Capítulo 6

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Selene Valence Griffin

Maldita dor de cabeça!

Abro meus olhos, sentindo pontadas próximas a minha têmpora direita, levo a mão ali e aperto levemente, a luz me invade, semicerro os olhos até me acostumar com a claridade. Estou em meu quarto, meu corpo todo está dolorido, minha garganta clama por água, tento me levantar, sinto uma leve dor nas costas, me sento e olho ao redor.

Benjamim estava ali em minha poltrona, dormia em uma posição claramente desconfortável, fiquei um tanto confusa com sua presença, reviro minhas lembranças em busca de algo da noite anterior mais nada encontro. Por que ele está aqui? Afinal, o que aconteceu?

- Benjamim. - minha voz sai falha, a garganta está seca - Benjamim! - chamo um pouco mais alto.

Ele abre os olhos em alerta, parecia abatido, olheiras denunciavam seu cansaço.

- Ah Selene... - diz aliviado - Você se sente bem?

- Me diz o que aconteceu. - fui direta, aos poucos as memórias da noite anterior vão retornando.

- Te encontrei desmaiada e ferida naquele jardim secreto. - diz, mas como me encontrou se ninguém o conhecia?

- Você conhecia o jardim? - pergunto com curiosidade.

- Sempre o conheci. - apenas disse, dando um pequeno sorriso.

Fecho os olhos, aos poucos me recordo de tudo.

Nunca pensei que meu pai fosse capaz de negociar algo que envolvesse um casamento meu.

Ainda mais com o inimigo?

Leonardo... Aqueles olhos, tão bonitos...

E a lembrança? Se é que posso chamar assim. Minha mente poderia estar me pregando uma peça, mas era tão real, a sensação que tive ao ver, como se eu sentisse tudo, como se eu realmente me lembrasse de tudo.

Quase morri ontem!

E o que mais me assombra nisso;

Vampiros existirem.

Se vampiros existem, o sobrenatural existe. Então existem bruxas, lincantropos, ninfas, fadas, monstros e tudo mais?

São tantas perguntas.

Me recuso a acreditar, não é possível.

Isso tudo é tão... Surreal.

-Selene, você está bem? - Benjamim tinha fixo seus olhos em mim, acompanhando cada movimento meu.

Levantei-me da cama e fui em frente ao espelho, meu pescoço estava roxo, a marca da mordida estava ali, me provando que tudo fora real, levei a mão ao local e me lembrei da maravilhosa sensação que o vampiro provocava ao cheirar tão de perto minha pele, da sua língua percorrendo o local, - me sentia suja de alguma maneira por ter sentido essas coisas - e depois como tudo ficou horrível no momento em que ele me mordeu.

Desço a mão para meu peito sentindo falta do meu colar, havia ganho-o em meu décimo terceiro aniversário, papai disse que sempre me protegeria, que nada de mal me atormentaria, e desde então nunca o tirei, e agora ficar sem ele era como estar nua em frente a alguém.

- Onde está meu colar? - pergunto olhando-o pelo espelho.

- Não estava com você. - responde olhando para o chão, estava mais pensativo que o normal.

- Hum...

Será que o vampiro o levou?

- Benjamim, pode me responder uma coisa? - virei-me para encará-lo.

-Pode dizer.

- Vampiros existem? - olhei fixamente em seus olhos, analisando cada expressão sua, suas pupilas dilataram, claro sinal de que estava pensando demais, ou que talvez mentiria para mim, ele hesitou, parecia estar elaborando a melhor resposta, ao fim suspirou cansado.

- Talvez. - apenas disse.

Eu sei que existem, mas eu queria apenas a confirmação de que não estou ficando louca.

- Eu vou tomar um banho. - disse após algum tempo em que ficamos em completo silêncio.

- Ah, sim, claro. - disse voltando a prestar atenção em mim - Quer que eu chame alguém? Está bem mesmo?

- Não, não precisa, estou bem. - Benjamim fez que sim com a cabeça e saiu do quarto.

Entrei na casa de banho, acho que alguém já preparou a banheira, pus alguns sais de banho perfumados e fui procurar algum vestido, eram tantos, não sei porque minha mãe insistia em mandar fazer tantos vestidos para mim.

" Vai esse mesmo."

Murmuro pegando um vestido azul claro, longo e de apenas uma camada, não muito espalhafatoso como as moças "nobres" costumavam dizer que estão na moda, tinha raiva das conversas que tinha com elas, eu não tinha a mesma concepção de "moda" que elas. Quase todos os meus vestidos eram assim, facilita caso eu precise correr ou lutar.

" Se eu estivesse vestindo um desses ontem á noite eu não teria me encrencado."

Pego um par de saltos e volto para a casa de banho, fico na banheira por muito tempo, relembrando a noite anterior.

Será que foi Benjamim que me trouxe até aqui?

Leonardo fora capturado?

Merda! A dor de cabeça retorna com força, me levanto e me sinto levemente tonta, saio do banho e visto minhas roupas, ainda me sinto muito cansada, deito em minha cama e adormeço novamente.

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Antes que o tempo acabe - A filha da LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora