Capítulo 4

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Açucena termina o pequeno-almoço e despede-se da família com beijinhos e abraços.
Com um sorriso a iluminar o seu rosto, sobe na sua mota, uma Honda CBR 600 RR preta de 2012, coloca o capacete, dá à chave e, depois de um minuto, arranca com aquela euforia característica de todas as vezes que anda na sua mota.
O que é quase sempre.
Tirando os dias de chuva e, aí, trocava a menina dos seus olhos pelo seu velho UMM vermelho, remodelado e restaurado.

O percurso até Baker Cargo foi rápido, e Açucena cumpre sempre as regras do trânsito.
Bem, exceto quando pretende descarregar frustrações e segue para a autoestrada.

Como é habitual, cumprimenta todos quando passa e deixa o capacete em cima da mota, estacionada na sua vaga coberta.
Sacode o cabelo distraidamente e ajeita a camisa social, de seda branca, dentro dos jeans escuros, arruma a lapela do casaco de terno, após tirar o casaco próprio de motard, olhando para os botins com um pequeno salto, verificando que está tudo no lugar, entra no edifício, continuando a cumprimentar o pessoal.

Na antessala do seu escritório e do de seu pai, a senhora Dexter tecla furiosamente, compenetradíssima no seu trabalho e nem prestou atenção à sua chegada.

- Bom dia, senhora Dexter. - Açucena cumprimenta animadamente.

- Credo, nossa Senhora me acuda! - A mulher grita assustada, levantando-se e levando a mão ao peito. - Açucena, é desta que eu morro!

- Oh! Perdoe-me, senhora Dexter. Pensei que me tivesse visto entrar.

- Ai, não, filha, não te vi entrar. Assustaste-me como o caraças. Ia morrendo do coração!

- Qual quê, senhora Dexter, você está aí pronta para as curvas. - As duas riem. - O que tem para mim, já de manhã?

- Uma reunião às onze horas com Luke Corbyn, da Corbyn's Wood Manufacturing Industry. Foi agendada esta manhã. Como não havia nada em agenda, aproveitei e marquei para uma hora mais decente.

- Aquela gente não perde tempo. - Açucena murmura. - Nessa reunião, só é necessária a minha presença, ou também a do meu pai?

- Dos dois, minha querida. O senhor Redford foi bem explícito e disse que pretendia uma reunião com o CEO e com a filha deste.

- Certo. Avise o meu pai, por favor. Ele iria tirar o dia de hoje, mas terá de vir.

- Eu peço desculpa, Açucena, eu não fazia ideia. Ele não me avisou.

- Não se preocupe, senhora Dexter, ele é que tem a culpa.

- Vou já ligar.

A primeira coisa que Açucena faz, ao entrar no seu escritório, é abrir as persianas e deixar a luz do dia iluminar o ambiente.

Ela e o pai dividem a senhora Dexter que é mais do que uma simples secretária, ela é a assessora administrativa dos dois e é uma excelente profissional.
A senhora Dexter ocupa a antessala, que é composta por um enorme balcão, que ela ocupa, e uma área de espera na lateral, com uns sofás confortáveis de cor creme, ladeando uma mesa de vidro baixa sobre uma carpete também creme.
Por trás do balcão, relativamente lado a lado, encontram-se as portas dos escritórios de Açucena e do pai.

Ao contrário da decoração escura e austera do escritório do seu pai, o seu é totalmente claro.
As paredes são brancas e a decoração é maioritariamente em tons claros e apontamentos dourados. Os módulos dos armários e arquivos são beges, combinando com as paredes brancas e a sua secretária é em vidro, suportada por uma base da mesma cor dos armários, tal como a cadeira de executivo.
Os quadros que revestem a parede à frente da secretária são desenhos dos seus sobrinhos. O espaço é vasto e consegue ter uma mesa com seis cadeiras, para pequenas reuniões.
Na lateral de trás da sua cadeira está a entrada para a sua casa de banho privativa.
Resumindo, o seu gabinete foi pensado de modo a manter o seu conforto e necessidades durante um longo dia de trabalho.

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