E, de tudo e de todos, Mannon Vanderwall evitava, principalmente os que lhe causavam algum sentimento, não era uma garota que não acreditava no amor, sabia que chegaria, uma hora ou outra, mas não que viria acompanhado de um sorriso malditamente ten...
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Aqueles segundos se discorreram no que pareciam ser décadas, Dominic tentou não pensar que aquela era uma despedida, mesmo que possuísse o sabor de uma.
Ele contornou a letra elegante de Mannon, palavras escritas às pressas, só conseguia se lembrar do que a garota um dia disse, com um olhar triste que só agora ele conseguia entender.
Sou péssima com despedidas, Dominic.
Ele se lembrava claramente de como Mannon não sorriu ao dizer aquilo, mesmo que Dominic tivesse, ela apenas apertou a sua mão e voltou a mente para o lugar distante que antes estava.
Dominic procurou por um isqueiro, lendo uma última vez o que havia escrito a Mannon, palavras que eram para ela e apenas para ela:
Eu adoraria memorizar todas as partes que compõem a sua alma.
As que você tão efetivamente despreza, as que você não admite sentir orgulho.
Eu adoraria saber o que você pensa, cada caminho da sua mente, entender as razões dos seus tão secretos sentimentos, tudo em você parece calculado, premeditado, com uma razão especifica para existir.
Às vezes é muito difícil lembrar que você é apenas uma garota, mas eu duvido que a sua alma seja formada do mesmo das outras, duvido que algo em você se resuma ao mero e pobre acaso, como eu poderia? Como, em qualquer caminho racional ou não pensar que alguém como você surgiria da mundana e monótona junção de dois corpos, dois seres humanos gerando um de forma tão simples, tão banal, tão simplesmente comum.
É um equívoco, acredito que você foi um ponto falho na natureza, pessoas assim não deveriam existir. Pessoas assim deveria ser reservada apenas as mais belas e puras coisas que compõem um mundo.
Eu adoraria decifrar cada ângulo do seu corpo, cada forma, linha e depressão, o que a fez assim? O que a formou assim?
Equivoco, continua a sempre ser um equívoco do universo.
Foram contornadas tantas vezes e com cores diferentes que o entendimento seria impossível para qualquer um, mas não para Dominic, ele quem as havia arranjado daquela forma, as palavras eram sobre Mannon e apenas para Mannon.
Não deveriam possuir o sabor amargo da despedida.
Mas seu coração novamente errou uma batida quando a pequena anotação em letra ligeiramente menor e mais corrida. Essa lhe era nova, a primeira vez que a tinha visto, poucos minutos atrás, mal tinha acreditado no que lia. Aquelas eram palavras de Mannon para ele, feitas com o intuito de já possuírem a dor de uma despedida.
Ele acendeu o fogo, tentou lutar contra a queimação das lágrimas.
Se, em todo o universo houvessem palavras mais belas e mentirosas colocadas juntas em alguma harmonia estranha, que, de algum modo faz cada parte do meu pobre corpo se arrepiar, que roubam a minha alma e mantém junto o que resta do meu coração, eu juro, por tudo que tenho e que ainda me resta, seriam estas.
Gostaria de poder eternizá-las, de alguma maneira.
Quando ele a conheceu sentia todo a dor de sentir que um dia quebraria o seu coração.
O que ele não sabia era que Mannon tomaria o trabalho para si, que ela assumiria a tarefa de o deixar em pedaços.
