa eu olhar na identidade. - Peguei-a na minha bolsa e olhei. - Lilian. Mas é só por que minha identidade foi apresentada em quase tudo por aqui, mas não tem tanto perigo de me chamar de Laura, só no Brasil e na frente da dona da casa e quando eu estiver apresentando o documento.

- Tudo bem. - Disserem juntos.

Depois fomos dormir.

Na manhã seguinte voltamos ao templo e encontrei uma senhora que me ofereceu aulas de meditação, para dar paz de espírito. E era tudo o que eu queria.

A primeira semana foi complicado, mas comecei a relaxar a limpei a mente, foi assim que cumpri outra meta da minha lista, "Relaxar e esquecer que vou morrer", e foi o que eu fiz, nas duas semanas seguintes eu já era um monge de tanto que meditava, os meninos intercalavam para me vigiar, quando um estava cuidando de mim outro estava conhecendo lugares, e vice versa. Claro que não ia prende-los.

No fim do mês eu estava tão leve e realizada que chorei ao me despedir daquele lugar, estava muito acostumada a rotina de acordar, tomar café e ir meditar até o final da tarde. Apenas um dia eu separei para ir à um spa, mas relaxei do mesmo jeito.

Quando estávamos voltando ao aeroporto não resisti a fazer uma linda reverência para aquela cidade maravilhosa e de tantos encantos.

7 Palmos para Liberdade (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora