_Não precisa ficar ai, olhando de longe.
Addison se assustou com a voz. Ela estava um tanto distraída, olhando Meredith através do vidro. Desde que o médico permitiu a entrada de parentes, Mer não tinha saído do lado do pai, e Addie não tinha saído da parede de vidro.
_Acha que vai acabar tudo bem? - Perguntou a Ellis, que se juntou a ela.
_Eu não sei. - Ela sorriu. - Richard já está cansado, não sei se tem forças pra continuar.
Addison bufou baixo, e voltou seu olhar para Meredith. Ela estava sentada ao lado do pai, segurando sua mão e sussurrando algo que Addie não conseguia ouvir.
Por mais que não aparentasse, ela imaginava a dor que Grey estava sentindo, e queria poder impedir que ela sofresse.
_Ela gosta muito de você. - Ellis sussurrou.
_Duvido muito. - Retrucou, se lembrando da ameaça que recebeu mais cedo.
_Não deveria duvidar. - Ela disse, depois de uns segundos de silêncio. - Mer só tem um jeito torto de amar, não quer dizer que ela não ame.
Montgomery olhou para a Sra Grey, e logo voltou a olhar para dentro do quarto.
Meredith a amava?
Parecia um tanto improvável para ela. Que ela gostava, ou sentia algo por ela, era óbvio, mas amar?
Então Addison se fez uma pergunta.
O que era amor?
Ela amava Meredith?
A resposta veio no momento em que seus olhares se cruzaram.
Sim.
Ela amava a mulher decidida dos olhos tristes. Ela amava o jeito que ela torcia os lábios, quando algo não a agradava. Quando ela a arranhava na hora do prazer, ou quando erguia a sobrancelha.
O sorriso discreto, o debochado, o malicioso, e o que ela mais gostava, o sorriso sincero. Aquele que ela raramente mostrava, e que a deixava tão linda.
Ela era fodidamente apaixonada por Meredith.
_Eu amo a sua filha. - Ela admitiu, fazendo Ellia sorrir de maneira maternal.
_Por que não diz isso a ela? - Perguntou, dando uma batida leve no vidro. - Leva ela pra se distrair um pouco.
Mer saiu do quarto, bem contrariada, mas obedeceu a mãe.
Ela parecia muito cansada, estava com uma expressão estranha no rosto e umas olheiras enormes.
_Vai com a Addie. - Ellis disse para a filha. - Está tarde, você precisa descansar.
_Eu vou ficar, não preciso descansar. - Disse, fazendo pirraça.
_Meredith, está decidido - Ellis falou, com delicadeza e seriedade - Eu fico com seu pai, e você vai pra casa.
Meredith queria dizer não, e ficar ao lado do pai. Queria gritar com Ellis, dizer que não era mais uma criança e que não seguiria ordens. Mas viu o sofrimento da mãe, o cansaço que abatia, a sempre perfeita, senhora Grey. Ela não queria causar mais problemas, então aceitou as ordens da mãe.
_Me liga. - Pediu a loira. - Qualquer coisa, um espirro, me liga. Por favor.
_Pode ficar tranquila, amor. - Ellis abraçou a filha. - Vai ficar tudo bem.
Addie acompanhou Meredith até em casa, e novamente, o caminho foi feito em silêncio. Ela preferiu prestar atenção na estrada, e Mer estava perdida em pensamentos.
A loira parecia perturbada, como se algo, além do estado do pai, a estivesse atormentando.
_Está entregue. - Disse, assim que chegaram ao apartamento de Grey. - Você vai ficar bem?
Ela não respondeu, porque não sabia o que responder. Não sabia se tudo ficaria bem, se ela ficaria bem. Ela queria acordar, e ver que estava num pesadelo horrível, mas que não passava de um sonho ruim.
Ela não convidou Addison para ficar, mas também não disse pra ela ir. Na verdade, ela não disse nada, e isso preocupou a ruiva. Ela estava quieta demais, e para o momento que estava vivendo, isso era ruim.
Meredith pareceu não se importar com a presença da outra, ela correu para o seu quarto e agarrou Teddy.
Se sentia com cinco anos novamente, via alguém que amava partir, e não podia fazer nada.
Ela não queria sair do hospital, porque da última vez que deixou alguém, recebeu uma notícia ruim depois.
Foi assim com Susan, estava sendo assim com Richard. Ela estava vivendo um inferno, e parecia que não ia parar nunca, que ela nunca teria paz.
Por que o pai tinha que ter ido atrás de Fillipe?
Por que não deixou que ela resolvesse?
Ela se sentia culpada, pensava que se não tivesse contado ao pai, ele ainda estaria ali, cheio de vida ao lado dela e da mãe.
_A culpa é minha. - Grey sussurrou pra si mesma.
_Ou, não se torture tanto.
Addie estava observando ela, viu quando ela se agarrou ao velho urso e a ouviu se culpar pela situação do pai.
_Essa nem parece a Mer que me ameaçou no hospital. - a ruiva sorriu, tentando animá-la e falhando miseravelmente.
_Você não me conhece, não sabe nada sobre mim.
Addie revirou os olhos, reconhecendo a tática dela. Aquele era o jeito dela se defender, atacando e mantendo as pessoas longe. Não funcionaria, não naquela noite.
_Bom, eu conheço um pouquinho. - Disse, se juntando a loira na cama. - Eu sei que sua cor preferida é vermelho, e que você odeia rosa.
Grey olhou para ela, que sorriu e continuou :
_Sua comida preferida é lasanha, você ama paçoca e é alérgica a abacaxi.
Eu sei que odeia filmes de romance, porque acha bobo. E prefere o frio ao calor.Você odeia flores, mas adora ursos e filhotes.Meredith sorriu melancólica, ouvindo Addison contar detalhes da vida dela, coisas que quase ninguém sabia.
Mesmo mostrando saber muito, Addie não sabia de nada. Ela queria contar as mesmas coisas que contou ao pai, mas não teve coragem.Simplesmente não conseguiu dizer a ela, que aquela mulher que ela conhecia tão bem, não existia. Que ela não passava de uma casca, usada para esconder uma menina indefesa e rancorosa. Addie era a única capaz de fazer com que se sentisse bem, a única que a entendia e ela não queria perder isso.
_Addie...
_Eu sei que está sendo difícil, mesmo você fazendo questão de esconder. Eu te conheço, sei quando...
_Não. - A interrompeu. - Você não me conhece.
Meredith pulou da cama e voltou a vestir o terninho de Addie.
_Aonde você vai a essa hora? - Ela perguntou, seguindo-a pela casa.
_Eu não. Nós. - Falou, pegando as chaves e abrindo a porta do apartamento. - Tenho que te mostrar uma coisa.
_Precisa ser agora?
_Precisa. - Meredith a puxou para fora, trancando a porta atrás de si. - Hoje você vai conhecer Lara Almeida.
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REVENGE - G!P
Fanfiction[Concluída]_Por que a deixou viva? - Um dos capangas perguntou. _Ela é só uma criança idiota. - O patrão respondeu, com tom de desdém. - Não vai fazer mal a ninguém. _Errou! - Ela sussurrou sorrindo. Adaptação. Autoria de @Ally_Ligth