Capítulo 7

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Nem deu por si a entrar no quarto de hóspedes que lhe fora atribuído. Luke encontrava-se tão absorto no beijo de Açucena, que só percebeu que já estava lá dentro e o resto foi feito em piloto automático, depois de fechar a porta atrás de si.

O quarto era amplo e tinha uma casa de banho privativa. A decoração do mesmo era rústica, com móveis em madeira escura, mas a decoração minimalista era completamente branca.
A cama king size encontrava-se ao meio do aposento, ladeada por duas mesinhas de cabeceira e por tapetes felpudos. Na parede, de frente para a mesma, está um roupeiro e uma cómoda com espelho e, ao lado, a porta para a casa de banho.

Senta-se na cama, coloca a cabeça entre as mãos e apoia os cotovelos nos joelhos, inspirando fundo.

Alguma vez tivera tanto tempo a conversar com uma mulher?

E que a conversa fosse tão interessante?

Não se recordava.

Aquela mulher é uma verdadeira caixinha de surpresas e conseguiu deixá-lo com vontade de mais.

Enquanto estavam na feira, esqueceu-se das discussões que tiveram e parecia que isso tinha sido um acontecimento longínquo, enfiado no fundo da sua memória.

Mas, quando o veterinário se aproximou deles, a voz de Wilson soou, mais uma vez, com a constatação do estábulo; Luke estava com ciúme. O seu corpo reagiu à presença de Gary, ficando tenso e sentiu-se ameaçado. Era uma novidade e a verdade é que não sabia como lidar com aquilo, já que Açucena não era sua. Apesar de perceber que estava subitamente interessado nela e de terem trocado aquele beijo, isso não era sinal de algo mais.

Chateado com o rumo dos seus pensamentos, levanta-se da cama, irritado, e aproxima-se da janela do quarto.

Afasta a cortina e abre a janela, debruçando-se no parapeito.
Os barulhos noturnos invadem os seus ouvidos e a paisagem estrelada é arrebatadora, tal como os cheiros característicos do campo.

Açucena invade-lhe os pensamentos, mais uma vez, e Luke fecha os olhos durante uns minutos.

Um par de braços rodeia-lhe o tronco e umas mãos repousam no seu abdómen. Luke sobressalta-se e vira-se naquele abraço, dando de cara com a dona dos seus pensamentos.

- Eu preciso do teu beijo outra vez, Luke. - Açucena sussurra, olhando-o nos olhos.

Ele nem exita e cola os seus lábios nos dela, com suavidade e, ao mesmo tempo, uma fome sem sentido.
Os dedos de Açucena acariciam o seu pescoço, provocando doces arrepios e ele enlaça os seus braços na sua cintura, apertando-a contra ele.
O encaixe deles era excitante. Luke não conseguia afastar a boca da dela. As carícias da sua língua são delirantes e viciam.

Afasta-se ligeiramente dela para apreciar a sua beleza. Açucena ofega, de olhos semicerrados e os lábios um pouco inchados do beijo.
Luke leva uma mão ao seu rosto, descendo os dedos pela sua face e passa o polegar pelos lábios entreabertos dela.

- A feiticeira dos meus pensamentos... - Luke murmura.

- Feiticeira?! - Açucena ri baixinho.

- Só com uma conversa e um beijo, Açucena, e o meu pensamento és tu.

- Vou fingir que acredito. - Ela sorri. - É um exagero, mas eu compreendo o teu dilema.

- Ai é? - Luke arqueia uma sobrancelha e sorri.

- Sim. O meu dilema é o mesmo.

- Hum... É justo que eu não seja o único.

- De besta quadrada, passaste a perdição dos beijos. - Luke ri com a afirmação dela. - O verdadeiro muso da minha perdição.

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