Capítulo 05 - Era só um sonho

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Algumas lendas são contadas, algumas se tornam pó e outras ouro. Mas você vai lembrar de mim, lembrar de mim por séculos. 

Fall Out Boy

Ao abrir meus olhos me deparo com um lugar com várias árvores ao redor e uma cachoeira logo ao lado, sinto um vento forte bater por trás de mim e me viro rapidamente. Me deparo com aquilo com a boca meia aberta sem acreditar no que estava vendo. Ele estava de costas sobre uma pedra olhando algo a frente.

Suas asas eram grandes, grossas e brilhantes, brancas como a neve, mas com suas pontas finas e delicadas. Aquela coisa na suas costas dava um toque angelical, como se fosse um acessório dos Deuses, e era praticamente. Ele se vira para mim e nossos olhos se encontram rapidamente. Seus olhos cor de mel e cabelos negros combinando com seu rosto, aquele rosto que só de olhar fazia meus pensamentos irem a mil. 

E de repente uma luz vai iluminando tudo assim deixando de que eu visse suas asas imensas e radiantes. 

Abro meus olhos devagar e pisco mais algumas vezes. Era tudo um sonho, relaxa. Penso.

Me sento passando a mão pelo rosto e olho ao meu redor tentando descobrir onde eu estava, vejo algumas roupas espalhadas pelo quarto e depois a parede toda riscada... Ah, eu sabia muito bem onde estava agora. 

- Finalmente a Bela Adormecida acordou! - Lia diz  gritando ao entrar no quarto e olhar para mim. Faço um pequeno sorriso mostrando para ela. - Você ronca demais, sabia? Toma, isso é pra você. - Ela se aproxima da cama sentando ao meu lado e estica o copo que segurava. Olho dentro dele e faço uma careta ao ver que era chá, e eu odiava chá. - Bebe logo, caralho. Ou eu mesmo abro sua boca e derramo ai dentro. 

Quanta grosseria. Pego o copo de sua mão e bebo o chá devagar pois ainda estava quente.

- Então, quando ia me falar que estava saindo com o bonitão da festa? - E assim acabo me engasgando com o chá e tusso um pouco colocando a mão sobre meu peito.

Tinha me esquecido dele por um tempo, que provavelmente foi quem me trouxe aqui. 

- E quem disse que eu estou saindo com ele? 

Lia me olha com um sorrisinho malicioso. 

- Ele me disse. Além de ser bonito, é um cavalheiro. - Tão cavalheiro que me dopou. - Disse que estavam saindo e sem querer você bateu a cabeça na porta, ele não sabe na verdade. Só disse que você desmaiou e não sabia o que fazer. E por coincidência eu te liguei e ele atendeu. Me falou o que aconteceu e te trouxe aqui. 

Uma mais mentira que a outra. 

- E... pra onde ele foi depois que me trouxe aqui? 

- Disse que ia resolver algumas coisas e depois passava aqui pra te ver. 

Coisas do tipo tirar aqueles homens da minha casa? Espero. Termino de beber o chá e coloco o copo sobre a cômoda que tinha ao lado da cama.

- Como é o amigo dele? - Ela pergunta e eu a olho sem entender. - O amiguinho lá de baixo!

- Minha nossa senhora, Lia! Eu não fiz nada com ele, nem o beijei. 

- Que sem graça, Rachel. Não foi assim que eu te ensinei. Sinceramente... se eu fosse você não perderia nem mais um minuto e partia pra cima. 

- Que bom que eu não sou você. - Ela dá de ombros e pega o copo que eu tinha colocado na cômoda.

- Já volto. - Diz e se levanta saindo do quarto. 

Eu não queria mentir pra minha amiga sobre o que estava acontecendo, não mesmo, mas era preciso só por enquanto. Primeiro teria que saber logo de uma vez o que estava acontecendo, e ele querendo ou não teria que me dá respostas e explicações sobre tudo. Lia não podia saber de nada sobre isso, não por enquanto. Ela iria surtar e fazer a gente perseguir ele... que pensando bem não é uma má ideia. Caralho Lia, até não sabendo de nada consegue me ajuda nas coisas. 

