A Revolta Distorcida

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Em frente as muralhas da capital, estavam Edward, Teresa e o exército de rebeldes logo atrás deles. Edward era o jovem líder revolucionário que começara tudo aquilo, ele era alto, tinha lustrosos cabelos dourados e olhos azuis como o céu, sua pele era clara e seu corpo definido, usava uma armadura leve de metal que cobria quase todo o seu corpo, exceto por sua cabeça, afinal, as armas mais poderosas que possuía eram sua lábia e seu sorriso. A sua esquerda, a feiticeira Teresa murmurava algumas palavras para o cavaleiro, ela tinha uma altura mediana e usava um longo capuz marrom, uma camiseta branca com botões pretos, calças de mesma cor e botas de cano alto escuras. Ela tinha longos cabelos crespos que desciam sobre seus ombros, sua pele era negra e seus olhos cor-da-noite, ela não sorria e na maioria das vezes mantinha uma expressão séria, ela era o poder de fogo do batalhão, tudo o que precisava era passar os dedos sobre o seu livro de feitiços para que tormentas caíssem sobre os seus inimigos.

Após meses e meses de batalha, finalmente chegara o momento de derrotar, de uma vez por todas, a Rainha tirana Gabriella, que espalhara caos e terror por todo o continente após conquistá-lo com seu imenso poder. Entretanto, Teresa estava apreensiva, havia claramente alguma coisa de errado, estava tudo muito fácil, ela temia que pudessem estar caindo em uma armadilha mortal.

— Ed, mas se ela estiver armando algo contra nós? — Questionou, sua voz entregava sua apreensão.

— Nós não temos outra escolha, ou é isso, ou tudo que lutamos foi em vão. — Ele respondeu, com determinação na voz, virando em seguida a seus corajosos aliados, gritando com todo o ar que possuía: — Esta é a hora pelo qual esperávamos! Vamos lutar com honra e glória e trazer paz as nossas famílias de uma vez por todas! Essa é a última batalha, que decidira tudo, não nos renderemos nem que sobre somente um de nós! Lutem, Guerreiros do Amanhã!

Edward ergueu sua espada na última sentença e a multidão explodiu em gritos, respondendo com entusiasmo a energia do homem. Ele se virou para a feiticeira e sussurrou em seu ouvido:

— É a sua hora, companheira.

Os olhos da mulher brilharam em uma mistura de azul e púrpura, ela ergueu a mão esquerda com o livro e virou algumas páginas, em seguida, passou a ponta do dedo médio e do indicador sobre algumas palavras, fechando os olhos por alguns instantes e recitando para si mesma o que estava escrito. Assim que terminou, símbolos enormes vindos de uma escrita antiga e desconhecida se materializaram no ar e, no mesmo instante, cada pedra e madeira que formavam a impenetrável muralha da capital começaram a se desprender de sua base e levitar no ar acima da cabeça dos rebeldes, que olhavam maravilhados tudo o que estava acontecendo. Do outro lado do muro, estava o exército real, que observavam boquiabertos as suas defesas serem destruídas com extrema facilidade.

Cortando o ar da esquerda para direita com sua mão livre, a feiticeira fez com que todas as partes da enorme construção voassem em direção aos inimigos do exército, esmagando parte deles vivos. Mas mesmo assim, ainda eram muitos, havia pelo menos dez combatentes para cada rebelde, era humanamente impossível para eles derrotarem todos aqueles homens. Entretanto, eles já esperavam por algo do tipo. Em um uníssono, um par de gêmeos começam a tocar uma melodia que, suavemente, silencia a todos presentes, se tornando rapidamente o único som a ser ouvido por todo o campo de batalha. O som das flautas que começara calmo, inesperadamente aumenta o ritmo, se tornando uma canção agitada e agressiva, e, sentindo-se como se fossem banhados por uma quantidade inimaginável de energia, os rebeldes sacam suas armas e avançam, em velocidade avassaladora. Sob o perigoso efeito da Canção do Caos, os aliados poderiam lutar por dias e dias sem se cansar, parando somente se vencessem ou morressem. Diante de tal ameaça, de nada adiantavam o enorme número de soldados do inimigo e, no fundo, eles sabiam disso, a expressão de medo em seus rostos eram evidentes.

Edward, também sob o efeito do feitiço, avança com sua tropa em direção aos inimigos, gritando palavras de incentivo e sacando sua lâmina, entretanto, seu corpo perde totalmente o peso e ele começa a se erguer no ar.

