• Contagem Regressiva •

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Liam

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Liam

Permaneci de bruços na cama questionando-me quando finalmente aquilo teria fim.

_ Em dezembro. _Algo me respondia ao fundo_ Você sabe disso.

Sim, eu sabia disso. Eram meados de outubro, e ainda que parecesse tão longe, o fim do ano estava mais perto do que eu poderia imaginar.

De fato o tempo passava rápido. Minha mãe sempre costumava dizer isso, e eu nunca considerei que isso fosse uma inverdade. Pelo contrario, a Mia sempre foi uma das mulheres mais inteligentes que já conheci na vida. Claro, sem tirar os créditos de minha avó paterna, que arrancaria os cabelos que lhe restam na cabeça auge de seus setenta e dois anos se por algum infortúnio me ouvisse dizer isso. Mas naquele momento em especial, apesar de ser totalmente devoto do que minha mãe dizia, sentia como se aquele mês estivesse sendo o mais longo e regressivo de toda minha vida.

Minhas últimas emoções de um adolescente devidamente entediado pareciam intermináveis agora, mesmo com o fim do ano letivo próximo. Parecia que Outubro havia sido agraciado com mais 60 dias extras. Como uma piada sem graça do destino do qual só alimentava minha tensão e expectativas para encarar o futuro que estava por vir. Porque ele viria. E me esperava ansiosamente do lado de fora me angustiando mediante a vida.

Mas também eu não pensava nisso como prioridade agora. Talvez eu devesse pensar mais nas provas finais, porque sem sucesso nelas certamente o futuro ficaria para o final ano que vem. E se ele ficasse para o final do ano que vem, meu pai e eu teríamos sérios problemas de interação. Mas era justo eu colocar no topo a formatura. Na verdade o baile de formatura que era bem mais interessante que todo seu contexto em si.

E enfim, a liberdade no qual sonhara desde que coloquei meus pés no primeiro degrau do ensino fundamental.

Pensar nisso sim era bom. Mais doce que o próprio açúcar. O combustível que vinha me dando forças todas as manhas para que eu me levantasse e enfrentasse as aulas no ócio de tédio total.

Em breve nada mais daquilo existiria em minha vida. Física, química ou matemática. Nada da subjetividade do português ou daquele uniforme ridículo que não combinava com nada ou favorecia ninguém. Nada de compromissos escolares. Nada de slides, ou provas orais. Trabalhos em grupo ou apresentações teatrais. Quem seria Fernando Pessoa depois disso? Hitler! Einstein! Quem seriam? Meros personagens? Sim, figurantes de uma parte da novela de minha vida que menosprezaria num futuro próximo, e pensando por esse lado, muito esperado.

Sorri movendo-me lentamente na cama entre os travesseiros até encontrar uma posição mais confortável para minha coluna. Então permaneci ali por mais incontáveis minutos, imerso em meus mais variados pensamentos, e ignorando uma série de músicas que tocavam sucessivamente em meu iphone, ligado a um fone de ouvido acústico com decibéis extremamente desapropriados.

Ao alto do teto comecei a persegui uma mariposa negra que sobrevoava meu quarto ao redor da lâmpada. Naquele instante começou a tocar uma de minhas músicas favoritas, Make me up do Avicci.

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