Capítulo 7

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A casa tinha uma construção rústica e antiga, porém muito bonita. A sala com uma decoração impecável, de muito bom gosto, é noite e pelas frestas da cortina da janela escapam flashes da luz da lua cheia.

- Selene, o jantar está pronto! - chamou uma voz familiar de dentro da casa, me virei rápidamente para a direção que me chamavam, não sei se deveria ir mas a curiosidade me venceu, quando fui atravessar um corredor, uma mulher passou, meu coração acelerou e tentei me esconder, afinal eu era a "intrusa" ali, mas para minha surpresa ela passou por mim como se eu não existisse.

- Claro, estou indo, quero ver o resultado disso tudo. Você na cozinha? - ela riu - Vai ser um desastre!

Ela para em frente a um espelho, e ajeita os cabelos. Como é possível? Ela... Sou eu! Tinha um brilho diferente no olhar e um sorriso radiante, ela segue o caminho pelos corredores, creio que vai até a cozinha, eu sigo atrás dela.

- Meu Luar, sabe que por você eu faria qualquer coisa, porém confesso que prefiro lutar com alguém a fazer isso, pareceu impossível! Mas ficou ótimo, acredite em mim. - ouvia a voz dizendo de algum comodo, a garota deu uma pequena risada.

Entro no local de onde vem a voz, realmente era a cozinha, olho a expressão de felicidade que "eu" tinha.

  A mesa estava decorada, os castiçais com velas vermelhas acesas, a comida parecia estar gostosa, o cheiro era ótimo.

- Realmente nunca imaginei nada assim vindo de você. Isso está lindo, definitivamente inédito. - diz ela admirando a decoração.

- Você gostou? - pergunta de costas saindo de uma porta, perecia estar carregando algo.

- Está maravilhoso! - ela o responde feliz.

- Já disse que por você faria qualquer coisa Selene. - ele se virou e eu o vi...

Leonardo...

- Eu te amo. - ela disse, os olhos castanhos do homem brilharam em tom dourado, algo lindo e surreal, ele colocou os pratos na mesa e veio em sua direção, a garota lhe deu um forte abraço e quando o soltou, Leonardo a envolveu em um demorado beijo cheio de paixão.

- Eu te amarei pela eternidade Selene.

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Me sento bruscamente, percebendo estar em minha cama, as palavras ecoam pelo quarto como em um eco, estou ofegante e com uma estranha sensação de "felicidade". Tudo não passou de um sonho.

Minha cabeça lateja levemente, processando tudo, como posso sonhar com algo assim? Isso me lembra a "lembrança" que tive quando o vampiro me mordeu. Porque isso está acontecendo comigo? Droga! Estou delirando!

Parecia mesmo ser uma lembrança, ou seria uma visão do futuro?

Oh céus, realmente estou enlouquecendo!

Como minha mente pode cogitar a ideia de isso ser uma visão do futuro? Ainda mais com o monstro que quase tirou minha vida?! Automaticamente me lembro de seus olhos, aqueles dourados intensos, senti um arrepio me percorrer, balancei a cabeça espantado os pensamentos.

Saio da cama, calço os saltos que estavam aos pés da cama, dou uma olhada no espelho para conferir se estava tudo certo, ajeito meus cabelos e passo perfume, nada mais, estou bem assim, saio do quarto a procura do restante de minha familia, eles tinham muito o que me explicar.

Será que eles sabiam da existencia dos vampiros?

Se sabiam por que nunca me contaram?

Os procuro em várias partes do castelo, sem sucesso.

- Com licença Noah, você sabe onde estão meus pais ou os meus irmãos? - pergunto a um dos guardas em frente a porta da sala do trono.

- Não alteza. - diz sem me olhar, ameaço abrir a porta, ele se coloca em minha frente, impedindo minha passagem. Ouço a voz de meu pai ecoando de dentro do cômodo.

- Noah, me deixe entrar, sei que meu pai está aí! - ele nem se move.

- Você não entende! Se ela descobrir que somos sobrenaturais estará exposta ao perigo! Isso nem passa pela cabeça dela, o que acha que ela irá pensar se você disser que é um vampiro Philip? Se contar que nossos filhos tem poderes? E o pior é que escondemos dela o tempo todo! - ouço em bom som todas as palavras que ecoam de dentro da porta, era minha mãe que dizia, e pela altura, ela estava bastante exaltada.

Olho para Noah com os olhos bem abertos, o mesmo tem uma expressão aflita enquanto olha a parede do corredor atrás de mim, levando em conta sua altura superior a minha.

Minha mente processa cada palavra dita pela minha mãe, meu corpo não projeta um único movimento e tenho certeza que em meu rosto está nítida a confusão que cada revelação ali ouvida me fez pensar.

Afinal, o que pensar ? Pisco várias vezes como se isso fosse revelar ser apenas mas um sonho insano que minha imaginação cria, mas não. Cada palavra é uma revelação de uma vida cheia de mentiras, segredos e querendo ou não traição.

Essa é a palavra. Traição. Uma das coisas que minha família me ensinou a repudiar e não aceitar de forma alguma. Lealdade e confiança são a base de nossa família, pelo menos eram, mas como impor algo que nem mesmo eles foram capazes de cumprir?

Não pode ser verdade! Sei que é clichê demais dizer isso, mas quem em sã consciencia diria acreditar que seres sobrenaturais existem? Ou pior, que sua família está composta por eles?!

Meu pai um vampiro?

De repente achei tudo tão divertido que comecei a rir, como se tivessem me contado a melhor piada que já ouvira em toda minha vida, porém uma risada nervosa, minhas mãos tremiam e eu me forçava a acreditar que tudo é verdade. Eu estava em crise, coração acelerado, respiração rápida, palma das mãos suadas, e obviamente a risada sem sentido, esses fatores me davam absoluta certeza disso.

Noah me observava com um misto de preocupação e desentendimento, avaliando cada expressão minha e eu me perguntava se ele estaria pensando que sou louca.

Sem ter controle, avanço os poucos passos que faltavam para estar em frente a porta. O guarda ainda me impediria de passar por ela? Ao contrario do que achei, ele simplesmente não me impediu, não havia mais motivos para tal ato. Levei minhas mãos tremulas até a porta e a empurrei, fazendo tanta força que pareciam pesar contáveis quilos a mais do que pesavam normalmente, as atenções estavam em mim.

E toda minha procura acabou.

Diante de mim estavam meus pais, meus irmãos, o general, Jason, nobres responsáveis por alguma parte da administração do reino. Tantas pessoas que me senti ainda pior por todas elas saberem o que eu nunca soube.

Avaliei a expressão de cada um ali, a maneira que me olhavam, sinceramente não sabia o que eu deixava transparecer em minha expressão, mas tinha certeza que a cor faltava ao meu rosto, a tontura começava a me tomar, acho que minha pressão despencou, talvez por não ter comido nada, ou pela conversa que com certeza eu não deveria ter escutado.

O fato é que todos os mais próximos de mim presentes ali me encaravam assustados e paralizados, enquanto os outros nos olhavam com curiosidade, em expectativa ao Show que começava agora.

-Selene!? - papai sibila atônito.

Diante do turbilhão de perguntas, pensamentos, tudo que eu conseguia fazer era encarar meu pai sem conseguir formular uma frase.

- Como? - essa palavra nunca pareceu fazer tanto sentido como fez agora.

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Antes que o tempo acabe - A filha da LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora