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Após o café da manhã e de limparmos aa cozinha, seguimos para a sala e nos acomodamos. Zelena estava em casa e Glinda não parecia com pressa para ir embora, então dei de ombros.
- Não vai trabalhar? Zelena questionou quando me fiz confortável na poltrona.
- Não, hoje não. Decidi não abrir a livraria – não era como se as pessoas de Storybrooke fossem fazer fila para adquirir livros de todo jeito – e não posso simplesmente deixar Emma sozinha. Falei.
- Eu posso ficar com ela se quiser. Ela falou e a menina a olhou desconfiada. Zelena falou.
- Acho que ela não curtiu essa ideia Zel. Glinda falou rindo.
- Melhor não, ela ainda está doentinha. Falei olhando a gatinha que estava sentada no chão aos meus pés.
Ouvi o telefone do escritório tocar e sai para atender, Emma viria atrás mas Zelena a segurou e eu a olhei repreendendo pois a gatinha deu um miadinho sentido mas como o telefone estava tocando corri para atender.
Era o reitor da faculdade para conversarmos sobre um pedido e ficamos uns bons minutos conversando sobre preço e prazo de entrega.
Quando voltava para a sala ouvi a coisa mais adorável do mundo; Emma estava conversando.
O som de sua voz era baixo e suave fazendo com que ficasse adorável a pronúncia errada e em terceira pessoa, além de que ao falar algumas palavras que tinham o som mais nasal parecia que ela estava miando.
Era fofo.
Fiquei parada no vão da porta, olhando a pequena conversar com Zelena.
- Emma deu muto passinhos, ati feizi dodói. Apontou para os pezinhos. E parou de falar.
Fiquei na expectativa mas ela ficou calada olhando para Zel.
- Ok. Zelena falou revirando os olhos e colocou alguma coisa na mãozinha dela.
- O que está acontecendo aqui? Questionei entrando na sala e seguindo pra a poltrona porém fui interceptada no meio do caminho por dois bracinhos agarrando minhas pernas e ronronando.
- Ei gatinha, nos vimos a uns 15 minutos atrás. Falei bagunçando o cabelo dela.
- Vou te dar uma carona ok. Falei e nos levei para a poltrona com ela apoiada encima dos meus pés.
Ela se agarrou em mim e começou a rir; aquela risada de bebê que estava feliz. O que me fez sorrir.
- Ei LittleCat volte aqui senão não ganhará mais balinhas. Zelena falou sacudindo um potinho laranja de tictac.
Emma foi correndo até ela e esticou a mãozinha querendo outra balinha.
- Já te dei uma, agora fale mais um pouco. Zelena falou e Emma me olhou, sorri encorajando a falar.
- Em-Emma toleu atais do vrumvrum maisi toveu e feizi ba-balulo “tabum” e foi na ta-taxa e fitou lá. Contou falando rápido.
- Porque estava na rua sozinha? E porque correu atrás do carro? Perguntei.
- Titia dexô Emma lá, mas Emma não quelia e foi dento do vrumvrim de novo maisi titia foi embola. A menina já chorava e meu coração se apertou.
Ela foi abandonada?
- Calma, já passou. Shhhi. Disse puxando a menina para meus braços e sentindo ela suspirar.
- Quem é titia? Zelena falou e Emma estendeu aa mãozinha mais uma vez.
- Titia é titia. Falou simplesmente e Zelena virou um emoji ao vivo processando a resposta da menina. Glinda e eu seguramos uma risada.
- Provavelmente era assim que ela conhecia essa pessoa e nunca deve ter sequer questionado o nome real. Glinda falou a Zelena e eu concordei.
- Vocês acham que ela foi a-b-a-n-d-o-n-a-d-a? Perguntei.
- Não sei, mas pelo jeito que Emma falou essa titia não parece ser má. Glinda falou.
- Emma, a titia era boa com você? Zelena voltou a questionar e Emma se soltou de mim indo até a ruiva com a mãozinha estendida.
- Eu bem reparei que você respondeu Regina sem precisar de balinhas. Ela falou e deu outro tictac laranja na mãozinha.
- Agora responda pequena capitalista de balinhas. Zelena falou.
- Titia levava letinho e, e ma-matalão tando Emma tava de catigo. Ela falou.
- De castigo? Questionei.
- Emma mau. Ela falou baixinho e as orelhinhas grudaram na cabecinha loira.
- Mau? Glinda falou. E eu olhei Emma em dívida pois ela não tinha nem tamanho para ser “mau”.
- Uhum, Sidid sempe falô Emma mau poite Emma tebou coisas e feizi xiiii na lopa e bigou com o butus. Ela falou encolhidinha no meu peito novamente.
- E quem é Sidid? Zelena questionou e já deu outra balinha a Emma que correu para pegar.
- Do-dona de Emma. A menina falou e se virou me mostrando as balinhas sorrindo.
Espanto! Era isso que se lia no meu rosto, no de Zel e no de Glinda.
Uma pessoa dona de outra? E por acaso nós vivemos na época da escravidão ainda?
Eu estava abismada.
E Emma falou aquilo tão calmamente como se não fosse fosse nada demais.
- Dona! Glinda, Zel e eu dissemos juntas e indignadas.
- Uhum. Ati. Falou tirando o cabelo detrás da orelha esquerda - não a de gatinho - vindo até onde eu estava para me mostrar.
Eu quis chorar quando vi.
Zelena e Glinda vieram para perto e ofegaram ao olhar a marca gravada na pele dela; como eu adorava cavalos eu sabia muito bem o que era aquilo: uma marca de bem/propriedade feita com um ferrete quente e que queima a pele.
Emma tinha um I.W. gravado na pele.
- Isso dói gatinha? Perguntei com a voz rouca de segurar o choro.
- Nãoooo , mamãe deu bejinho plá salá. Ela diz simplesmente e abaixa a cabeça e choraminga “mamãe”.
Nós três nos encaramos sem reação vendo a menina começar a chorar baixinho e se encolher no sofá se afastando de mim.
- Já passou. Falo e a puxo para um abraço.
- Emma? Emma, olhe para mim.
A menina a muito custo levanta a cabeça olhando em meus olhos com olhinhos verdes tristonhos.
- Você pode ficar aqui em casa o que acha? Perguntei sem pensar mas depois vi que era isso que eu queria.
Emma somente observa o meu rosto.
- Emma tode? Questionou.
- Pode sim querida. Falei limpando as afagando do rostinho dela.
Os olhos da menina ficaram comicamente grandes e brilhantes pelas lágrimas acumuladas mas não era só por isso. Acredito que a muito tempo não a tratavam bem e nem se sentia feliz e sem medo.

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