Açucena estremece com o olhar penetrante de Luke e fita-o.
- Não sei o que te responder, neste momento.
- Parece que, para além de ocupar a tua boca com beijos, já tenho outra maneira de conseguir fazer com que fiques sem argumento para mim.
- Até eu estou surpresa com isso. - Açucena afirma.
- Contudo, é contraditório.
- E porquê? - Açucena pousa os talheres, depois de finalizar a refeição.
- Podia ficar exultante por poder silenciar-te com uma conversa cheia de segundas intenções, mas não consigo tirar proveito disso. - Luke franze o cenho.
- Tens de ser mais direto, Luke.
- Prefiro a Açucena respondona. - Ela ri. - Sem dúvida alguma.
- Parece que é força do hábito.
- Não me parece. - Luke coloca os talheres no prato, depois de terminar a refeição, e inclina-se, apoiando os cotovelos na mesa, fixando Açucena. - É estranho não ter o teu verdadeiro eu em todas as ocasiões. Parece que falta qualquer coisa.
- Não, muso. Não falta qualquer coisa. Tu desconhecias a minha faceta tímida, porque a de autoproteção já conhecias.
- Não pode ser! - Ele arregala os olhos em espanto. - Tu? Tímida?!
- Só em raras ocasiões, quando sou apanhada desprevenida. - Açucena reclina-se na cadeira, cruzando os braços em frente ao peito.
- Não precisas ligar o modo defensivo, feiticeira. Estamos só nós os dois aqui. E, apesar da nossa conversa ter mudado, estou a aprender com isso.
- Pois, mas eu sinto-me intimidada, neste momento. Não esperes outra coisa.
Luke levanta-se e aproxima-se dela, estendendo-lhe a mão para que ela a pegue. Açucena aceita o gesto e segue-o até ao sofá da sala, em que se sentam próximos e de frente, um para o outro. Luke não solta a sua mão.
- Desconheço os motivos que te obrigaram a ter essa reação. Provavelmente, até sei, mas não quero que falemos sobre isso, agora. - Ele acaricia a sua bochecha. - Não precisas de ser assim comigo, feiticeira, jamais.
- Eu sei, mas, inconscientemente, ajo em modo automático.
- Anda cá. - Luke puxa-a para o seu colo, abraçando-a. - Eu entendo. Tens a minha palavra de que podes ser tu própria comigo. Não vou comportar-me de modo depreciativo ou machista, em que tenhas de agir como ages com os outros para te impôr, OK?
- São estas coisas que me fazem gostar imenso de ti.
- Quem diria que eu iria adorar alguém com o teu geniozinho desgraçado?
Açucena gargalha, antes de ser silenciada pelo beijo de Luke.
- Luke, penso que já não é só gostar... - Açucena murmura, olhando-o nos olhos.
- Eu sei. É muito mais do que podemos denominar com a simples palavra gostar, Açucena. Só não estamos habituados a isso e parece tão difícil e assustador dizê-lo em voz alta.
- Nós não deveríamos ter esse tipo de problema. Somos pessoas frontais e falamos abertamente sobre tudo e mais alguma coisa.
- Impressionante, não?
- Com toda a certeza.
- Será que é mais fácil demonstrar? - Luke sorri de canto.
- Não sei. Talvez?
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Tudo na vida pode ser um instante
Roman d'amourAçucena Baker é uma mulher bastante incomum. Empenhada em funções voltadas a homens, trabalha na empresa familiar e está prestes a assumir o cargo de CEO, após o pai se aposentar. Mas, com encontros e embates de personalidade, vê-se balançada por se...