– Descobri que o culto daquela noite era dedicada ao deus do Submundo, Aeon, da Trindade divina
– Isso não faz o menor sentido, Hyde
Khairo me interrompeu com sua voz descrente. Tinha voltado a sua pose anterior, com as costas na parede mais longe e braços cruzados, evitando tremer diante de mim.
– Não? O que, exatamente, não faz sentido para você?
– Para começar esse papo de que o demônio te concedeu forças para executar uma vingança
– Ah, isso – Reviro os olhos com humor – Eu dei a ele aquelas almas quando os matei
– Não, não deu – Ele rebate – Para aprisionar uma alma, precisa de um ritual certo e algo para a prender no Plano Material. Você não fez nada além de assassinato brutal e inumano
– Tem razão
– Então está mentindo ou deixando de me contar parte do que aconteceu
– Creio que tenha omitido algumas coisas – Dou de ombro – Afinal, foi há tanto tempo
– Dez anos – Ele ralha – Dez anos, isso mudou tudo em você!
– Tem razão novamente, irmãozinho
– Khairo, meu nome é Khairo
– Eu sei seu nome
– Então repita!
Mas em vez disso dei risada de sua cara raivosa, isso o deixou pior ainda e em instantes seu soco me acertou no rosto, girando minha cabeça para a direita com o impacto.
– Cuidado, Khairo – Alerto – Está muito próximo de um demônio
– Maldito – Khairo se afasta – O que aconteceu?
– Digamos que o demônio, meu lorde, ofereceu uma barganha irrecusável. Eu ganharia o poder de me vingar se absorvesse os poderes de um servo dele – Lembro vagamente desta parte, na verdade, suas palavras entraram em minha mente e desapareceram como névoa. Apenas o pacto continuou.
– E que servo era?
– Um Cavaleiro
O título dado ao servo de um demônio poderoso, um lorde, de fato. E na hierarquia, o Cavaleiro era sua espada, a arma que guerreava contra outros de sua espécia. Mas pouco se sabia sobre eles além do que eu descobri com o passar dos anos ... Sanguinários, cruéis, devoradores de terror e ainda fiéis aos seus donos.
– Ainda não sou completamente um demônio – Me corrijo – Tenho ainda alguma coisa humana, talvez a mortalidade, como pode ver
– Sei, percebi isso. Você ainda pode falar a verdade
– É – Miro seus olhos gelados – E você? O que se tornou?
– Como assim?
– É agora uma fada? Um feérico?
– Seu inimigo
– Com certeza
– O que o demônio te deu para prender as almas daqueles homens?
– Voltamos ao interrogatório? Sem um vinho?
– Estou perdendo a paciência, Hyde
– Achei que já tivesse perdido – Falo com falsa ingenuidade e levo outro soco – Que força de mulherzinha, Khairo. Com certeza homem de verdade não se tornou
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Hyde
FantasyUm jovem perdeu toda sua vida aos quinze anos, quando um grupo de adoradores de um deus maligno aparece para um enorme sacrifício e mataram toda uma população em um ritual nefasto. Então Hyde Noustruem perdeu tudo naquela noite: Título, terras, fa...