Um Amor Estrangeiro

Capítulo 37 - Só

Quando abro os olhos, vejo o Jackson, com o rosto próximo ao meu. Ele está dormindo, então me afasto devagar e saio do quarto.
Todos na casa estão dormindo, pelo menos é o que eu achava,  até ir pra sala e encontrar a Maria falando no telefone.

- Ela já acordou. - dá um pequeno sorriso ao me ver- Tá.... Vou passar pra ela.

- Quem é? - sento no sofá

- Seu pai. - meu corpo estremece e ela me passa o celular.

-Alô

-Oi filha, como você tá?

-Bem

Ele começa a chorar.

-Pai não precisa chorar, eu estou bem.

-Eu fiquei com tanto medo de lhe perder, e com raiva em não poder estar com você nesse momento.

Continua o choro.

-Calma pai, já está tudo bem.... Onde está a mamãe?

- Tá dormindo. Ela ficou muito preocupada.

-Quando ela acordar, diga que eu estou bem e que vou voltar para casa.

-Filha eu te amo

- Eu também pai

Choramos juntos.
Depois de alguns minutos desligo o celular e devolvo a Maria.

- Eu quero ir embora Maria.

- Espera os meninos acorda....

- Eu não quero. - a interrompo- Eles estão cansados e não quero mais incomodar.

-Quer chamar o Jackson pelo menos?

- Não! - digo sem paciência-  Eu só quero sumir daqui. - digo passando a mão no rosto, limpando as lágrimas- Estou sufocada. Preciso ficar sozinha, pra pensar e tentar entender o que aconteceu comigo.

-  Eu sei que isso não tá sendo fácil pra você. - passa a mão em meu ombro.

- Eu só quero ir para minha casa, tentar por meus pensamentos no lugar e me recuperar.
Isso tudo acabou comigo.
Como eu vou trabalhar agora? Cheia de machucados e com o cabelo desse jeito?
Minha autoestima está no chão.
Eu estou no chão.
Eu me olho no espelho e a unica coisa que sinto vontade é de quebra-lo, não me reconheço.

- Calma, tudo isso vai melhorar. Essas marcas vão sumir, você ainda vai poder continuar trabalhando, talvez não seja com a sua imagem mas você pode trabalhar nos assuntos da sua empresa. E você continua linda, essas marcas não mudam nada, o que realmente importa é quem você é.

- Tudo mudou em mim! - fico ofegante - Isso tá visível. - escuto um barulho.

Olho para trás e vejo o Jackson, que vem correndo me abraçar.

- Meu amor. - me beija.

- Não, não, não. - afasto ele de mim -
Por que não atendeu as minhas ligações?

-  Me perdoa. É que quando eu cheguei em casa eu fui pro estúdio e acabei dormindo lá. Mais tarde quando eu acordei é que vi suas ligações e as de Maria, vi também no noticiário.
Por favor me perdoe. - pega as minhas mãos e beija.

- Eu quero ir embora. - peço mais uma vez, olhando para a Maria.

- Vou te levar para o nosso apartamento, lá eu vou cuidar de você.

- Eu quero ficar só. - solto suas mãos.

- Você fica no apartamento e eu prometo ficar invisível. Só apareço se você quiser algo. - diz esperando que eu concorde

- Não é bom você ficar sozinha. - a Maria acrescenta

- Nesse momento, eu preciso disso.- respiro fundo- Eu sei que vocês estão preocupados e querem me ajudar, sou muito grata por isso. Não estou querendo desfazer da presença ou amor de vocês, mas eu quero ficar sozinha por um tempo, só pra que eu entenda como as coisas aconteceram. - eles se olham

- Está bem. - dizem.

- Quando você precisar de mim é só me ligar que eu vou. - a Maria segura em minha mão.

- Eu posso pelo menos te levar para o seu apartamento? - o Jackson pede.

- Não acho que seja uma boa idéia.

- Maria. - o Jackson olha para ela- Você poderia nos deixar a sós por um instante? - ela assente e sai - Você está brava comigo?

- Não.

- Então por que não me quer por perto? Ontem quando pedi que fosse embora, achei que era a melhor opção. Não imaginei que fossem fazer algo com você.

- Você não tem culpa disso acontecer. Uma outra ou outra elas iriam me pegar. Eu só quero ficar sozinha, por que é tão difícil de entender? - começo a chorar e ele vem me abraçar.

- Porque doi demais te ver assim.
- me prende em seus braços.

- Desculpa. - soluço- Eu estou sendo chata demais com vocês.

- Não, não. - levanta o meu rosto e olha em meus olhos- Você não está fazendo nada de ruim.

- Você só diz isso porque não quer me magoar mas eu sei. - soluço outra vez- Preciso ir. - me solto de seus braços.

- Tem certeza disso? - confirmo com a cabeça que sim- Ok. - diz me deixando ir.

Chamo a Maria e somos acompanhadas por dois policiais até o meu prédio.
Quando chego o porteiro não me deixa entrar e tenho que explicar toda a situação. A Maria vai embora mas os policias continuam comigo.
Passo pela portaria, vou até o meu apartamento, pego a chave extra dentro da planta e abro a porta.
Respiro fundo. Um policial entrou antes de mim para verificar o apartamento. Depois me deixou entrar e ficou do lado de fora com o outro.

Vou até o meu quarto, tiro a roupa, tomo banho, visto o meu roupão e vou tentar dormir. Sinto muitas dores em meu corpo mas não quero ninguém cuidando de mim, por enquanto.