Capítulo 4

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-Pegue ela.

Essa foi a única coisa que ouvi, olhei para trás e não vi mais nada, o jardim não me ajudava nessa parte pois é muito grande, sinto um impacto e logo o chão, tento me levantar mas não posso, tenho certeza que alguém esta pressionando minhas costas com o joelho. Que merda!

É pesado pra ajudar.

Sinto o peso aliviar e então sou virada bruscamente, vejo o homem acima de mim, suas pernas seguravam meus braços lado a lado em meu corpo, minha respiração sai rápida e entrecortada, tenho medo do que ele irá fazer comigo.
 
    Acompanhei enquanto lentamente ele aproximava sua mão de mim, parecia fascinado com algo, pôs a mão em meu pescoço e passou levemente seu polegar por ali, como uma espécie de carinho, virei meu rosto como se isso fosse me afastar de seu toque e então ele começou a me asfixiar, tentei me soltar, mas ele apertou ainda mais a pressão em meus braços, não tinha muito o que fazer, ele me encarava sem emoção e de repente me sentia pequena e inútil. Sua mão me larga, tusso em uma busca frenética por ar.

O que ele quer?

- O que você quer ?

- De você? - ele se abaixa a minha altura, sinto sua respiração em minha orelha, enviando arrepios por toda extensão de minha espinha - Diversão. Fora isso, não tem nada que possa me oferecer. - sinto o peso de seu olhar e minha respiração ofega.

Olho para ele, porém não em seus olhos, é intensa a sensação de "medo" que sentia dele, seu olhar se fixa em meus seios, meu coração acelera, e quando penso que ira tocá-lo, agarra meu colar.

- O que é isso querida? - fala e o tira com força, sinto uma leve queimação por onde a corrente percorreu, ele fixou seu olhar ali e logo tocou, vi a ponta de seus dedos suja com um pouco de sangue, olhei atentamente quando ele levou a boca.

Mais um arrepio passou meu corpo.

- Hum, isso é divino. - diz para mim.

Quem bebe sangue? Ele é louco! Ele é... Não! Não pode ser!

- Bonito colar, Selene. - ele leu a inscrição - Princesa de Valence. - vi surpresa estampar sua feição, mas depois sorriu, parecia se divertir da situação. - Que conveniente. Parece que tem mais a me oferecer do que pensei. - passou a mão em meu rosto, e mesmo sem querer estremeci ao seu toque, o arrepio pulsou em minhas partes íntimas e me assustei, o medo se transformando em raiva por estar sentindo o que não deveria.

O que está acontecendo comigo?

- Tire a mão! - disparei sem pensar, com raiva.

- Olha Leonardo... Alguém está de mal humor. - disse uma voz, olhei de onde vinha, um outro homem estava ali em pé, não muito longe mas não pude ver sua feição.

Leonardo... É um nome bonito

- Não é. - concordando, respondeu rindo irônico. - A princesinha tem coragem.

- O que vocês querem? - sussurrei com medo da resposta.

- Nem eu sei mais! - diz Leonardo - O colar é em forma de lua, Selene, significa deusa da lua, porque disso em princesinha?

- Não interessa. - respondi rápido, mas na verdade nunca havia pensado nisso. Por que tudo isso mesmo?

Ah, isso não vem ao caso no momento.

- Tem razão, isso não vai importar mais quando eu a matar. O que acha? - perguntou e olhou para o outro homem e afrouxou o aperto em meu corpo.

Sem pensar muito aproveitei a distração. Dei uma joelhada certeira em suas partes íntimas, ele se arqueou para frente, tirei meus braços debaixo de suas pernas e dei uma cotovelada em seu rosto. Ele caiu para o lado. Rápidamente me levantei e fiz o óbvio. Saí correndo. Ouvi o outro homem gargalhar.
 
  Onde fui me meter? Será que são todos malucos?

- Eu vou pegar ela pra você Leonardo. - disse debochando e ria ainda mais.

- Não, ela é minha! - ouvi cada palavra ser dita com fúria.

Creio que deixei alguém com raiva.

