"— Devo sonhar tão alto a ponto de quase tocar o sol?"
O sorriso largo tomou conta do rosto avermelhado do jovem de fios negros que se lançou no ar, o sentimento de liberdade ao "voar" entre os imensos prédios abandonados explodiu em seu peito, a música alta ecoou pelos fones que usava — O corpo rodou no ar, logo prendendo as mãos cobertas por faixas brancas que enrolavam até o cotovelo na barra de ferro do parapeito que havia logo a sua frente, o metal enferrujado rangeu com o peso de seu corpo, ofegou, olhando para baixo, estava no térreo do prédio de 10 andares, qualquer erro seria seu fim e Jungkook sabia disso, o desejo pela adrenalina subiu.
Seu coração arrebentou dentro da caixa torácica, palpitava em felicidade e prazer. Mordeu o lábio com força.
Gargalhou gostosamente, sentindo o vento gelado beijar seu rosto corado pela adrenalina, impulsionou para baixo ,flexionou os braços cobertos pelo moletom negro , jogando o corpo para cima, com um pouco de força Jungkook pulou a grade de ferro, rolando contra o chão de concreto — Abriu a boca, tentando normalizar a respiração afobada, mas podia ouvir os xingamentos e ameaças se aproximar, correu pulando do prédio e bateu as mãos contra um telhada velho de um antiga empresa fechada a anos.
O telhado estalou alto causando um estrondo pelo peso que Jeon fez, xingou alto.
O som das imensas engrenagens de ferro batendo entre si estalou pelo lugar caindo aos pedaços, os buracos no teto em aço aumentavam a cada mês, as madeiras que sustentavam o restante da estrutura começavam a corroer, deixando tudo em estado de alerta.
— Merda!Merda!
Vasculhou com o olhar até encontrar a ponta de uma escada de emergência na lateral do prédio.
logo atrás um estrondo escutou que o grupo de aproxima.
Seus dedos tocaram o ferro enferrujado do corrimão como se testasse a resistência do objeto antes de qualquer coisa.
— Que os deuses não me deixe morrer hoje — Pediu, antes de descer sentindo o coração palpitar todas as vezes que o ferro rangia denúncia que iria romper.
Jeon riu nervoso com o pensamento sórdido de ser pego, sua o mataria se sonhasse que estava naquela situação novamente, movido pelo prazer da adrenalina, Jungkook não ouvia muito os conselhos da mulher mais velha, algo que seu pai ficava louco com esse vício.
Mas entendi perfeitamente.
Aterrissou no chão, agora dentro do lugar vazio lotado com máquinas industriais antigas cobertas de sujeira, voltando a correr para fora, tomando as vielas.
Jungkook sorriu assim que avistou o centro comercial movimentado pelas vielas sujas de entulhos e androids desligados se misturavam com homens e mulheres que vivam na linha tênue da morte, aos poucos o metal se enferruja se desfaz assim como aquelas pessoas com o tempo, uma realidade das áreas H e suas subs. Puxou o capuz revelando os fios negros e curtos na altura da orelha coberta de brincos e o dispositivo de comunicação já ultrapassado que teimava em falhar e cortar a ligação — Enfiou as mãos dentro do bolso da jaqueta preta detalhada em vermelho nas extremidade, seus dedos tocaram uma espécie de envelope envolvida em um couro que carregava consigo, seu pai o mataria se soubesse que roubou novamente, mas sua mãe precisava daqueles remédios e os canalhas estavam o extorquindo.
Não deixaria ser passado para trás.
Jungkook não deixaria sua mãe morrer dessa forma, nem que a sua vida fosse o preço a se pagar.
O tempo correu feroz, quando se deu por si estava parado na frente da casa, uma junção de trailers de ferro surrados, se localizava quase nos limites da cidade, uma parte esquecida pelos demais, o deserto cobria a paisagem. Há uma pequena comunidade que ocupava as terras áridas, distribuídos em seis famílias, pacíficos e quase nômades, Jungkook olhava eles com curiosidades, sorriu comprimentando os demais que sentavam nas varadas trabalhando entre si.
— Mãe?
Chamou sorrateiro pela cozinha metálica, o cheiro de comida ricocheteou na mente de Jeon que sorriu sentindo a barriga roncar.
— Vejo que chegou tarde querido. Por onde andou?
