• Quem frita é batata •

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    Passei correndo pelos corredores

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    Passei correndo pelos corredores. Sem ver ninguém. Atropelando todos.

    Meu professor de física tinha opiniões fortes no que se dizia respeito o cumprimento dos horários estipulados, e a partir do momento que ele entrava na sala ninguém mais entrava. Nem ar. Nem nada. E então o silêncio reinava em absoluto.

O Jarbas sempre  teve fama de mal, mas de fato eu nunca achei que ele fosse. Quero dizer, na casa dele.  Claro, é lógico às vezes ele me deixava P... da vida quando passava quinze folhas de exercícios do livro, ou nos obrigava a fazer cálculos de intensidade de corrente elétrica no quadro valendo dez pontos.  Sempre achei isso sacanagem porque cada mínimo ponto conseguido com ele era valioso. Passar em física era difícil. Não só pela matéria ser bem complexa, mas porque o professor era exigente e fazia todo mundo chorar nas provas bimestrais dele. E ai de quem ficasse para recuperação. E ele era daquele tipo de professor que ou você amava, ou odiava, com ele não tinha meio termo, e honestamente nunca me resolvi sobre que tipo de sentimento alimentava por ele. Ainda.

      Era uma pessoa bastante divertida. Fora de sala, brincava, contava piada, zuava todo mundo, e na hora do recreio em vez de ficar na sala dos professores tomando chá gelado e comendo rosquinhas Bauduco, sentava numa mesa de mármore com um bando de meninos do terceiro ano e jogava truco até o sinal bater. Entretanto, quando pegava o pincel e ia para frente do quadro se tornava um grande vilão. O carrasco. Aquele a  quem todos temiam ( inclusive eu) porque na real? A matéria dele era uma merda. E ainda que ele explicasse tudo tão bem, não existia força maior que fazia a sala entender nada do que ele dizia.

     Eu havia estudado loucamente para aquela prova. Tanto, que dormi tarde sobre os livros e acabei perdendo o horário. E graças a quem? A traíra da Aléxia é claro, que se quer teve boa vontade de me chamar, mas como por vingança, me deixou dormindo bem mais que deveria.

Corri feito uma louca até o colégio, e quando alcancei o portão ele já havia se fechando. Tentei implorar para que abrissem, mas nunca fui muito convincente com essas coisas, então simplesmente não insisti, e achei melhor ir me lamentando até chegar novamente em casa.

Mas na hora deu vontade de chorar. Só Deus, o Jarbas e eu sabíamos como eu precisava de pontos em física, e eu simplesmente não podia ficar agarrada em recuperações no final deste ano, ou poderia dar adeus as minhas doces férias Califórnia. Isso mesmo. Califórnia. E eu não podia entrega-las de mão beijada podia? NAO!  Era  C-A--L-I-F-Ó-R-N-I-A!!!!!

     Mas essa não havia sido a parte mais interessante de tudo. E pensando por esse lado dane-se prova fudida do Jarbas. Dane-se a Califórnia, e Dane-se Aléxia com todas suas trairagens.  Quero dizer, não sei se poderia chamar de interessante  o que aconteceu porque estava mais pra constrangedor. Apesar de que coisas constrangedoras aconteciam livremente na minha vida o tempo todo. Mas foi diferente. Diferente porque havia acontecido, e até agora eu estava zonza por depois de três anos; Repito. Três  anos inteirinhos ele finalmente ter falado comigo. Ele. Liam. Meu Liam. Meu amor. Minha vida. O futuro pai de meus filhos. Meu amante perfeito. Ele havia me olhado, ele havia falado comigo. Será que ele tinha gostado de mim? Será que tinha se apaixonado por mim a primeira vista como naqueles  filmes água com açucar que me faziam chorar na sessão da tarde? Como quando foi quando o conheci? Conheci não, o vi. Em 2012, após me ingressar num novo colégio, depois de minha dramática mudança do Rio de Janeiro para Minas Gerais, quando minha mãe  havia sido transferida de localidade pela emissora de jornalismo para o  qual ela trabalha.

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