– Ah, quase esqueço de te dizer uma coisa!
Tinha saído do bar com Mefistom ainda vestido de advogado. Todos olharam para ele e estranharam a personalidade e saltinhos, em comparação com o posto alto na sociedade. Ele bateu as palmas e se virou no meio da rua, atrapalhando o caminhar dos pedestres.
– Eu consegui abafar sobre seus poderes, assim como os guardas. Você sabe, né? Poderia causar temores desnecessários – Ele dizia com indiferença – O importante é que para os Filhos do Sol de sua caravana, você é um mestiço de driaque negro. Uma cria draconiana com rara habilidade de transmutar o corpo para algo mais ... de dragão
– Que nojo – Faço uma careta.
– Pois bem – Mefistom me encara com seriedade mais do que rara – Vai manter isso e vai embora das Ilhas. O mais rápido possível
– E por quê?
– Além do óbvio? Vão descobrir que o homem que pegaram não é o Ceifeiro Rubro – Ele fala baixinho esta última parte – E depois disso será fácil compreender que deixaram escapar o verdadeiro. Um demônio. O que faz mais sentido que um Filho do sol errante, não concorda?
A raça demoníaca era algo mais bestial, seres sem qualquer racionalidade e por vezes gerados de mutações. A verdadeira origem dos demônios tem mais a ver com o Inferno do que alguma maldade gerada com magia proibida, mas é obvio que este mundo oculta mais coisas do que deveria. Quando percebi sobre meus poderes, pesquisei o máximo que consegui. Desde pergaminhos que encontrei pelo caminho até conversas com o próprio Mefistom.
"É mais fácil para os demônios se encobrirem com mentiras, deixar que os vivos acreditem que somos apenas animais bestiais que podem ser caçados, quando na verdade, somos seres evoluídos e pecaminosos. Apenas o povo das fadas conhece nossa verdadeira origem ...", ele me disse certa vez.
– Infelizmente – Digo para ele e para o devaneio mental que tive.
– Em Ra-Wa não tem demonologista, que coisa, né? – Não parecia coincidência – Vai demorar uma semana ou mais para chegar e quando o especialista trouxer seu relatório sobre as vítimas em Ábalo, você deverá já estar no navio para Arcaden
– Mas eles vão mandar pessoas para me perseguir – Pondero – Será questão de tempo
– É, pois é
– Você tem um plano de longa duração? Algo que me salve?
– Sim, tenho. Mas preciso de tempo e só de você chegar em Arcaden será o suficiente
– E o que você vai fazer?
– Cortar a língua de algumas pessoas que podem te reconhecer – Seu sorriso agora era de puro divertimento – E você vai me dever bastante
– Isso eu já esperava
Dou de ombros e volto a caminhar, ignorando o ainda parado Mefistom. Sua presença sumiu e nem precisei olhar para trás para saber que o meu advogado virou sombras e já estava muito longe.
Queria ter esse poder ...
E no momento que pensei isso, a imagem de Mefistom no bar me vem a mente. É, de fato a ganância humana era uma coisa gorda. Mas tinha uma coisa que ainda duvidava.
Os humanos eram apenas extensões de demônios, e não o contrário. Eu precisava acreditar que nasci para a maldade, porque se fosse o oposto, então eu apodreci porque desisti.
Em algum momento desisti de lutar pelo bem.
Quando voltei para a Caravana do Sol, encontrei Azs-He-Wur caminhando de um lado ao outro dentro de nosso vagão e ao me ver cerrou os punhos para me golpear. Tudo estava uma bagunça, não havia espaço para qualquer movimento defensivo, mas consigo desviar de três socos tão ágeis como o ataque de uma cobra, mas no quarto ... Ele me acertou no ombro direito com bastante força, rosnando e exalando um cheiro de enxofre.
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Hyde
FantasyUm jovem perdeu toda sua vida aos quinze anos, quando um grupo de adoradores de um deus maligno aparece para um enorme sacrifício e mataram toda uma população em um ritual nefasto. Então Hyde Noustruem perdeu tudo naquela noite: Título, terras, fa...