E, de tudo e de todos, Mannon Vanderwall evitava, principalmente os que lhe causavam algum sentimento, não era uma garota que não acreditava no amor, sabia que chegaria, uma hora ou outra, mas não que viria acompanhado de um sorriso malditamente ten...
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Uma chuva outonal caia sobre a cidade.
Típica para aquela época do ano mas não menos irritante, praguejos preenchia o ar junto aos trovões, estudantes atrasados para as aulas se apressavam pelos corredores, desviando uns dos outros em uma dança já conhecida, Mannon era um desses estudantes, mas diferente deles não andava ali por estar atrasada e sim por suas aulas simplesmente começarem tarde e considerar seu tempo melhor gasto dentro da biblioteca do que congelando a porta de uma sala que seria aberta apenas em duas horas.
Mannon possuía tempo e deveria se sentir o mais calma possível, mas seu corpo se recusava a relaxar, o nervosismo a corroia de dentro para fora toda vez que virava a esquina, conseguia visualizar exatamente onde seus pés deslizaram e seu corpo quase foi ao chão, Mannon havia adquirido um hematoma no quadril por isso, sentia-se observada todas as vezes que cruzava o arco para o espaço silencioso da biblioteca, mesas preenchiam o espaço, entre elas estantes, um grande quadrado virando cubículos de apreciação silenciosa, livres da distração.
Escolheria o mais ao fundo, onde os estudantes se recusaram a ir por ser muito distante da libertadora saída, perto demais das janelas e se tornando uma inevitável distração, mas Mannon o adorava, se permanecesse no lugar correto, poderia fumar sem ativar o alarme de incêndio e perto o suficiente das janelas para libertar a fumaça. Mas para isso deveria passar antes pelo homem em uniforme azul, todas as vezes que seus passos soavam pelo corredor ela podia sentir o olhar dele queimando as suas costas, ele sabia, Mannon acreditava fielmente que ele sabia.
Não possuía um rosto comum e andava com a postura que faltava a maioria dos estudantes, felizmente poderia esconder a ambos, usava casacos longos e normalmente mantinha o capuz erguido e a cabeça baixa, infelizmente, não era o suficiente, mas era o que poderia manejar no momento.
Ela passava muito tempo no campus e o tempo que não passava no campus era com problemas que qualquer um de sua família acreditava ser interessante jogar a ela, algumas vezes eram brigas bobas por algum brinco outras eram mais como uma catástrofe em algum dos dezenas de laboratórios, O que deve ser feito, Coralie?
Acontecia porque Harriet era boa com 'relacionamentos' - mandar em outros seres humanos sem os dar espaço para contestação- mas péssima nas questões empresariais. Carlo, vive dentro de um laboratório, sendo genial nas questões empresariais - era praticamente impossível que alguém conseguisse o acompanhar quando se trata em assuntos químicos e tecnológicos - mas era impossível se relacionar com Carlo, suas palavras eram perfeitas quando pronunciadas, mas ele simplesmente não conseguia manter toda aquela teia de relações de poder, elas escapavam de seus dedos, ruíam rapidamente. Cecile era quem normalmente fazia as negociações.
Era o sistema deles, funcionava, a distribuição de trabalho era perfeita e não deixava apenas uma pessoa sobrecarregada mas também deixa as pessoas confusas, normalmente era fácil distinguir com quem falar quando o problema vinha mas algumas vezes as crises eram grandes e precisavam de eficiência, e depois de anos de ligações sendo repassadas para a próxima pessoa com a mensagem 'não é a minha área' uma delas acabou em Mannon, ela não poderia ter mais de dezoito mas fez uma viagem para a Rússia e deu o melhor que pode, o problema foi resolvido, não com perfeição mas com a praticidade de uma garota de dezoito anos. Não demorou para as ligações passarem a vir diretamente para ela, principalmente depois que entendeu o que deveria fazer e isso apenas aconteceu depois dele, ele encarava aqueles problemas com um quê de divertimento que em primeiro momento enfureceu Mannon e foi o responsável por várias brigas, mas depois de um tempo Mannon entendeu, aquilo não deveria ser tratada como situações impossíveis ou crises insolúveis. Deveriam, na verdade, ser um jogo complexo e cheio de etapas, um embaralhado de regras e caminhos mas nunca impossível e muito menos insolúvel.