Capítulo 9

51 15 11
                                    

Os dias passaram mais rápido do que eu esperava e o dia do grande baile chegou.

Minha mãe até tentou adiar a data, mas um evento assim não poderia ser adiado, ainda mais quando convites importantes tinham sido entregues, e não teria como avisar os reinos mais distantes a tempo.

O castelo estava um verdadeiro caos, mamãe gritava com os empregados a todo momento.
  
   Eu me perguntava se sua garganta ainda não estava doendo, se seguisse este ritmo com certeza não teria mas voz a noite. Ela alegava que tudo tinha que estar perfeito, e realmente estava.

A sala do trono estava adornada entre tons de preto e dourado, os imensos lustres espalhados pelo salão já ostentavam milhares de velas, mesmo que agora ainda fossem em torno de oito horas da manhã. Os empregados ja começavam a arrumar as mesas onde ficariam os doces e salgados para a noite e de tempos em tempos algum homem trazia alguma caixa de vinho para abastecer a adega, que já estava lotada.

A cozinha estava a todo vapor, e Lauren, a chefe, gritava várias ordens, sendo elas tempero, o sabor, o ponto e as receitas que deveriam ser feitas, uma verdadeira confusão para meus ouvidos.

Benício não estava tão diferente dos outros, parecia estar dando sermões em alguns soldados mais jovens, e explicando algumas coisas aos soldados de outros reinos, a segurança deveria estar reforçada hoje, muita gente importante em um só lugar. E pela quantia que o general parecia estressado, eu não queria estar na pele de nem um guarda inexperiente.

Os ânimos realmente estavam exaltados.

Meu pai se encarregava de receber todas as visitas. Os reis, nobres e comerciantes começaram a chegar desde ontem a noite, e papai se encarregava de acomodá-los da melhor maneira em um dos inúmeros quartos do castelo. Nem me limitei a cumprimentar qualquer um, saindo da vista de todos, e tentando procurar um lugar tranquilo, eu até conhecia um, mas em sã consciencia eu não voltaria para o jardim secreto sozinha tão cedo.

Decidi voltar ao meu quarto no momento em que minha mãe perguntou como eu queria cada coisa, não quis aborrece-la lembrando que eu não queria o baile em si. Então comecei a ser bombardeada de perguntas. Que cor deveriam ser os guarda-napos de cada mesa? Que cor deveriam ser os pratos e talheres? De ouro ou de prata? Damas me cercavam para saber que cor seria meu vestido. Quem havia o feito? É um estilista de renome? Que penteado irá usar em seu cabelo? Quem vai te arrumar?

Quais as minhas expectativas para um casamento? 

Essa pergunta quase me fez perder a pose e esganar Amélia, a filha do Conde Lucio. Vê se pode! Eu nem queria me casar!

E era eu quem estava ficando aborrecida.

Procurei o conforto de meu quarto e tranquei a porta, puxei um livro qualquer da estante e me deitei na cama, tentando me concentrar no livro, o folheei e de repente a companhia de Shakespeare não me pareceu tão atraente assim.

Olho para o teto e suspiro, não dá pra negar que não me sentia nervosa, o tic tac do relógio me incomodava, me acomodo na cama, sentada observo o manequim em um canto do quarto, de frente para a cama, ostentava um vestido azul com rendas, a saia era muito rodada para o meu gosto, mas eu o achava lindo.

     O vestido foi feito exatamente da maneira que eu queria, ainda não sabia qual iria ser a reação das pessoas, principalmente das Damas, até hoje ninguém usara um vestido da maneira que eu queria. Poderia dizer que era bem sensual, mas elegante, era perfeito. Mamãe havia insistido para que tivesse uma cauda, mas eu recusei prontamente, chamaria muita atenção. 

Eu gostava de coisas mais simples, ( e não queria ter o desgosto de alguém pisar na barra do vestido), para completar eu deveria usar um par de sapatos altos, não era alta, tinha meus 1,60 de altura, comparados aos meus irmãos e pai que tinham quase 1,80, "baixinha" foi como me apelidaram, eu odiava o "titulo". Era muito acostumada a usar saltos, ( minha mãe me obrigava), eram lindos, mas usar por uma noite era um sacrificio, principalmente pelo fato de saber que vou estar em pé mais da metade da noite.

Antes que o tempo acabe - A filha da LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora