Capítulo 11 - A tempestade

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Naquela noite fria, logo acima do pântano estava a coruja branca, planando com o vento observando tudo que havia ao redor, enquanto ela sobrevoava ao sul, percebeu ao longe diversas luzes amareladas pela estrada, então decidiu voar mais perto e quando se aproximou se deu conta de que eram vinte homens de capuzes negros com tochas e espadas, estavam todos vindo em direção ao pântano. Ao ver aquilo a coruja retornou batendo suas asas e deixando várias penas brancas pelo ar, mergulhou em direção a mata, e chegou até a cabana e entrou pela janela. Todo aquele barulho acordou o velho Hendallir e Hanna:

-O que está acontecendo? - Indagou Hanna assustada assim que acordou.

-Mas que droga! Temos que sair agora! Os malditos conseguiram me achar de novo.

-Quem achou você? Como assim?

-A igreja está me perseguindo e eles vão nos achar novamente.

Hanna ouviu aquilo e teve algumas lembranças de quando era menor, uma imagem extremamente triste aparecia em sua mente, seu pai caído ao chão com muito sangue.  Ela estava sentindo uma tristeza e um medo profundo mas se levantou e começou a organizar suas coisas, pegou seu arco, vestiu sua roupa de couro e dentro de uma bolsa de pano guardou alguns livros importantes e anotações de Hendallir. Ambos saíram pela porta, foram direção as flores e colheram cada um uma Rosa negra e guardaram dentro de sua roupa, Hanna e Hendallir trocaram olhares, e sem dizer nada saíram em direção a floresta. Aquela noite era esperada por ele a muito tempo. Enquanto caminhavam pelo pântano ouviam os gritos do berrante, ele sabia que eles estavam em seu território, então Hanna se assustou e olhou para Hendallir expressando aquele desespero, mas ele sussurrou:

-Não se preocupe, ele apenas sabe que estamos aqui, mas não vai nos achar. 

Assim que ele disse aquilo, retirou da sua roupa a rosa que pegou e mostrou para Hanna. Ela compreendeu e eles continuaram andando, calmamente ouviam toda a natureza viva, os grilos e os pássaros e logo em seguida ouviram novamente um grito ensurdecedor do monstro mais ao fundo, desta vez estava do outro lado deles, porém assim que o berrante gritou, ouviu-se alguns gritos humanos de dor. Hanna ouviu e disse:

-O que foi isso?

-Eles estão aqui, mas o berrante vai atrasá-los.

Então Hendallir pegou no braço de Hanna e começou a caminhar mais rápido, até que logo atrás de algumas árvores, eles chegaram na grande pedra cheia de escrituras, era uma magia muito forte que emanava daquele lugar...

A praça de Jallagard estava silenciosa e calma, Derick estava vagando pela noite em busca de Peter e quando largou aquela moeda e voltou para realidade se indagou, para onde aqueles homens estavam indo... Até que então, algo estranho aconteceu com a mente de Derick, uma imagem preencheu sua mente, ocupando seus pensamentos, trazendo-o para dentro de uma alucinação. Derick estava em uma floresta escura, uma névoa branca cobria o chão, e as árvores eram altas, ele olhou ao redor e não viu nada, apenas ouviu os gritos do berrante junto com os gritos de tortura dos homens que morriam, ele não sabia bem o que aquela alucinação estava dizendo, então seguindo logo a frente, Derick viu uma luz violeta forte emanando de trás de algumas árvores, cautelosamente ele foi em direção a luz, quando ele se aproximava a luz se apagou e ali estavam Hendallir e Hanna, os dois passavam pela pedra com cautela como se estivessem fugindo e se escondendo. Derick olhava fixamente para aquela imagem, eles não podiam o ver, mas parecia tudo tão real como se ele realmente estivesse naquele lugar, mas a alucinação chegava ao fim quando de repente a coruja branca de Hendallir aparecia da copa das árvores e pousava no topo da grande pedra, ao tocar a pedra era como se uma explosão de luz trouxesse Derick de volta para seu corpo.


