Capítulo 3 (Parte 1)

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Falhas da vida (Parte 1)

Acordei no dia seguinte por volta de duas da tarde com os berros de minha mãe. Abri os olhos e percebi que estava me sentindo tão cansada quanto no dia anterior ou até mais do que isso. Revirei-me um pouco na cama lembrando de como minha madrugada havia sido agitada e tentando não pensar no motivo de toda aquela agitação, levantei logo em seguida. Eu sinceramente não sabia de onde vinha todo aquele peso que estava depositado em meus olhos. Sentia tudo girar e não imaginava por quanto tempo conseguiria controlar os movimentos do meu corpo, sentei na cama e fechei os olhos como se esperasse "o mundo acabar em barranco".
O problema não era meu cansaço, não era uma noite mal dormida e nem a quantidade de lágrimas que eu já havia derramado em meio a toda aquela bagunça na qual minha vida havia se tornado. O real problema era o estado emocional em que eu me encontrava, a forma deliberada como meu coração pedia por consolo, o medo que trans- tornava todos os meus atos nos últimos dias. O problema era ele, o problema era eu, o problema era exatamente esse: ser ele e eu, enquanto eu queria que fôssemos "nós".
E eu tinha que continuar vivendo, tinha que continuar sendo como sempre fui, não podia voltar atrás, não podia fazer com que tudo fosse diferente, não podia me esconder em um buraco para esperar tudo aquilo passar, mesmo porque eu nem sabia se passaria algum dia, e assim eu seguia com aquela ausência se fazendo presença em cada canto em que eu ia.
Não sabia de que forma havia criado coragem para levantar daquela cama bagunçada. Olhei nos arredores do meu quarto, que se mantinha sempre em ordem devido às exigências de minha mãe, implorando para que minhas roupas viessem parar em meu corpo, como acontecia naqueles seriados adolescentes que eu assistia alguns anos atrás. Vesti uma roupa soltinha que encontrei facilmente em meio a quantidade de peças desnecessárias que preenchiam todos os espaços do meu armário, fiz minha higiene matinal e arrumei meus cachos em um coque desajeitado. Ajeitei rapidamente a minha cama ouvindo algo parecido com MPB no fone de ouvido e percebi que havia perdido um dos meus chinelos naquele desespero, depois de revirar todos os lugares possíveis para encontrá-lo tive a brilhante ideia de espiar embaixo da cama e como uma mágica (não tão mágica assim), eu o encontrei. Passei por uma das tomadas, que estava mais perto da porta, e peguei meu celular, checando algumas notificações.
Finalmente abri a porta fazendo com que todo ar se renovasse rapidamente e fui até a cozinha, ouvi ao fundo o barulho do chuveiro e sentei à mesa para comer alguma coisa, esperando minha mãe sair do banho. Enquanto mordia uma maça vermelhinha, atualizei as minhas redes sociais e percebi que Ítalo havia me re- quisitado em algumas delas, respondi a um de seus chamados, sendo o suficiente para mostrar que estava bem, e então avistei mamãe vindo em minha direção.

CONTINUAÇÃO DO CAPÍTULO NA PARTE 2 (amanhã-29/11)

O tal do para sempre - É isso que dá brincar de pega-pega com o destinoOnde histórias criam vida. Descubra agora