— Edward! Precisamos ir, nosso alvo é a Rainha, temos que seguir o plano. — Lembrou Teresa, voando na direção do cavaleiro, que apenas afirmou com a cabeça, com um sorriso no rosto.

A visão aérea da cidade era caótica. Era uma cidade circular, dividida em três partes, a primeira delas, junto da muralha, era a área formada por trabalhadores e camponeses, era onde estava correndo a batalha no momento, os guardas se aglomeravam entre as ruas tentando conter, sem sucesso, o avanço da multidão de rebeldes. As casas naquela região eram mais simples, feitas de madeira e pequenas, os moradores se escondiam em suas casas, amedrontados. Já a região central, que também era divida por muros, era a parte nobre. As casas eram gigantes e espalhafatosas, seus habitantes estavam tranquilos, agindo normalmente como se nada tivesse acontecendo, confiando totalmente na força de Gabriella. Por último, cercado de grandes muralhas, estava o magnífico castelo, o objetivo final deles, era feito de pedras negras e tinha diversas torres com símbolos de pedra esculpidos em cada uma delas, entretanto, os mesmos estavam quebrados, e esse, estranhamente, era um padrão que ocorria por toda a cidade. Edward percebeu que, em pontos específicos da capital, até onde podia ver, haviam enormes símbolos de magia feitos de pedras e todos estavam cortados no meio, como se tivessem sido destruídos propositalmente.

— Teresa, o que são esses símbolos rompidos por toda a cidade? Não são do mesmo tipo que estão em seus livros? — Indagou, curioso.

— Eu não tenho certeza do que são, nunca os vi antes... Mas tenho certeza que não devem ser nada de importante, não devemos nos preocupar com isso, já é um milagre conseguirmos invadir esse lugar, temos que focar no plano. — Respondeu ela, observando a guerra que ocorria abaixo de seus pés, enquanto voavam em direção ao castelo.

O cavaleiro decidiu não insistir no assunto, de fato, não havia importância, mas aqueles símbolos lhe eram familiares. Enquanto avançavam, a guerra continuava lá embaixo.

Os auto-proclamados Guerreiros do Amanhã usavam uma arma nova que haviam negociado com os habitantes do continente vizinho: o Fogo Solar. Eram garrafas de um líquido amarelado que explodiam em enormes labaredas das cores do próprio Sol, eram ditas por queimar tudo em seu caminho com a mesma intensidade do Astro-rei. Era uma ameaça formidável a guarda real, entretanto, eles também estavam equipados com dispositivos inovadores que misturavam magia e ciência em armas devastadoras: as espadas que embainhavam tinha suas lâminas de um metal escarlate, e, somente um corte na pele dos inimigos era o suficiente para drenar todo o sangue do adversário e matá-lo imediatamente. Além disso, quimeras enormes lutavam de ambos os lados, misturas de felinos, répteis, aves e os mais diversas categorias de animais lutavam ao lado de seus domadores e criadores. Graças a Teresa, de nada adiantavam os feiticeiros inimigos, já que as armaduras de cada um dos rebeldes continham um símbolo mágico que, juntos, bloqueavam qualquer magia inimiga que agisse sobre eles.

Os guardas sob as Torres no meio da área nobre apontaram suas bestas ferozes para Teresa e Edward, e os derrubariam se uma divisão especial de guerreiros não houvessem invadido as construções a tempo. Como se surgissem das sombras, a divisão responsável pelo ataque da área nobre aparecerá no campo de batalha. Aproveitando-se do alarde que os cavaleiros da fronte principal causaram, eles entraram pelos outros lados desprotegidos da muralha e silenciosos como o vento, foram eliminando um por um cada uma da artilharia que poderia causar problemas aos líderes e aos soldados da frente de batalha.

Após quase uma hora, eles finalmente chegaram a base do castelo.

— É agora, Teresa, tudo estará acabado assim que derrotarmos a rainha, juntos, certo? — Propôs Edward, estendendo o braço esquerdo em um punho fechado na direção da feiticeira.

— Sim, de uma vez por todas, vamos trazer paz a nossos amigos. — Respondeu, encostando a mão direita também em um punho fechado na mão do amigo.

Por fim, ela novamente passou os dedos sobre o seu livro, materializando um símbolo similar a um "W" riscado no ar e liberando uma parede de chamas que queimou os grandes portões de madeira do castelo como se fossem feitos de papel. E, um do lado do outro, unidos, entraram por fim no portão.

