Not In That Way

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2016, Janeiro

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2016, Janeiro


Abri a porta do meu apartamento completamente exausta, o Ano Novo foi bem agitado e não dormi o suficiente mesmo sabendo que no outro dia iria precisar acordar cedo para trabalhar. Decidi que passaria a virada do ano em uma boate, não queria ficar em casa sozinha, já bastava ter ficado só no Natal. E a ideia no começo foi bem legal, mas depois eu só consegui pensar que estava fingindo uma felicidade que não pertence a mim. Eu não sou esse tipo de pessoa.

Eu jamais iria cogitar a ideia de passar uma data tão especial ao redor de desconhecidos, mas, eu estou sozinha. Eu não tenho mais os meus pais biológicos e nem os adotivos, eu não tenho irmãos, não tenho tios, tias, primos, nada. E meus amigos da escola eu perdi o contato com quase todos. O único que sobrou viajou e nem sequer se despediu de mim.

E a minha amiga da faculdade também viajou, foi visitar os pais que não via há meses. Eu nem sequer consigo culpar nenhum deles por me deixarem sozinha. Eles não têm culpa se eu sou órfã.

Mas, me sinto magoada por Youssef não me convidar para viajar com ele. Caramba, nós estamos juntos há mais de um ano, por que ele não me convidou para viajar com ele? Eu sei que não foi uma viagem de trabalho, caso contrário eu iria entender completamente, nem faz sentido que eu vá com ele, temos formações diferente e eu só seria um peso morto.

Suspirei me sentindo novamente sozinha no mundo.

Abri a geladeira e peguei uma garrafa de vinho branco que tinha deixado ali para beber quando chegasse, sabia que ia me sentir fracassada e estava certa, eu sou uma fracassada.

Coloquei as minhas coisas no sofá, tirei a minha sandália de salto e sentei no chão, abri a garrafa e comecei a beber no gargalo mesmo, não iria sujar copo desnecessariamente. Já perdi parte da minha dignidade ontem em público quando comecei a chorar na contagem regressiva.

Algumas pessoas ao redor me encararam preocupadas, um grupo de mulheres se aproximou e perguntou se estava tudo bem comigo, se algum cara tinha feito algo e eu apenas disse que não tinha ninguém para passar o Ano Novo. Elas me convidaram para ficar com elas e eu fui, mas não durou vinte minutos e eu decidi que estava atrapalhando a comemoração delas.

Também pudera, estavam todas muito animadas e eu ali, completamente no fundo do poço, remoendo histórias do passado e a ponto de chorar com qualquer palavra dita.

Elas não tentaram se aproximar de mim novamente, e fiquei satisfeita. Depois que cheguei em casa, só consegui beber e chorar. Olho o meu vestido, todo brilhoso, eu deveria... Não, eu MERECIA ter alguém especial para passar essa noite comigo.

Será que vai ser sempre assim? Eu vou passar todas as noites de Ano Novo sozinha? É esse o meu maldito destino? Ser a tiazona da família? Ou melhor, dos amigos, já que os únicos familiares de sangue que eu tinha faleceram há muito tempo atrás.



Dia nove de Janeiro, todos já voltaram à sua vida normal, a minha rotina voltou a ser a mesma. De casa para o trabalho, do trabalho para o supermercado, do supermercado para casa. E todos os dias têm sido assim. Parei de fazer compras mensais e faço compras diárias. Assim, eu tenho um lugar a mais para frequentar e me sinto menos solitária.

Saio do supermercado segurando dois sacos pardo, escolhi fazer um bife à parmegiana essa noite. Comprei carne, queijo, molho e até mesmo macarrão. Faria um macarrão alho e óleo para acompanhar, talvez um pouco de batata frita. Me parece uma boa opção de jantar. E espero que seja mesmo.