E sobre o sonho... Bom, aquilo não foi e não significou nada. Vou simplesmente fingir que nunca aconteceu. 

Me assusto com uma batida na janela do quarto e me levanto indo até a mesma. Olho para baixo por trás da janela e lá estava ele.

- Abre. - ele diz movimentando os lábios devagar para que eu entendesse. Nego com a cabeça para ele e o mesmo revira os olhos. Dou um pequeno sorriso sem perceber, era legal irritar ele. 

O filho da puta nota o sorriso e retribui outro, só que malicioso. Desfaço o meu rapidamente e agora é minha vez de revirar os olhos. Ele acha graça e ri. Idiota. 

Abro a janela e escoro meu braços na mesma. 

- O que é?

- Como você tá?

- E pra que você quer saber? 

- Me sentir meio culpado pela seu acidente com a porta. - Ele dá outro sorrisinho. Já disse que é um idiota?

- Eu devia te denunciar, sabia? Quebrou a sala da minha casa toda e ainda me dopou. 

- Não foi dopar, só foi pra te deixar mais calma. E não se preocupe com sua sala, já está tudo resolvido. Só vim te trazer isso. - Ele pega algo do bolso da calça, olho e vejo que era a chave da minha casa. Ele joga para mim na altura certa e pego a chave. - Está tudo como antes, até mais limpo na verdade.

- Tá. E por que não entrou ou deu a Lia para me entregar depois?

- Sua amiga é meio maluquinha e porque eu queria te ver. 

Lia era mesmo maluquinha e ia encher ele de perguntas mas, me ver? 

- Ok, eu tenho que ir agora. - ele se vira e começa a andar. 

- Espera! - falo alto e ele se vira novamente me olhando. - Preciso saber de tudo do que aconteceu e de quem é você. - Ele dá um pequeno sorriso e assente. 

- Você vai saber de tudo.

- E quando vamos nos encontrar novamente para seu saber?

- Em breve, Rachel. Não se preocupe. Agora eu preciso mesmo ir, até. - E volta a andar atravessando rua e indo até sua moto. O observo sair de lá com moto e solto um longo suspiro.

Era disso que eu tinha medo, de me encontrar com ele novamente e acontecer outra coisa. 

Fecho a janela novamente e desço para o andar de baixo encontrando a Lia na cozinha fazendo algo para comer. Fico conversando com ela até ver a hora e perceber que estava tarde e que tinha quer chegar antes da minha mãe, vai que tinha algo de errado na casa ainda. 

Peço um táxi e o mesmo me leva para casa, chego lá com um pouco de medo ainda dos homens estarem lá. Entro em casa e por mais impossível que seja, estava tudo em ordem e arrumado.

Dou uma volta pela casa olhando se mais alguma tinha acontecido ou se faltava algo mas tudo parecia normal. Subo para meu quarto que pelo visto ninguém tinha passado ou até mesmo subido nesse andar. Entro no banheiro e vou tomar um banho relaxante tentando raciocinar tudo que tinha acontecido nas últimas horas. Logo que termino visto uma roupa confortável e volto para o quarto, pego meu celular e me sento na cama enquanto respondo meu pai perguntando se nossa saída na sexta ainda estava de pé. Respondo ele e deixo o celular de lado, me escoro na cabeceira da cama e passo a mão pelo rosto enquanto ainda pensava em tudo, era muita coisa e minha cabeça doía demais só de pensar. Abro os olhos novamente e olho para meu quarto, olho para o chão e vejo uma pequena coisa branca que não tinha reparado antes. Me levanto e vou até ela pegando a mesma e a observando. Era outra daquela mesma pena que eu tinha encontrado na estrada, ou era a mesma e eu tinha deixado aqui?

Vou até minha bolsa e procuro a outra pena que tinha certeza que estava lá. A encontro e olho as duas, eram iguais, brancas e grandes, como a do meu... do meu sonho. O sonho que tinha tido com ele, ele com asas e as penas iguais a estas... Ou será que não era apenas um sonho? 

call me Icarus | z.mOnde histórias criam vida. Descubra agora