“Raios e trovoadas pareciam zombar de mim na escuridão, eu estava sozinha e com frio correndo de forma desgovernada, as gotas da tempestade me cegavam, impedindo minha visão, eu não sabia para onde estava indo, e nem porque estava fugindo, mas algo me dizia que eu tinha de correr o mais rápido que eu pudesse.
— Não olhe para trás, apenas corra. Eu irei protege-la. — eu ouvia sua voz em minha mente, mas isso não me tranquilizava, eu sabia que não deveria ter deixado ele para trás, mesmo que a ideia tivesse sido dele, eu deveria ter ficado, enfrentado seja lá o que, ou quem estava nos seguindo.
— Me desculpa. — pensei e logo parei de correr. Olhei ao meu redor, mas não havia nada. A tempestade havia cessado, sem que eu tivesse percebido. Tudo estava quieto demais, eu só ouvia as batidas do meu coração acelerado.
Eu estava com medo, gritei várias vezes seu nome, mas não havia resposta, ele não estava lá. Meus olhos ardiam, e lágrimas começavam a rolar. Eu sabia que algo havia dado errado, e isso me amedrontava. Então voltei á correr para a direção oposta, onde o havia deixado, e não estava certa do caminho, mas eu corria, corria cada vez mais rápido, até acabar tropeçando e caindo numa poça de lama.
— Eu disse pra você correr. — ouvi a voz dele gritar.
Foi então que o vi, ele estava de joelhos em cima de pequenas pedras pontudas, com a camisa rasgada nas costas, a luz de uma lanterna estava direcionada á ele, e logo atrás um homem com um chicote na mão. O homem se virou para mim, então pude perceber quem era, era meu pai. Seus olhos antes azuis, estavam negros e assustadores, ele estava domado por um ódio nunca visto antes. Ele abriu a boca para falar algo, mas desistiu no mesmo instante, então se virou novamente para frente e deu a primeira chicotada. Eu corri para impedi-lo de continuar com essa tortura, então ele me empurrou e apontou seu chicote para mim.
— Sinto muito. — falei erguendo as mãos logo em seguida, mas a chicotada já estava queimando meu corpo. Uma, duas, três várias vezes até o garoto se levantar e se pôr em minha frente, ele estava cansado e gemendo, mas ainda assim, me protegendo.
— Eu amo você...”
Acordei num sobressalto, eu suava frio e meu coração parecia que saltaria do peito. Sentei na cama, abracei meus joelhos e comecei á chorar feito uma criança. Logo senti um movimento na cama, então os braços de Harry laçavam meu corpo em um abraço apertado.
— Shiii, tá tudo bem, estou aqui meu amor. — disse ele ainda sonolento. Ele beijou o topo de minha cabeça e cantarolou baixinho uma música ao qual ele não sabia a letra direito, mas que me fez rir diante de todo o caos que sou.
— Me desculpa. — falei me virando e olhando em seus olhos, ele parecia ainda mais jovem com aquele cabelo bagunçado e aquela carinha de sono, não queria acorda-lo.
— Você não tem que se desculpar meu amor, a culpa não é sua. — ele limpou as lágrimas em meu rosto, colou sua testa na minha e beijou a ponta do meu nariz. — São aqueles pesadelos novamente não são? — apenas acenei com a cabeça, mordi meu lábio inferior e lutei contra a vontade de chorar de novo.
Ficamos um tempo abraçados que mal percebi quando caí no sono novamente, dessa vez sem pesadelos. Ao acordar vi que Harry já não estava do meu lado na cama, alisei com a mão o assento onde ele se deitava, ainda estava quente, sinal de que ele havia se levantado a pouco tempo. Deitei de lado pegando seu travesseiro e inalando aquele aroma que eu conhecia tão bem. Baunilha. Eu amava esse cheiro, era tão acolhedor. Isso me fez lembrar de quando nos conhecemos, a primeira coisa que eu havia lhe dito saiu da minha boca sem pensar, logo depois morri de vergonha por ter dito que seu cabelo tinha um cheiro gostoso, como de baunilha. Desde então, ele nunca mais mudou de shampoo, mesmo depois de três anos juntos.
— Espero que eu seja o motivo desse lindo sorriso. — me assustei ao ouvir sua voz. — Não queria te assustar. — disse ele se aproximando. Harry havia acabado de sair do banho com apenas uma toalha enrolada na cintura, e aquele cheirinho de baunilha estava mais intenso. Me sentei na cama. — Como você está? — disse ele sentando na cama e me dando um breve selinho.
