Inabitados

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Bato os dedos contra a mesa e inalo os diversos aromas que vagam pelo espaço preenchido por palavras que se entrelaçam ao ar - graves e agudas.

Cercada por um bando de máscaras sorridentes, prevejo a destituição de cada lasca esbranquiçada sobre a mesa - cada qual revela uma fenda para o que percebo de faltoso. Retenho vossos olhares desalmados, gélidos, encarcerados - vós seríeis pessoas de fato, caso agísseis como tal. Não de acordo com a ideia que eu guardo de cascas vazias.

Seria qualquer tentativa de fuga distinguida pois vossos sentidos? Pois vos sois - a meu ver - rigidamente alheios às terras para além de vossos próprios umbigos. Não respiro e mal percebeis. Não me movo e sequer exigis que eu o faça.

Então, que sou e que faço aqui? Pouco concebo sugestões, senão que estou pra dizer que estive, a fim de que nenhuma maldosa falácia venenosa - por detrás de vossas máscaras escamosas - seja a meu respeito ou de quem me importa.



▪ falácia - mentira, hipocrisia, falsidade

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