Capítulo 1

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Por volta dos anos de 1.700

Antes do fim...

O suor escorria por minha testa, entrando em meus olhos e causando uma leve ardência pelo liquido ser um pouco salgado, já não aguentava de tanto correr, estava ofegante e com o coração acelerado, parecia que iria ter um infarto a qualquer momento.

O caminho a seguir foi a minha pior escolha, as árvores altas e sem folhas tinham um aspecto assustador em contraste com a noite escura e fria que me assolava, as corujas faziam um barulho medonho no lugar no qual se podia apenas ouvi-las e ouvir meus próprios passos acelerados que não eram nem um pouco discretos já que eu estava desesperada.

A sensação de vigilância não me abandonava em momento algum.

Os galhos batiam com violência contra meu rosto, meus braços estavam arranhados, as finas luvas que cobriam minhas mãos estavam em frangalhos pelas minhas tentativas de afasta-los de meu caminho, no chão jaziam grandes raízes das imensas árvores da floresta, meu sapato não me ajudava em nada na minha correria desesperada, o maldito salto me impedia de ir mais rápido e o vestido molhado e pesado dificultavam ainda mais minha fuga.

A Lua já não iluminava mais meu caminho, cansada parei recostada em uma árvore para recuperar o ar que faltava em meus pulmões, mas o som de botas contra o chão me deixou em alerta, me pondo a correr novamente sem rumo, ciente de que adentrava cada vez mais a floresta.

A neblina me impossibilitava de ver adiante, mas continuei, não podia parar, ouvia seus passos pesados atrás de mim e me sentia mais aflita a cada segundo.

Meus cabelos soltos atrapalhavam minha visão, no instante seguinte tropecei em algo e cai, logo sentindo uma dor forte próxima ao quadril, levantei com dificuldade e logo percebi que tinha caído em cima de um galho pontudo. Levei a mão ao lugar e a quantidade de sangue me assustou.
"Se naquela noite eu estivesse usando um espartilho isso com certeza não estaria acontecendo".
Não sabia o que fazer, mas tinha que sair logo dali, sabia que meu atraso e o meu grito seriam o suficiente para ELE me encontrar.

Comecei a andar com certa dificuldade, porém a adrenalina me impedia de sentir dor. Voltei a andar rápido, porém cautelosa, me impedindo de fazer qualquer barulho, sei que ele escutaria.

Ouvi galhos se quebrando, meu coração disparou. Com a mão na ferida tentei correr mais rápido, me incomodava, mas a aflição de ser encontrada e a adrenalina me deixavam anestesiada, sem tempo para sentir a dor, mas a minha respiração forte me denunciava, eu seria capaz de ser ouvida por ele, minha visão ficou turva e minha cabeça já não trabalhava tão bem em meio ao desespero.

Apoiei-me em uma árvore e devagar escorreguei ao chão, vendo em meu vestido uma grande mancha de sangue, controlando minha respiração fiquei o mais quieta possível, olhei para o céu na esperança de ver a lua, mas não, era só eu ali.

Um ruido me fez olhar para frente, ali estava o motivo de minha fuga, envolto em uma capa negra, não podia vê-lo, somente via a lâmina afiada em sua mão, que brilhava contra a pouca luz daquela noite.

O medo me tomou, a floresta silenciou, tudo que eu podia ouvir era a minha própria respiração acelerada, acompanhando o ritmo desenfreado do meu coração. Minha garganta fechou e meu corpo ficou imóvel.

Minha mente me mostravam mil e uma formas de morrer. Meus pensamentos estavam em um turbilhão de perguntas mas eu não fui capaz de produzir um único som.

Ele olhou para mim, seu capuz não revelava sua feição, porém ele levantou seu rosto minimamente e pude ver a sombra de um sorriso perverso em seus lábios, calafrios me atingiram quando lentamente ele se aproximou de mim.

Antes que o tempo acabe - A filha da LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora