Fire On Fire

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2014, Julho

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2014, Julho


Andava de um lado para o outro no saguão do aeroporto, eu estou tão nervosa para rever o meu melhor amigo. Desde que ele mudou para Inglaterra eu o vi pouquíssimas vezes.

Ele veio para Nova Iorque quando os meus pais adotivos morreram. Primeiro foi a Martha, ela descobriu um câncer no útero, já estava em um estágio avançado e os médicos não tinham muito o que fazer para ajudar. Durante as últimas semanas de vida, eu conversava todo começo e fim de noite com Youssef, aquilo aliviava um pouco a minha tristeza, mas não era a mesma coisa. Depois de três meses que descobrimos o câncer, Martha morreu. E Youssef pegou o primeiro avião para os Estados Unidos, ficou alguns dias comigo e precisou voltar pois tinha prova e vários trabalhos para entregar.

Seis meses depois John acabou falecendo, ele entrou em depressão após a morte da esposa e não suportava acordar e não ter ela ao seu lado, como sempre foi. Eu e as outras crianças que eles cuidaram durante toda a vida fizemos uma homenagem a eles e depositamos uma quantia em dinheiro para o orfanato que nos abrigou. Desde então nunca mais vi eles. Dessa vez, Youssef só conseguiu ficar dois dias.

Eu estava na metade da faculdade e precisei trancar um semestre pois não tinha cabeça para nada, trabalhava dia e noite para conseguir juntar dinheiro, eu estava sozinha novamente. Sem os meus pais verdadeiros e agora sem os meus pais adotivos.

Só tinha Youssef.

Até que no meu último ano na faculdade, eu conheci Anne Liz.

― Bianca, você precisa parar. Está me deixando nervosa também, caramba. É só um cara, precisa disso tudo? ― E eu revirei os olhos. Ela sempre tenta fazer a situação parecer menos importante do que realmente é para eu me acalmar. E todas as vezes funciona.

― Você tem razão, é só um cara. O meu melhor amigo desde sempre, um cara ― Suspirei e sentei ao lado dela. Olhei no relógio em meu pulso e, se estiver mesmo certo, o Youssef chega em quinze minutos.

Não sei se eu consigo aguentar todo esse tempo sem surtar.

― Vamos comprar um refrigerante ― Pedi e ela me puxou.

― Você só pode estar louca, sabe quanto custa uma latinha de refrigerante no aeroporto? Se quiser tomar alguma coisa, vai ser água da torneira do banheiro. Eu não vou deixar você ser roubada desse jeito.

Rimos e eu fui relaxando, mas quando eu vi as pessoas começarem a passar pelo portão de desembarque eu sentia cada parte do meu corpo tremer e quando eu vi aquele cara alto, moreno e de corpo magro caminhando com tanta confiança, como se ele fosse o homem mais lindo do mundo, eu senti o meu coração sair pela boca e corri na direção dele.

― Youssef ― Falei pulando em seu colo, e ele deixou a mala cair para me segurar.

― Bianca, céus, você mudou ― Sorri, apenas cortei o cabelo, não mudei.

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