O sol começava a nascer em Jallagard, seu brilho refletia nas paredes de ouro por todo o lado, milhares de casas altas cercadas por uma só muralha, cuja nunca fora derrubada em nenhuma guerra, os ventos do amanhecer dançavam pelo trigo dos campos que enfeitavam o entorno da cidade, deixando a cidade com um tom amarelado de ouro, trigo e sol. A cidade estava turbulenta, vendedores para lá, soldados para cá e o povo circulando pelas ruas, mas o verdadeiro alvoroço estava na taverna.
-Nada melhor que uma cerveja e um bando de mulheres para satisfazer as vontades do grande Jallir! - Dizia Kaldur em voz alta enquanto segurava um copo de chifre, ao seu lado sentado também a uma grande mesa estava Jallir, bebendo uma cerveja em um caneco de madeira três vezes maior do que o de seu amigo Kaldur. As risadas não duraram por muito tempo, mas a diversão estava prestes a começar. Em meio ao barulho e as risadas um homem enorme se aproximou da mesa onde estavam os keinhaus, ele era enorme e muito similar a Jallir, porém era careca e cheio de cicatrizes e com seu peito estufado ele diz:
-Jallagard não é lugar para bárbaros imundos, saiam daqui seus imundos!
Kaldur não entendeu nada, mas tomou sua postura e olhando para cima encarando o homem ele diz:
-Veja bem meu querido, você está se metendo com as pessoas erradas, o Jallir aqui te derruba só com o olhar
-Está querendo brigar? - Perguntou Jallir para o grande homem, com sua face quase encostada na dele... O homem ouviu aquilo e soltou um suspiro de raiva, mas antes que respondesse a pergunta, Jallir completou dizendo:
-Pois eu estou. - Quando Jallir rapidamente soca a cara do homem que cospe uma chuva de sangue, Kaldur solta um sorriso e puxa seu caneco de chifre e vira toda a bebida para dentro, Kaldur bate o caneco na mesa com tanta força que todos ao redor perceberam.
Os músicos começaram a tocar seus violinos e tambores em harmonia a briga, quando Jallir empurrava o grande homem com o peso de seu corpo, o homem surpreendentemente se levantou pegou Jallir pelo braço, arremessando-o contra uma mesa, Jallir bateu de costas na mesa fazendo-a quebrar, os homens que ali estavam sentados, começaram a brigar entre si e logo todos na taverna estavam brigando... Haviam copos voando e cadeiras quebrando, Jallir ficou caído no chão enquanto o grande homem socava a cara dele, até que Kaldur aparece por trás do homem e agarra no pescoço dele, numa especie de mata-leão ele ficou pendurado nas costas do homem, que começou a andar em círculos na tentativa de se livrar dele.
Peter e Derick estavam sentando um pouco mais a frente, perceberam que todos ao redor estavam começando a brigar, quando Peter assustado disse:
-O que esta acontecendo? - Olhava ao redor tentando entender aquilo.
-Derick estava olhando para o prato de peixe no qual saboreava, e sutilmente disse:
-Acho que se eu te contar quem é, você não vai gostar.
Peter sentiu que o comentário fazia algum sentido, e disse:
-Ah, merda! - Então se levantou e foi ver se encontrava seus colegas, assim que Peter saiu, Derick soltou um sorriso sensato olhando fixamente para seu prato.
-Saia da frente! Deixe eu passar. - Dizia Peter para os homens que brigavam, mas ninguém o escutava... Aos poucos e com dificuldade ele foi adentrando ao meio da confusão quando de longe avistou Jallir e Kaldur brigando juntos contra vários homens, Jallir estava socando o homem careca, enquanto Kaldur estava batendo em três homens menores ao lado, Peter gritava o nome dos amigos na tentativa de alerta-los, mas a música e o barulho eram mais altos, quando um bando de homens cai sobre o mesmo, derrubando-o, ali no chão ele tentava sair da briga mas sem sucesso, até que então, de forma muito estranha todos pararam de brigar, pois perceberam que alguém havia adentrado o salão, o som da grande porta de madeira rangendo ao se fechar chamou atenção das pessoas. Peter chegou perto de Jallir e Kaldur e disse:
Que merda vocês estão fazendo? - Indignado ele esperava uma resposta dos dois.
