Capítulo Nove: Nosso passado - Parte II

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– Descobri que o culto daquela noite era dedicada ao deus do Submundo, Aeon, da Trindade divina

– Isso não faz o menor sentido, Hyde

Khairo me interrompeu com sua voz descrente. Tinha voltado a sua pose anterior, com as costas na parede mais longe e braços cruzados, evitando tremer diante de mim.

– Não? O que, exatamente, não faz sentido para você?

– Para começar esse papo de que o demônio te concedeu forças para executar uma vingança

– Ah, isso – Reviro os olhos com humor – Eu dei a ele aquelas almas quando os matei

– Não, não deu – Ele rebate – Para aprisionar uma alma, precisa de um ritual certo e algo para a prender no Plano Material. Você não fez nada além de assassinato brutal e inumano

– Tem razão

– Então está mentindo ou deixando de me contar parte do que aconteceu

– Creio que tenha omitido algumas coisas – Dou de ombro – Afinal, foi há tanto tempo

– Dez anos – Ele ralha – Dez anos, isso mudou tudo em você!

– Tem razão novamente, irmãozinho

– Khairo, meu nome é Khairo

– Eu sei seu nome

– Então repita!

Mas em vez disso dei risada de sua cara raivosa, isso o deixou pior ainda e em instantes seu soco me acertou no rosto, girando minha cabeça para a direita com o impacto.

– Cuidado, Khairo – Alerto – Está muito próximo de um demônio

– Maldito – Khairo se afasta – O que aconteceu?

– Digamos que o demônio, meu lorde, ofereceu uma barganha irrecusável. Eu ganharia o poder de me vingar se absorvesse os poderes de um servo dele – Lembro vagamente desta parte, na verdade, suas palavras entraram em minha mente e desapareceram como névoa. Apenas o pacto continuou.

– E que servo era?

– Um Cavaleiro

O título dado ao servo de um demônio poderoso, um lorde, de fato. E na hierarquia, o Cavaleiro era sua espada, a arma que guerreava contra outros de sua espécia. Mas pouco se sabia sobre eles além do que eu descobri com o passar dos anos ... Sanguinários, cruéis, devoradores de terror e ainda fiéis aos seus donos.

– Ainda não sou completamente um demônio – Me corrijo – Tenho ainda alguma coisa humana, talvez a mortalidade, como pode ver

– Sei, percebi isso. Você ainda pode falar a verdade

– É – Miro seus olhos gelados – E você? O que se tornou?

– Como assim?

– É agora uma fada? Um feérico?

– Seu inimigo

– Com certeza

– O que o demônio te deu para prender as almas daqueles homens?

– Voltamos ao interrogatório? Sem um vinho?

– Estou perdendo a paciência, Hyde

– Achei que já tivesse perdido – Falo com falsa ingenuidade e levo outro soco – Que força de mulherzinha, Khairo. Com certeza homem de verdade não se tornou

HydeOnde histórias criam vida. Descubra agora