Uma mulher de cabelos curtos e escuros com fios acinzentados em algumas partes acima das orelhas surgiu pela porta de ferro a esquerda, carregando algumas peças de roupas dobras em mãos, o sorriso gentil aqueceu o coração de Jeon que sorriu junto, não aparentava ter mais de quarenta anos, pequenas rugas apareciam quando sorria a deixando graciosa, cansada, Jungkook notou o cansaço e o leve mancar ao caminhar pela cozinha até o corredor a direita, se esforçava para se manter ereta e confiante.
— Estive com amigos... mãe? A dor retornou, não é? A senhora prometeu que iria contar — Falou preocupado seguindo a mulher que riu despreocupada — Mãe!
— Acalme-se, estou bem... é apenas hum uma dorzinha chata querido — Guardou as peças, arrumando o lençol da cama de ferro levemente enferrujada fundida ao chão. A Jeon mais velha segurou o rosto do filho e depositou um beijo gentil, afogando os dedos nos fios negros dele — Venha comer, seu pai virá mais tarde, está trabalhando.. homem teimoso — Balançou a mão no ar rindo sozinha com os próprios pensamento.
Jeon franziu chateado com a mentira que ouvirá, mas a seguiu novamente até a cozinha, sentou, apoiando o peso nos cotovelos, murmurou um "Mãe?"
A Jeon mais velha indicou com a mão para que falasse, sua atenção estava nas panelas de aço retorcidas com a comida — Jungkook puxou o envelope, o colocando sobre a mesa.
— Aqui. O remédio da senhora hum.. por favor tome —Empurrou e a mulher se virou em choque.
— Como?
— Eu disse que iria arrumar um emprego... e hum aqui estão.
A mais velha balançou a cabeça se aproximando do filho. A Jeon conhecia seu filho e suas mentiras, Jungkook não sabia mentir tão bem, seu coração pesou e então olhou para o remédio em cápsulas transparentes, o pouco pó colorido afastava as dores e mantinha seu coração batendo firmemente, dez comprimidos..os quais sabia que seu garoto, Jungkook, tinha arriscado a vida para arrumar, morreria, mas não iria admitir como conseguiu eles.
Suspirou e sorriu apertando o remédio, as lágrimas teimaram em não rolar em seu rosto cansado.
— Oh céus —Riu limpando, Jungkook log estava ao lado de sua mãe, preocupado, perguntava em busca de alguma resposta para o choro repentino.
— A senhora está bem? Mãe?
Tocou o rosto da mulher que balançou, o Jeon mais novo não notou quando a mais velha puxou sua cabeça e colou em seu peito, Jungkook relaxou finalmente, ajoelhado no chão ao lado dela.
— Obrigado... — Sussurrou e beijou o topo da cabeça dele. Jungkook abriu e fechou a boca sentindo a garganta travar. Nada valia mais do que saber que ela estaria bem com os remédios, custava sua vida, mas ouvir a doce voz de sua mãe fazia valer cada risco.
A abraçou com força e assim permaneceu, até Jungkook erguer a cabeça.
— Eu vou cuidar da senhora! Custe o que custar! — Afirmou sorridente olhando a mulher embaixo e então a senhora notou o jovem confiante e sonhador que seu filho estava se tornando, não poderia quebrar esse espírito de proteção. Jungkook estaria disposto a tudo.
Orelhas fundas como bolsões de couro rodeavam abaixo dos olhos de Jungkook e lábios rachados e finos acomodava o sorriso largo com os dentes salientes, os olhos brilhavam e logo se fecharam se curvam em duas luas transparecendo as covinhas doces, aos quinze anos Jungkook exalava pureza e brilho, a Jeon temia todos as noites que a realidade tomasse essa pureza, as consequências dos seus atos um dia cobrariam o preço e talvez ele seja alto demais para seu coração.
Ela segurou o rosto do filho com força e desabou temendo pelas consequências futuras, frágil não poderia o proteger e então ali ela rezou aos antigos deuses que cuidassem de seu filho, um dia de cada vez.
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Year 2326
Fanfic"Muitos cresceram vendo a humanidade se fundir com a tecnologia, tornando uma coisa só. Pois ela é a base da vida, mantendo todos vivos em uma realidade de reconstrução e perigos, rastros da Grande Guerra que ceifou quase ⅔ das pessoas. . A nova soc...