Intemperismo

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Traga a chuva cujos sussurros dos seus estalos quebram as camadas de gelo que recobrem minha pele. Cedo à tempestade, cedo aos raios e ao choque que queima o ar e rompe a terra. Não há fôlego que me leve a uma corrida capaz de percorrer o raio desse mau tempo. Não há trajetória humanamente possível quando as montanhas que construímos cobrem sobre nossos ombros, a pressão que afunda nossos pés na areia.

Uma frente fria assopra desesperança por entre as árvores. Posso evoluir meu coração o quanto quiser, correr com a brisa enquanto houver céu aberto; quando fechar o tempo, não há força de vontade que anule o temporal.

Com todos os ambientes, compartilho o destino de ser entregue à erosão e ao intemperismo. De ser moldada nas mãos das placas sob meus pés e atirada por tornados na direção das planícies, onde os raios solares queimam as retinas, drenando os sais e a água de mim. Gota por gota, eu me derramo nas fendas dessa terra a espera de florescer algo mais resistente às batidas descompassadas das memórias pulsantes.



Notas: 

Ei! Quanto tempo! Estive pouco inspirada nos últimos tempos, mas encontrei esse texto em um rascunho e decidi fazer alguns ajustes antes de mandá-lo para vocês. Espero que gostem. Eu adoro relacionar elementos climáticos ou da paisagem com o eu lírico. É um recurso que me seduz muito. Esse livro continua extremamente pessoal, mas eu acho que vocês podem se identificar com facilidade. 

Se você tem alguma crítica, fique à vontade. O momento é seu.

Estou trabalhando em um enredo atualmente. É um romance/ficção adolescente chamado "Mil Asas de Borboleta". Há alguns capítulos disponíveis, que tal ir dar uma olhadinha mais tarde? Ajudaria muito ter seu apoio para esse projeto.

Beijos e estudem <3

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