Mondsohn- Neuewelt

Capítulo 9 - O Dunkehlsohn

Já era noite na floresta sombria, Hanna e Hendallir estavam na cabana... Hanna lia aqueles livros todos que tinham na prateleira, alguns sobre alquimia e outros muito obscuros sobre rituais, mas aquilo tudo interessava a ela. Enquanto ela lia, Hendallir estava com a tempestade nos braços e se preparava para fazer alguma coisa com ela...

-Eu realmente nunca pensei que fosse ver um monstro de verdade.

Hendalir, lembrou que Hanna estava na casa também, assim que ouviu sua voz e disse:

-Ah, você ainda está aí! 

-Por que você acredita que eles existem?

De forma bastante confusa ele começa a falar, enquanto olha para seu trabalho, de costas para Hanna.

-Bom, eu acredito que eles existam, porque eu acredito... 

Hanna ficou extremamente confusa com a resposta e disse:

-Como assim?

-É uma lei estranha da natureza, vou explicar. 

Quando Hendalir se aproximou e sentou-se perto de Hanna em uma cadeira de madeira, olhando fixamente para ela e acariciando a coruja ele explicava.

-Existem muitas e muitas lendas espalhadas por aí, O berrante, a deusa da lua até mesmo demônios, enfim, inúmeras criaturas estranhas. Elas só existem de verdade, por que as pessoas acreditam nisso. Basicamente pelo que eu estudei todo esse tempo, as criaturas se alimentam da fé que temos nelas.

-Espera aí! Então quer dizer que se pararmos de acreditar no berrante, ele morre?

-Não, não é tão simples, teríamos que fazer cada pessoa que acredita, para de acreditar... Todas elas, quanto menos pessoas, mais fraco ele fica.

Hanna começou a ficar pensativa sobre aquilo, e até parou de mexer no livro em que lia, por alguns segundos ela olhou fixamente para o chão e então disse:

-O que você faz com aquele livro? - Hanna apontou para o Grimório dos bichos.

-Anoto, estudo e invento.

-Eu li um pouco, e vi que você está planejando controlar o berrante, como pretende fazer isso?

-Bom, eu já tentei armadilhas, rosas negras até um carinho no pescoço, mas ele não é fácil de lidar. - Disse em tom de piada, logo completou mais sério dizendo:

-Tem algumas escrituras em uma grande rocha na floresta, você viu?

-Vi! Passei por ela, muito estranha não é? - Disse Hanna.

-Eu traduzi as escrituras, eram runas, elas diziam o seguinte, "A fonte de todo mal, a Entidade que caminha no outro lado."

Hanna se arrepiou por completo, e assustada disse:

-O que isso quer dizer?

-Alguns anos atrás eu estive em Jallagard, fica aqui por perto, eu estudei algumas coisas sobre um culto muito antigo... Essa escritura, tem uma relação muito forte com o que eu estudei.

-Fala logo o que você estudou! - Hanna estava ansiosa para saber.

-Havia uma religião muito antiga que foi extinta pela igreja, eles eram os sombrios, acreditava-se que feiticeiros podia falar com uma entidade muito poderosa, e essa entidade tem poder sobre todos esses monstros e criaturas aí, assim como o berrante.

-Eles não existem mais? - Disse Hanna.

-Na verdade eu não sei, a igreja tem esse jeitinho carinhoso de queimar tudo que vai contra as suas convicções. 

Disse Hendallir frustrado enquanto se levantou da cadeira e foi em direção a janela que havia ao lado da porta, abriu e deu um beijo na coruja, que em seguida voou para fora da cabana, Hendallir fechou a janela e disse:

-Você nunca me contou de onde você veio.

-Eu vim de Santaheim, é perto de Belgard.

Quando Hanna disse aquilo, Hendallir rapidamente se virou para ela e expressando muita surpresa ele disse:

-Você não se parece com ninguém que vem de lá.

-Você conhece Belgard? - Disse Hanna, assim que percebeu que Hendallir era observador.

-Eu nasci em Belgard, morei lá durante todo o reinado de Sartur, e quando a igreja o assassinou eu fugi para Jallagard.

-Por que você fugiu? 

-Eu estudava muitas religiões consideradas pagãs pela igreja, e Belgard é o epicentro dela, então assim que o rei morreu, o jovem príncipe estava com sua fama suja... Não iria demorar até a igreja tomar o controle de tudo.

-Bem... Eu não sou de Belgard, na verdade sou de Santaheim - Disse a garota.

-Eu imaginei. - Ele sorria assim que ela admitiu.

-Eu nunca estive em Belgard, meus pais morreram quando eu era menor e então eu fui criada na floresta.

-Por que diabos você foi criada numa floresta?  - Ele indagou com muita vontade.

Hanna ergueu suas sobrancelhas expressando o óbvio novamente, ambos estavam morando na floresta, e quando Hendallir percebeu ele disse:

-Por acaso você é bruxa? Por que a igreja iria atrás de você?

-Não sou bruxa, a igreja simplesmente queimou Santaheim por conta das bruxas.

-Que bom que eu saí de lá faz muito tempo. - Ele disse com orgulho.

-Meu irmão adotivo... ele é um bruxo.

-Meus profundos sentimentos. - Disse Hendallir na intuição.

-Ele não morreu... Eu acho, quando eu fugi ele já não estava comigo.

-As chances de haver um bruxo vivo no território de Belgard são minimas minha jovem...

Hanna ficou pensativa com o que Hendallir disse, se levantou para pegar o Grimório dos monstros e assim que pegou aquele livro negro, ela começou a ler do começo ao fim, cada anotação, para não pensar no pior.