Hendallir e Hanna corriam pela mata a um bom tempo, ambos estavam cansados e seus passos já estavam muito pesados, com seus sapatos cheio de lama, quando então avistaram entre as árvores o grande campo verde, era a saída. 

-Vamos por aqui! - Disse Hendallir enquanto guiava Hanna.

Ela apenas o seguia levando a mochila e seu arco, e assim que pisaram fora da floresta, uma brisa de ar fresco bateu em seus rostos, era como uma sensação de liberdade que Hendallir não sentia a muito tempo.

-E agora? para onde vamos?

Indagou Hanna enquanto paravam para se sentar em um tronco caído sob a ultima árvore do pântano, estavam ofegantes, hanna se sentou e largou suas bagagens enquanto Hendallir de pé abria um mapa velho que ele trouxe consigo. Aquele papel amarelado e um pouco manchado aparentava ter sido guardado a anos. 

-O que é isso? Perguntou Hanna com sua voz ofegante.

Hendallir não respondeu a pergunta de Hanna pois estava completamente concentrado naquele papel. Passava o dedo sob a folha como se calculasse alguma coisa e falava baixinho sozinho. Hanna então levantou e foi em direção a ele para ver o que ele estava vendo, e quando chegou viu o mapa dos reinos, mas parecia um mapa detalhado e rabiscado feito a mão. Hendallir estava com o dedo sob o pântano onde eles estavam, logo abaixo do pântano havia uma cidade enorme e uma escritura dizia "Hungard". Hanna nunca tinha ouvido falar daquela cidade e então perguntou.

-Hungard? Onde fica?

-Jallagard se chamava Hungard antes do reino de Jalla.

Hanna se impressionou com aquela informação, e seu pensamento rapidamente concluiu, 

"É preciso ter uma alta dose de ego para nomear uma cidade com seu próprio nome."

-Para onde vamos agora? 

-Estou pensando. - Disse Hendallir, e logo concluíu.

-Jallagard está atrás de mim, não podemos nem chegar perto daquele lugar... 

Pensava Hendallir enquanto segurava o mapa com uma das mãos, e acariciava sua própria barba grisalha com a outra. Logo acima do Pântano que separava Jallagard de onde eles estavam, havia Belgard e Santaheim mais ao norte.

-A porcaria da Igreja está em todo o lugar, não podemos ir as grandes cidades. - Concluiu Hendallir...

-Como é Santaheim? Você disse que nasceu lá não é?

-Santaheim não existe mais, a igreja queimou tudo. - Disse Hanna com lagrimas nos olhos, e um grande ódio que guardava no coração, pelos que havia perdido naquela cidade.

Hendallir arrastava o dedo sob o mapa e passando por Belgard, viu que havia uma última opção na qual não tinha pensado antes... 

-O reino Dahlag! 

-Está falando de Porto Oeste? - Hanna não conhecia o reino mencionado.

-Isso! O reino Dahlag pode ser a nossa chance.

-Como sabe que a igreja também não está lá? 

-Ah! Dahlag pertence ao Philip, se eu me lembro bem, Philip detesta a igreja! - Disse Hendallir com nostalgia.

-E quanto tempo faz que você não vai lá? 

Hendallir olhou para Hanna com uma cara fechada, e disse;

-O que quer dizer com isso? Eu sei que sou velho... Mas não sou burro.

-Tudo bem... Vamos então.

Ambos juntaram suas coisas e seguiram a estrada em direção ao Oeste, em uma jornada de sorte em busca de abrigo.

-Tempestade! - Hendallir olhou para trás e chamou sua coruja, que em seguida voou a frente do caminho com a intenção de alertar sobre o perigo...


Mondsohn-  NeueweltOnde histórias criam vida. Descubra agora