A entrada do salão era tão sinistra e obscura quanto a parte de fora, aquele lugar estava totalmente vazio, trazendo uma sensação de pavor por um segundo no coração do jovem, temendo que, sabendo da revolta, a rainha havia conseguido fugir e se esconder em outro lugar. Um grande tapete vermelho parcialmente queimado os recebia na entrada, o Átrio de entrada era um semi-circulo com diversas portas, no centro dele, logo a frente da porta, uma estátua de um cavaleiro feito de mármore os recebia, na mão direita da figura, um grande livro e na esquerda, uma longa espada com escritas em sua lâmina, "Força e inteligência" era o que estava gravado. Os olhos da estátua pareciam encarar diretamente todos que ali entravam. Atrás dela, duas longas escadarias subiam para algum lugar desconhecido. Eis que, das sombras, uma nova figura aparece.

Ela usava somente um longo vestido de festa e um colar com um pingente de esmeralda, estava descalça e com seus cabelos roxos bagunçados, seus olhos eram verdes e transmitiam insanidade, ela tinha pele clara e um sorriso assustador no rosto. Ela se aproximou lentamente dos convidados, sussurrando palavras sem sentido.

— VOCÊS NÃO PODEM PASSAR!! — Gritou inesperadamente, invocando símbolos no ar e liberando uma rajada de raios contra os dois líderes.

Teresa rapidamente deu um passo a frente e passou os dedos sobre as páginas de seu livro. Logo em seguida, os raios se dividiriam em dois e se chocaram, inutilmente, contra a parede. Como uma dança de luzes, a batalha começou, a desconhecida conjurava feitiços sem precisar de qualquer manuscrito, pressionando com eficiência a poderosa bruxa rebelde. Edward se manteve parado, sem saber o que fazer.

— Vá Edward, eu a mantenho ocupada. Agora é com você, irei indicar o caminho até a sala que Gabriella está e você tem que detê-la.

Uma linha de luz azul começou a brilhar no chão, subindo as escadas à direita da grande estátua. Edward, sem pensar duas vezes, correu em direção a seu destino. A feiticeira inimiga nem sequer tentou impedi-lo. Correndo pela escadaria que parecia infinita, o cavaleiro pensava em sua jornada até agora, salvar Teresa da fogueira foi o estopim da rebelião, desde então, muitos se juntaram a eles para que aquele único momento se tornasse realidade. Entretanto, o jovem estava apreensivo, se questionava se Gabriella realmente estava naquele castelo e o porquê que não havia ninguém ali para para-los.

Sua teoria se quebrara ao meio no instante em que terminou de subir os degraus. Enfileirados em duas colunas ao lado da parede, 16 cavaleiros guardavam os aposentos da Rainha, eles usavam roupas e peças de armadura brancos como a neve. Eles estavam no ponto mais alto da construção central, sem contar as Torres, tapeçarias de antigos reis e rainhas rasgadas se estendiam até o final do corredor, entre cada janela, a luz do sol iluminava os temíveis guerreiros que olhavam fixamente para o invasor. Sob o efeito da Canção do Caos, Edward brilhava em uma tonalidade púrpura, seus olhos ardiam como brasa e seu corpo queimava em adrenalina, com sua espada nas mãos, ele avançou.

Os seus treinamentos não foram em vão. Ele era o melhor espadachim ali presente. O inimigo atacou o primeiro: sua lâmina se chocou contra a de Edward, as espadas tremiam com a tensão vinda de ambos os lados, o rebelde deixou a espada do adversário deslizar pela lâmina afiada da sua, lançando o ataque rival para a esquerda, fazendo com que o atacante perdesse o equilíbrio e, em seguida, lançando um chute na única parte que não era coberta por armadura de seu corpo: suas pernas, fazendo-o tombar no chão e finalizando ficando sua lâmina na viseira do capacete do guarda. Ele, por fim, pegou a lâmina do rival e olhou com ódio para os inimigos restantes, que olhavam aturdidos a cena. Edward gritou.

A luta havia acabado. Ele não sabia quanto tempo havia se passado, somente "flashes" de memórias passavam por sua cabeça. Ele havia lutado não como um homem, mas como uma besta, dilacerando com ferocidade tudo no seu caminho até não sobrar uma única alma viva, às duas lâminas em suas mãos estavam banhadas em sangue dos rivais, ele havia derrotado cada um dos guardas reais e ainda sim, podia lutar por mais dois dias seguidos sem parar para descansar. Os corpos dos cavaleiros jaziam no chão, sem vida, as paredes negras estavam pintadas de escarlate, Edward era o único que sobrara. Ele andou calmamente até a porta, até o seu destino.