-Bom, estávamos apenas fazendo novas amizades! - em forma de piada Kaldur dizia.
Jallir saiu em direção a mesa na qual bebida anteriormente, esbarrando em Peter com o ombro ele seguiu.
Conforme ele se afastava de seus conterrâneos ele percebeu que o homem vinha caminhando em sua direção, tinha cabelos pretos, era baixo, acima do peso e estava muito bem vestido com uma roupa formal preta e aparentemente muito cara. Jallir estranhou aquilo, e quando ambos ficaram frente a frente, Jallir encarou o homem diretamente nos olhos com a sua tradicional cara emburrada, e o homem de forma sensata e sutil disse:
-Você gosta de confusão não é bárbaro?
-Me chame disso de novo e sua cara afundará no chão!
-Sua forma de responder só me faz achar que estou certo... - Disse o homem sem medo do grande Jallir, ele estendeu sua mão direita para Jallir esperando um aperto de mão:
-Me chamo Foster...
Jallir olhou fixamente para a mão de Foster e não correspondeu ao aperto.
Enquanto conversavam, as pessoas da festa se sentavam e continuavam seus banquetes... Todos ali sabiam quem era Foster.
Kaldur abandonou Peter e Derick, logo ele foi atrás de Jallir e ao chegar percebeu que ele conversava com um homem aparentemente da elite:
-Perdoe-me incomodar mas... Preciso do meu amigo!
Em seguida Kaldur puxou Jallir pelo braço tirando o da conversa em direção ao lado de fora da taverna, porém foi surpreendido por dois guardas que impediram sua saída, fechando as portas...
-Infelizmente terei que insistir que fiquem mais um pouco! A festa está apenas começando... - Disse Foster com uma voz queridamente perversa, Kaldur olhou para Jallir com um olhar evidente de que nada de bom poderia vir depois daquilo que acabaram de fazer.
Foster olhou para os músicos e fez um gesto com as mãos, ordenando que tocassem uma canção específica...
-Vocês acabaram de chegar na cidade e eu sei que a rainha pode parecer muito simpática as vezes, assim como esta cidade aparenta ser perfeita...
-De fato ela é, porque existem regras. - Completou Foster enquanto caminhava com os dois pelo salão em direção a mesa de seus colegas, os dois apenas o seguiam e ouviam atentamente seu discurso estranho.
-A primeira regra é, vocês não estão em casa. - De forma leve e tranquila ele alfinetava-os com palavras.
-Por tanto, não façam nada que fariam em casa.
-Você está falando daquela briguinha ali? - Kaldur tentou se explicar interrompendo Foster.
-Quem começou tudo aquilo na verdade não fomos nós!
Jallir cutucou Kaldur com seu braço indicando para que fizesse silêncio, quando a canção solicitada começou a ser cantada.
O pequeno instrumento de cordas do bardo tocava e ecoava o dedilhado por todo o salão e todos ali prestavam atenção pois era uma canção muito conhecida, e tudo ficou ainda mais obscuro quando o bardo começou a cantar a música:
-Os corvos voaram e os ventos sopraram, morte as bruxas seus fins chegaram. O sangue pagão, que cobre o chão, que a luz do senhor vá aonde estão."
Todos ali cantavam juntos e se divertiam, a noite se estendeu por muito tempo...
VOCÊ ESTÁ LENDO
Mondsohn- Neuewelt
FantasíaEsta é uma história que te prende do começo ao fim. Novo Mundo é a continuação do primeiro livro Samheim, neste gigantesco mundo medieval repleto de guerras, misticismo e histórias cruzadas que vão te surpreender das mais diferentes formas. Do outro...