Giro a chave na porta do meu apartamento e entro despreocupada, solto um ar pesado que eu estava segurando sem nem saber o porque, coloco as minhas chaves e moeda no pote perto da televisão e então paro tudo o que estava fazendo quando me dou conta que tem um homem sentado no meu sofá. E não é um homem qualquer, é o Youssef.

― Youssef, o que você faz aqui? ― Pergunto confusa.

― Ei, eu cheguei de viagem tem dois dias. Resolvi vir visitar você, saber como está. Ainda posso desejar feliz Ano Novo ou está tarde já? ― Ele levantou do sofá abrindo os braços como se quisesse me abraçar, ele veio na direção e fez exatamente isso. Me abraçou apertado e eu soltei tudo o que segurava para retribuir o beijo que ele iniciou ingenuamente mas está ficando tão quente quando o deserto do Saara.

― Ok, oi. Eu, estou surpresa em ver você aqui. ― Cruzei os meus braços depois de afastar ele. ― Você simplesmente sumiu, viajou para ver os seus pais e nem sequer fez um convite. Você sabe o quanto eu adoro eles e o quanto eles me amam ― Eu sinto falta dos pais do Youssef, eles sempre me acolheram tão bem. Bem antes do falecimento dos meus pais, eles sempre me ofereciam muita comida quando ia visitar eles. E eu simplesmente adorava os mimos e paparicos.

― Ah, foi uma coisa de última hora. Não convidei você pois achei que teria planos ― E eu franzi a testa. Planos? Com quem? Com a minha família? Será que ele pensou que iria passar o Ano Novo na casa de alguém, mesmo sabendo que eu não tenho ninguém além dele e da Anne Liz?

― Hm, tudo bem. Eu vou preparar o jantar. Bife a parmegiana e macarrão alho e óleo, vai querer? ― Ele abriu um sorriso enorme, e tão lindo, que as minhas pernas falharam por um momento. Rapidamente me esqueci do quão brava e chateada eu estava com o Youssef. Eu sou incapaz de ficar realmente brigada com ele. As nossas brigas nunca duraram mais que vinte minutos.

― Vou querer, é a especialidade da chef, bife a parmegiana ― E eu ri, na verdade eu só fiz uma única vez, quando ainda estávamos na escola, e foi um verdadeiro desastre. Acabei temperando o bife demais e deixei tempo demais no forno.

― Haha, não me venha com gracinhas pois eu ainda estou chateada com você ― Disse saindo do abraço dele e pegando todas as coisas que deixei cair e andei até a cozinha, pegando tudo o que era necessário para fazer o nosso jantar.

― Ok, me perdoa. Eu não achei que fosse querer ir comigo. Me perdoa? ― E o You fez um biquinho irresistível e eu acabei realmente o perdoando, a nossa noite foi quase perfeita.

Exceto pelo maldito momento que eu decidi perguntar o que somos, e se ele gosta de mim. E tudo o que eu ouvi foi um "Eu te amo, mas não desse jeito". E quando ele notou o quão arrasada eu fiquei, ele tentou consertar as coisas dizendo que ainda era cedo para dizer que estamos apaixonados e qualquer besteira do tipo.

Novamente, me vi cedendo aos poucos para Youssef. Concordando mais uma vez, que sim, ele tem razão. Me sinto uma estúpida.

No outro dia, quando amanheceu, Youssef não estava deitado ao meu lado, dormindo abraçado comigo. Ele sumiu por dias, e quando apareceu novamente, não tocamos no assunto porque eu preferi fingir que nada tinha acontecido. No final da noite, fizemos amor tão bom quanto todas as outras vezes, e novamente, quando acordei, ele não estava mais lá. E isso se repetiu todas as vezes. Até que em um certo momento, ele sumiu de vez.

Terceira parte do meu conto de amor, espero que estejam curtindo

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Terceira parte do meu conto de amor, espero que estejam curtindo. O que estão achando dos personagens? Deixe o seu voto e um comentário. Boa leitura, beijos.

Contos de Amor: O espaço que é só seu [COMPLETO ✅]Onde histórias criam vida. Descubra agora