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     A porta da cela foi aberta e de lá, Benjamin sai acompanhado de Mary, a policial loira e gentil que o ajudou enquanto estava trancafiado ali. Eles seguem até a entrada, onde seu pai o esperava, com uma expressão nada contente.

    Não trocaram sorrisos, claro, nem ao menos um sinal de afeto, benjamin se mantia distante e Roger sentia que não conseguiria mudar isso nesse momento, afinal, ele mal olhava em seus olhos. Continuaram o percurso até o carro em silêncio, até fecharem as portas.

— Onde sua mãe está? — Perguntou. — Ela sabe sobre…

— Ela foi embora. — Respondeu rápido.

     Roger estava cheio de perguntas, mas Ben colocou seus fones de ouvido e virou o rosto em direção a janela, encerrando o contato. Não era porque ele estava ali agora que tinha que fingir que nada aconteceu, era difícil para ele.

   O percurso nada longo durou em silêncio até a casa de Benjamin, mas antes que ele saísse rapidamente, Roger trancou as portas, para que ele não escapasse antes de ouvi-lo. O loiro mais novo guardou seus fones, olhando para o pai.

— O que você quer dizer?

— Quero que você pegue suas coisas, coloque numa mochila e volte, vou te levar pra minha casa.

— Eu não preciso disso.

  Foi grosso mais uma vez, parecia que seu pai não conseguia entender que ele não era mais uma criança.

— Precisa sim, não vou te deixar sozinho nessa casa.

— Eu sempre fico sozinho em casa, nada demais pode acontecer. — Retrucou.

— Se nada de mais pode acontecer, por que eu tive que te buscar numa delegacia, Benjamin Jones-Taylor? — respondeu no mesmo tom, refutando o argumento do garoto.

 
   Se calaram após o garoto loiro suspirar, ele olhou para o pai, vendo que não teria outra opção.

— Me dá uns 10 minutos?

— Vai lá, filhote.

    Benjamin saiu do carro.

    Abriu a porta da frente e ao entrar na casa, já pode sentir sua respiração desregular mais uma vez, ficando mais rápida. Enquanto estava com seu pai, transparência estar mais calmo do que realmente estava, as perguntas da noite anterior ainda ecoavam em sua mente, o assombrando.

  Por que ela havia ido? Ele havia sido tão cruel com ela a esse ponto?

E se ela foi mesmo, pretendia um dia voltar?

   Suas emoções tomaram conta de si mais uma vez, e seus alvos foram as decorações de porcelanato de sua mãe. Só percebeu o que fez quando a última atingiu a parede perto da janela, ele gritou de pura frustração, numa tentativa de eliminar todos aqueles sentimentos ruins que estavam guardados dentro de seu peito.

    As lágrimas estavam de volta, escorrendo pela sua face que aos poucos ia ficando levemente avermelhada por conta do choro, detestava chorar, mas não conseguia controlar isto, não mais. Suas mãos tremiam, e em meio a elas vários cortes, devido aos cacos dos vasos de porcelana, sangravam.

   Uma figura chamou sua atenção e logo na entrada estava Roger, olhando para ele. Não havia ouvido a porta abrir, mas não era isso que o preocupava agora. Sentia uma sensação estranha quanto a reação dele, poderia dizer que era medo, mas não sabia o porquê exato de temer seu pai. O homem o olhava de forma compreensiva, como se conseguisse entender tudo que acontecia com seu garoto.

Night Mime • HardzelloOnde histórias criam vida. Descubra agora