— Eu estou bem. — respondi honestamente, mas ele me lançou um olhar indagador, desacreditando. — É sério, eu estou bem. Não se preocupe. — passei a mão por entre seus cabelos úmidos ajeitando uma mecha rebelde que insistia em cair por sobre sua testa.
— Acho que você deveria falar com seu pai. — revirei os olhos com seu comentário. — Talvez assim esses pesadelos acabem. — ele pegou em meu queixo, olhando profundamente dentro dos meus olhos disse: — Eu só quero o seu melhor meu amor, e por mais difícil que seja vocês deveriam fazer as pazes, não gosto de te ver assim, sempre triste e com esses pesadelos que te tirão o sono. Sei que há mais coisas por trás disso, e não irei obriga-la á me dizer. Mas acho que se vocês conversarem, talvez isso melhore. E se entupir de remédios não é a melhor coisa a se fazer, isso está acabando com você. Amor, você pode contar comigo pra tudo, você sabe disso. Estou aqui com você, e pra você. Eu te amo.
Meu coração se apertou ao ouvir Harry dizer tudo isso, ele estava certo com relação aos remédios, sei que venho abusando demais dos calmantes e sedativos, mas era a única maneira de me manter longe dos pesadelos, longe daquilo que me assombrava, longe das lembranças, e longe da imagem daquele homem que eu tanto desprezava, Joseph Clarke, eu o odiava com todas as minhas forças desde o dia em que me separou de alguém que eu gostava muito, do meu primeiro amor. Jungkook, eu ainda não o havia esquecido, ele ainda morava em meu coração. Depois daquele dia na floresta, que Joseph havia nos achado, eu fui mandada para um colégio interno rígido, e Joseph nunca foi me visitar, impedindo até mesmo minha mãe de me ver, em datas comemorativas todos os jovens iam para suas respectivas casas, com suas famílias, eu e mais duas garotas nos fazíamos companhia, nossas famílias não se importavam conosco, éramos abandonadas. Minha mãe foi me visitar uma vez, apenas para dizer que estava doente e que sentia muito por tudo que estava acontecendo, também me pediu desculpas por não poder me ver mais vezes, eu como sempre me conformava com toda aquela situação, e naquele dia eu estava feliz por vê-la, mal sabia eu que aquele dia seria o primeiro e último que eu a veria. Minha mãe faleceu meses depois, vítima de câncer. O único dia em que sai daquele internato foi para enterra-la. Eu estava devastada. Queria ter feito algo para mudar aquilo, mas eu sabia que não poderia fazer nada, mesmo se eu pudesse. E o maior culpado de tudo isso era Joseph, por não ter feito todo o possível para salva-la. No enterro ele não esboçava nenhum tipo de sentimento, seus olhos continuavam daquela forma sombria e odiosa. Quando nossos olhares se encontraram, senti um aperto no peito, e meu corpo todo paralisou, eu não entendia o porquê estava sentindo aquilo, mas eu simplesmente o odiava, queria que fosse o corpo dele a ser enterrado, não o de minha mãe, ela não merecia isso, apenas ele.
— Amor? — Harry estalou os dedos me despertando de meu transe.
— Desculpa Harry, acabei me distraindo. — falei semicerrando as sobrancelhas. — Não quero falar dele. Vamos mudar de assunto, por favor? — falei me aproximando mais dele. Beijei suas bochechas, a ponta de seu nariz, contornei seus lábios com meus dedos, ele sorriu.
— Você me deixa louco, sabia? — então Harry me beijou, a princípio seu beijo era lento com algumas mordidinhas em meu lábio, logo seu beijo se intensificou, deitamos na cama e enlacei sua cintura com minhas pernas o pressionando ainda mais contra meu corpo. Suas mãos eram muito ágeis, se desfazendo rapidamente de minha camisola. A toalha já não estava mais em sua cintura o deixando totalmente nú. Estávamos corpo a corpo, e naquele momento deixei todos os pensamentos negativos para trás. Deixei com que Harry tomasse meu corpo, me penetrando delicadamente, fizemos amor sem pressa nenhuma, apenas nos deleitando um com o outro.
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YOU
FanficEmília Clarke era uma adorável criança, filha de pais ricos apaixonou-se por um pobre garoto chamado Jeon Jungkook, mas por obra do destino ambos foram separados de forma violenta pelo pai de Emília. A garota cresceu odiando seu pai, mas nunca esque...