O vestido me atrapalhava um pouco, mas corri ao máximo que podia, quase chegando na porta, faltando MÍSEROS dois metros para chegar ao castelo e cruzá-lo, sinto alguém me agarrando pela cintura e sou arremessada contra a parede do castelo, o impacto foi tão forte que bati minha cabeça, aquilo me deixou zonza.

- VOCÊ PENSOU O QUE? - ele agarrou meus braços com força, eu não fiz nada, minha cabeça rodava e eu o estava vendo em borrões - PENSOU QUE IRIA FUGIR? MAS NÃO, VOCÊ NÃO FOGE DE MIM! - ele gritava ainda mais, aos poucos retorno a meu estado normal.

Seu corpo prensava o meu contra a parede, me debati e tentei me soltar, mas em vão, sua força era absurda. Não tenho chances. Leonardo olhou em meus olhos e por uma fração de segundos parecia ter visto um lampejo vermelho passando por sua iris. Não consigo evitar olhar seu rosto, mas me assustei ao ver presas em sua boca.

" Vampiro". Minha consciência alertou. Isso existe?

Oh céus, onde me meti? Ele começou a cheirar meu pescoço, me deixando arrepiada, mesmo sem querer não pude deixar de pensar o quanto era boa a sensação.

    Com uma mão ele puxou meu cabelo, tentei me soltar, dei vários socos com toda força que podia, mas parecia que ele nem sentia. Ele não dizia absolutamente nada, apenas continuava com o rosto enterrado no vão de meu pescoço, senti sua língua gelada passar por ali, estremeci.

- Me larga! - gritei e o empurrei com força, ele se afastou minimamente.

- Quieta. - rosnou autoritário e voltou a me empurrar contra a parede, segurando meu pulso com uma mão enquanto a outra continuava em meu cabelo.

Não tive tempo de reagir, ele puxou meu cabelo novamente, porém com mais força e um segundo depois senti seus dentes em minha carne. Soltei um grande grito de dor e susto.

- Socorro! - será que alguém ouviria? - ANTHONY! - berrei o primeiro nome que veio em minha cabeça, ele mal se importou com todo escândalo que eu estava fazendo, senti seus dentes se enterrarem ainda mais em minha pele - Por favor... - pedi, lágrimas nublavam meus olhos.

Meu sangue se esvaia aos poucos de meu corpo, me senti um pouco fraca, lágrimas escorriam pelo meu rosto, minhas pernas fraquejaram e então Leonardo me segurou pela cintura com firmeza e apertou mais seu corpo contra o meu.

Fecho meus olhos.

" Havia uma garota, ela estava ao chão com a cabeça apoiada nas coxas de um homem, estava gravemente machucada e sangue banhava o piso de mármore em que se encontrava, estava morrendo, o rapaz a olhava desesperado mas ele sabia o que fazer, porém tinha medo, ela suplicou que o fizesse e relutante ele a mordeu, era um vampiro também, ele deixava lágrimas escaparem, estava tenso, a angustia em perde-la o consumia, eu estranhamente sentia as emoções da garota, ela tinha medo, medo da morte, medo de nunca mais vê-lo.

- Calma meu amor... - ele estava debruçado sobre seu corpo, tudo que restava era esperar. Esperar que tudo desse certo. Ela o olhava serenamente, seus olhos tinham dor, mas a paixão estava em todo seu ser, ela o amava, levou a mão a seu rosto e fez carinho.

- Te amo. - disse fraca, tentando transparecer conforto e aparentando ser forte, mas estava desesperada, tinha muito o que dizer a seu amado e não queria ir sabendo que havia brigado com ele, sentiu uma dor imensa que a fez estremecer - Não me deixa morrer."

Abro os olhos e inspiro profundamente, Leonardo tinha um cheiro inebriante, involuntariamente minha mão vai em seu rosto, em uma espécie de caricia. "Talvez eu estivesse delirando", já sem forças fecho meus olhos lentamente.

- Não me deixa morrer... - sussurro e a escuridão me leva.

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Ai! Será que fico bom?

Antes que o tempo acabe - A filha da LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora