12 - Final

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     O barulho do relógio daquela sala de espera tem sido o maior companheiro das manhãs de sábado e das tardes de quarta de Benjamin Jones-Taylor. A ligação de Brian com Freddie Mercury acabou o levando ao consultório do Doutor Hutton e de início, ele foi bem difícil para conseguir aceitar aquilo tudo e passar a confiar em Jim. Mas com as conversas que tinham, seus dias que antes não haviam nenhuma diferença foram passando de incômodos para normais e agora, habituado a toda aquela rotina nova, dividir uma beliche com Gwilym May-Lee fazia parte de uma das situações boas de sua vida. Os momentos finalmente faziam sentido. A família existia. E ele finalmente conseguia se sentir no controle de seus sentimentos, não precisava daquela personalidade carrancuda para se proteger, pois ele não tinha mais medo. M, seu amigo imaginário com quem conversava em sonhos, não mais existia, e isso não era mais uma preocupação, pois agora tinha a companhia de Jim e Freddie, os vários tempos em que passava junto de sua nova família enquanto ainda estava afastado do colégio. Isso tudo foi um verdadeiro remédio para Benjamin. Ele estava feliz.

    Mas não verdadeiramente satisfeito, não poderia estar.

— Certo, Ben, o que acha de voltar para escola? Se sente pronto.

— Eu acho uma ótima ideia, Jim.

   Aquela notícia não poderia ter chegado em melhor momento. Durante o tempo em que começou a se adaptar a nova vida, teve aulas em casa, pegava pesado na matéria acumulada junto com Gwilym, que se mostrou um bom irmão mais velho. Mas voltar poderia ser algo bom.

  Chegou na casa que agora conseguia chamar de sua. A convivência ali era algo mais natural do que pensava que seria. Largou sua mochila no chão e seguiu para a cozinha, onde sabia que encontraria Brian. Se cumprimentaram com um abraço, era o que faziam agora. Conversaram sobre o dia, as mais variadas coisas do cotidiano e quando terminaram, Ben retornou a sala.

  Gwilym digitava alguma coisa em seu notebook e Ben se jogou no sofá ao lado dele, pegando seu telefone para checar suas mensagens. Haviam centenas dele, e todas sem alguma resposta do loiro.

— Falando com ele? — Gwil sabia do afastamento dos dois, e não aprovava tal escolha do loiro.

— Não, só vendo algumas fotos que a Lucy me enviou. — Usou uma desculpa. — Não acredito que ela e Rami finalmente fizeram sua primeira viagem juntos e ela ao invés de curtir o momento fica me lotando de fotos.

   Gwilym revirou os olhos, rindo. Para alguém que era acostumado a mentir, Benjamin parecia estar perdendo esse "poder".

— Não acho que deveria continuar evitando ele, e você sabe que não deveria mesmo. — Fechou seu notebook, o colocando ao lado. — Você se sente melhor consigo mesmo, não é?

  Benjamin assentiu.

— Então o que te impede de ir atrás dele?

   Benjamin colocou o telefone ao lado, suspirando. Cruzou seus braços.

— Não é esse o problema. — Tomou coragem. — Vocês dizem que eu mudei tanto, e se ele não gostar mais de mim agora que eu não sou mais daquele jeito?

  Aquele não poderia ser o medo mais bobo de Benjamin, na opinião do Lee. Ele balançou a cabeça lentamente em sinal de negação, enquanto ria do mais novo. Ben o deu um leve empurrãozinho, irritado.

— O que é tão engraçado? — perguntou.

— Ben, o Joe é doidinho por você!

— Ele era! — consertou. — Mas fazem uns 6 meses que não olhamos um na cara do outro e eu nem ao menos disse o porquê! Como eu posso ter certeza que ele ainda gosta de mim?

— Não pode.

  Gwilym se voltou para seu notebook novamente, o abrindo e voltando a digitar nele. Benjamin também voltou a mexer em seu telefone.

— Mas eu contei a ele.

  E foi assim que Benjamin Jones quase entrou pra história com o melhor lançamento de telefone do século. Ele se virou para Gwilyn, totalmente curioso.

— Contou? O que disse pra ele?

— Disse o básico. Ele sempre me pergunta sobre você e eu digo o que ele quer saber. — Jogou no ar. — Ele é o mais boiola possível quando se trata de você, Benjamin, ele te ama.

— Ele me ama?

   Um sentimento bom, aquele que somente sentia na presença do Mazzello, estava de volta, e o preencheu tão rápido quanto a velocidade da luz.

— Sim, carinha, ele te ama demais. 

  Ben pensou um pouco sobre isso, e se levantou do sofá no mesmo instante.

— Aonde vai?

— Diz pro Brian que eu volto logo. 

   Foi tudo o que disse antes de sair correndo pela casa até a porta, saindo e fechando a mesma atrás de si. Ligou para o primeiro contato que estava fixado na sua lista de mensagens. E ele atendeu.

— Joe?

   Estava nervoso, claro, como não estaria? Ouviu a respiração dele no outro lado da linha e aquela era a única confirmação que tinha de que ele realmente estava ali.

— Oi, Rapunzel.



   Sentiu  suas bochechas esquentarem rapidamente, mas não podia enrolar, não agora.



— Preciso te ver, agora. Onde você está?



(...)

  Benjamin e Joe permaneceram abraçados enquanto refletiam o que havia acabdo de acontecer, estavam ambos na cama do Mazzello, e ambos sem roupas. O modo como haviam romantizado todo aquele lapso de tempo em que fizeram sexo. Mas não apenas sexo qualquer, tinham feito amor. Foi muito mais especial do que a primeira vez que fizeram aquilo, e isso podiam concordar.

— Então você resolveu cortar o cabelo.

   O loiro soltou uma risada, aquele era o Joe que ele tanto gostava. O que soltava coisas aleatórias até nos momentos sérios.

— Acabei de provar que eu não sou a rapunzel, viu? — passou as mãos pelos fios loiros. — Sem cabelo castanho.

  Joe resmungou um "não" que fez benjamin rir, enquanto puxava o Jones mais fortemente por trás, para que se aninhassem melhor. Após isso, um breve silêncio se instalou no ambiente, até que Joseph resolveu o quebrar novamente.

— Mas você sabe que a rapunzel continua loira no conto original, não é?

   Benjamin o fuzilou com o olhar. Mas o outro o respondeu com beijinhos no rosto.

— Só estou brincando, sabe que eu te amo. — e mais um silêncio se instalou. — Olha, não precisa dizer o mesmo se não estiver pronto, eu sei que você ainda deve estar confuso com isso tudo o que aconteceu, e as suas emoções são...

  Ben o calou com um beijo, um beijo caloroso e repleto de carinho, e ao se separarem, se aninhou nele novamente, enquanto sentia o sono o dominar.

— Eu também te amo, Joe. Do fundo do meu coração.








***

Sim, esse é o final
Eu espero de todo o coração que tenham gostado e pretendo escrever mais histórias, mas não exatamente agora.
Agora é sério, eu nem sei como consegui terminar isso, porque man, foi tenso.
obrigado por lerem ♥️.

Night Mime • HardzelloOnde histórias criam vida. Descubra agora