Capítulo 4 (Parte 1)

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Universo paralelo (Parte 1)

Minha vida de uns dias para cá estava mais parecida com aquelas novelas mexicanas do que com a tal da realidade. Eu já não me encontrava mais em meio àquele drama que sempre só faria sentido para mim. Costumo dizer que certas coisas chegam em nossas vidas e causam uma baita confusão, te fazendo questionar vinte e quatro horas por dia a respeito da necessidade de tudo aquilo, mas, depois que a bagunça se acalma e as coisas se encaixam em seus devidos lugares, você percebe que, se não fosse aquilo, nada seria como é, no bom sentido, claro.
Naquela tarde quente de terça-feira senti uma tremenda necessidade de resolver a minha vida. Aquele impasse, a cada segundo, piorava as coisas dentro de mim enquanto do lado de fora tudo continuava igual. Naqueles dias percebi que se sentir impotente é uma das piores sensações existentes. Não poder mudar nada no mundo já era horrível, mas não poder mudar nada na minha própria vida conseguia ser algo ainda pior.
Liguei para o Ítalo a fim de voltar meus pensamentos a qualquer outra coisa que não fosse o fato de eu estar apaixonada, melhores amigos geralmente têm esse poder. Meu coração estava dolorido e nada naquele momento seria capaz de me deixar 100% bem, gostava de chamar Ítalo de "nada", algumas vezes.
O dia passou mais rápido, do que eu imaginava, no banco daquela praça vazia: crianças pas- savam por alguns brinquedos, iam e vinham e nós perma- necíamos ali, só olhando aquilo tudo, como se o silêncio já dissesse todas as palavras que nem um sábio conhecia e que elas pudessem, de algum modo, me fazer esquecer da complexidade do universo em que eu havia entrado.
A parte mais complexa do amor é, de fato, não podermos escolher quem, quando e como vamos amar. É um universo complicado demais à cabeça de qualquer ser humano, mas onde todos entram algum dia sabendo que dali ninguém sai ileso, exatamente como entrou. Talvez isso aconteça porque nesse mundo deve-se ser muito forte para permanecer, um mundo onde a felicidade está presente em desproporção à quantidade de habitantes e que são necessários perseverança e alguns rascunhos com palavras bagunçadas para não desistir.

Continuação do capítulo na parte 2

O tal do para sempre - É isso que dá brincar de pega-pega com o destinoOnde histórias criam vida. Descubra agora