Os aposentos da Rainha era gigante, mas vazio, havia apenas uma enorme cama no centro e uma estante, nenhum "glamour", apenas o básico. Era um lugar escuro, a única luz que vinha era da varanda, que estava fechada por cortinas vermelhas como rosas. Edward pôde notar que ela estava logo atrás, graças a silhueta que formava em contraste com a luz e o tecido, possivelmente observando a batalha. Como se sentisse sua presença, ela se vira e adentra calmamente o quarto. Ela era uma bela mulher, com seus trinta anos, tinha uma pele morena e olhos acinzentados, seus cabelos eram mais negros que a própria escuridão e sua expressão maligna, ela usava um vestido delicado trabalhado em tons de vermelho e branco, com o símbolo de uma caveira com uma faca cravada nos olhos estampados no peito, símbolo de seu império, a presença daquela mulher era aterrorizante, de repente, o cavaleiro sentiu todo efeito da Canção do Caos se esvaziar de seu corpo e sentiu cada músculo de seu corpo doer, sua armadura agora pesava dez vezes mais do que anteriormente, mas tudo aquilo era psicológico, tinha que ser.

— Aproxime-se cavaleiro, venha e me mate, como vocês sempre pretenderam com essa revolta estúpida! — Ordenou a mulher, com a voz firme e dura como rocha, mas o jovem não se moveu. — Você é fraco, Edward, você e todos os outros, inclusive aquela feiticeira patética que foi libertada. Você apenas adiantou a morte dela, veja.

Com um movimento de suas mãos, névoa começou a se formar em um formato circular. Uma imagem se formou na neblina, era Teresa, mas ela estava ferida, caída no chão, sangue escorria de sua boca, e em pé, estava a bruxa que estava enfrentando, como um golpe de misericórdia, a mulher invocou seis estacas de metal que, impiedosamente, perfuraram o corpo da rebelde, fazendo-a gritar e desabar, de vez.

— Não! — Gritou Edward, lágrimas escorriam em seus olhos, ele avançou contra a rainha, não se importava com mais nada, não deixaria aquela mulher sair viva dali, nem que desse sua própria vida para isso.

— Tolo! Um mero peão como você jamais seria capaz de derrotar uma bruxa como eu, sua espada não é páreo para minha magia. — Ela vociferou, estendendo ambas as mãos em direção ao inimigo, conjurando códigos no ar, entretanto, tão rápido quanto apareceram, sumiram no ar. Na armadura de Edward, um símbolo similar a um círculo cortado por três diagonais brilhou em um tom dourado, liberando uma aura por todo o quarto. — O que? Um símbolo de proteção? Quem tem tamanho poder para até mesmo me par...

Ela perguntou, incrédula, mas foi interrompida pela investida que Edward lhe dera, passando pelas cortinas e caindo ambos no chão da varanda. Daquele lugar tudo era visível, os rebeldes lutando com suas vidas e força, os guardas tentando proteger a todo custo a cidade, os pobres cidadãos fugindo do conflito, os nobres desesperados e as casas, e edifícios em chamas.

— ISSO ACABA AQUI E AGORA. — Gritou Edward, apontando a lâmina de sua espada para o peito de Gabriella. — Pelo sangue derramado de cada família que você destruiu, pela vida dos milhares de inocentes que você tomou nessa guerra sem sentido, pelo esforço dos Guerreiros do Amanhã e por Teresa, você irá pag...

Algo chamou sua atenção. No meio da cidade, uma grande escultura de pedra estava rachada no meio, fora destruída recentemente. Era um círculo cortado por três diagonais, o mesmo símbolo que estava em sua armadura, o símbolo de proteção. Teresa o advertira sobre aqueles símbolos, ninguém era capaz de quebrá-los além de quem o conjurou ou de um feiticeiro muito mais forte. Aquilo não fazia sentido, tudo parecia desmoronar diante de seus olhos. Estava muito fácil, como se tudo não tivesse passado de uma farsa, uma manipulação.

— Espere... Por quê? Por que você quebraria os selos de proteção da cidade? Você sabia que nós estávamos vindos! Por que não se protegeu contra Teresa? — Questionou, sua cabeça estava um caos, tentando achar um sentido em tudo aquilo.

— Estava tão perto... A única coisa que precisava fazer era fincar essa espada em meu peito, mas você tinha que fazer perguntas não? — Respondeu a mulher, revirando os olhos.

Ela moveu os dedos indicador e médio, quebrando com imensa facilidade o selo na armadura do jovem e, em seguida, lançando Edward de volta para dentro do castelo com força. Ela se levantou, limpando a poeira de seu rosto e caminhando lentamente para dentro de seu quarto.

— Anos e anos de planejamento somente para você estragar tudo no último segundo? — Vociferou, irritada.

— Espere... Eu não enten... — Disse, arfando, mas logo foi interrompido.

— É claro que você não entende, Edward, não foi para isso que criei você, não era para ser inteligente. — Ela conjurou um trono de pedras do chão e se sentou sobre ele. — Você era para ser o símbolo da paz, o que ia unir todos os povos, foi para isso que eu te tornei o que você é hoje. Antes de eu dominar todo esse continente, havia guerra para todos os lados, morte, desgraça, um mundo que mataria tudo que uma pequena garotinha amava. Entretanto, essa pequena garota cresceu e decidiu acabar com tudo isso. Ela dominou tudo, voltou todo o ódio para ela mesma e criou uma figura para ser o símbolo da paz, que uniria a todos em prol de acabar com ela. Foi para isso que eu te criei, para trazer a paz.

— Você... Me criou? — Perguntou, aturdido.

— Sim, Edward, você não vê? Quem colocou Teresa em seu caminho? — Ela disse, estalando o dedo e, de repente, Teresa surge das trevas, viva e intacta. — Minha subordinada, eu entreguei ela a você, eu deixei que o exército passasse pano para sua pequena revolução, eu te tornei o líder que você é hoje.

— Não! Nós... Nós conseguimos por mérito próprio. — disse, mas nem ele mesmo acreditava nas próprias palavras.

— Ah! Pelo amor de Tryk, você achou mesmo que eu, uma líder estrategista que conquistou diversos reinos, sozinha, deixaria um pequeno grupo de idiotas invadir a minha capital? — Ela riu, enquanto Teresa continuava em silêncio atrás dela. — Eu vi a vontade de salvar os outros em seus olhos, por tanto, vou te dar mais uma oportunidade, me mate agora e se torne o novo rei. Você pode governar ao lado de Skyla, ou Teresa, como você a conhece, se desejar. Se recusar, eu o matarei e acharei outro que ocupe seu...

Mas não chegou a completar a frase, Edward, em uma recuperação rápida, avançou com extrema velocidade em direção a rainha, perfurando sua lâmina em seu peito, fazendo-a cair sobre seus ombros.

— Ah! Agora eu vejo, não foi compaixão que eu vi em seus olhos, Eddie, e sim s... — Ela sussurrou nos ouvidos do jovem, em um tom de surpresa e arrependimento, mas não conseguiu completar sua frase.

Edward retirou sua espada do coração da mulher, deixando-a cair no chão, espalhando sangue pelo lugar. Ele se abaixou, mirando a espada no pescoço da bruxa.

— Dizem que o jeito de garantir que uma bruxa realmente está morta é perfurando seu coração ou cortando sua cabeça, para garantir, farei os dois. — Disse e assim o fez. — De que lado você está, Teresa, Skyla ou sei lá quem?

Ela abriu um leve sorriso no rosto.

— Do vencedor, querido Eddie.

— Bom, faça com que todos nessa cidade me escute e me veja agora. — Ordenou.

Ele pegou a cabeça de Gabriella pelos cabelos e avançou até a varanda. Teresa conjurou mais símbolos no ar, e, nesse exato momento, todos os combatentes e cidadãos pararam para ver Edward.

— Escutem, todos vocês, Gabriella está morta, cessem ambas as resistências agora ou haverá consequências drásticas. Em breve, farei minha anunciação oficial como novo rei.

Os antigos guardas da Rainha largaram suas armas e os rebeldes gritaram o nome de Edward, emocionados pela vitória e animados para o que o futuro os reservava, alguns choravam, outros rezavam e todos agradeciam a vitória que com certeza ficaria para a história nos dias de paz que esperavam se seguir. Edward voltou para dentro do castelo e olhou para Teresa.

— Recrute todos para o exército, mate aqueles que se recusarem.

— O que vamos fazer agora, meu rei? — Perguntou Teresa.

— Vamos conquistar o próximo continente.

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