Prólogo

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A música alta ecoava na aldeia de Erythrina, esse som era oriundo de um bar famoso na região, no qual parecia estar havendo uma festa.

Pescadores, empresários, caçadores, lenhadores e até ladrões estavam festejando na taverna; se divertiam e bebiam litros de cerveja. Porém a euforia acabou quando um homem apavorado entrou chutando a porta

Sua camisa branca estava rasgada, seu cabelo bagunçado, seu relógio dourado parecia sujo e quebrado, calçava apenas um par de seu sapato social e seu corpo também estava coberto de lama.

-Eu... eu vi ela! - gritou o sujeito - A criatura... ela é perigosa!

-Ei fique calmo, homem - disse uma garçonete o levando para se sentar.

Serviram água para o homem atormentado, logo várias pessoas se juntaram em sua volta para ouvir o que ele tinha a dizer.

-Aquele monstro, quase acabou comigo.

-De quem você está falando, forasteiro? - um anão barbudo perguntou.

-De quem mais ele estaria falando? - disse um homem forte com um moletom preto, sentado no balcão, bebendo uma caneca de cerveja em questão de segundos - Quem é o ser que pode deixar alguém tão traumatizado?

Todos olharam um para o outro e levantaram os ombros.

-Foi uma pergunta retórica - resmungou o grandalhão levantando-se e indo em direção ao grupo.

-O que é uma pergunta... rêturica? - perguntou o anão.

-Você é burro? - indagou um homem magro ao seu lado - Como você não sabe o que é isso?

-E você sabe? - o anão encarou o magrelo.

-Eu... - ele não conseguiu responder e ficou envergonhado.

O homem atormentado começou a chorar enquanto dizia:

-Aquela aberração... por que isso aconteceu comigo?

Então chega um homem velho e enrugado, com um moletom azul e um chapéu de pescador, fumando um cachimbo.

-Está mais que óbvio - disse ele - não dá para negar que foi Bamburdie que fez isso.

-Bamburdie? - perguntou a garçonete - mas achei que era apenas uma lenda.

-É ele mesmo! - gritou o homem angustiado - aquela criatura me atacou, tirou meu carro, minhas jóias, meu dinheiro e quase tentou me matar.

-Hehe - um outro homem riu - parece que está falando da minha ex-mulher.

-Chega de gracinha! - exclamou o velho - Bamburdie existe e é uma ameaça que deve ser levado a sério. Esse homem não deveria colocar os pés naquela floresta.

Bamburdie era uma criatura muito conhecida naquela aldeia, havia poucos relatos de sua aparência, pois era difícil alguém vê-lo e sobreviver depois. Mesmo assim ele apenas vivia nas florestas daquela região, tinha várias placas em cercas que pediam para as pessoas se afastarem, apenas alguém sem noção ousaria entrar. Mas o que aquele homem foi fazer naquele lugar? Seja o que for, cometeu um grande erro.

-Esse monstro é tão perigoso assim? - perguntou um homem sentado à mesa, amolando uma faca.

A figura vestia uma camisa xadrez, um jeans e tinha um chapéu de caubói. Sua barba era bem feita e sua estatura alta fazia intimidar qualquer um.

-Já ouvi falar dessa fera mas nunca quis procurá-la... - ele levantou-se da mesa e começou a andar em direção aquelas pessoas - mas agora me deu uma vontade de colocar a cabeça dela na minha parede, ou fazer um casaco com sua pele, se ela tiver uma...

-Está pretendendo ir atrás dela? - indagou o homem forte - você não tem amor pela vida?

-Eu sou um caçador, meu bom homem. Essa é minha vida.

-Isso é suicídio! - indagou o velho - você não pode chegar perto daquela criatura.

-Não me diga o que eu tenho que fazer, velhote, essa fera é minha presa. Eu vou matá-la ou eu não me chamo Scotty Saimon.

-Então é melhor tomar cuidado - disse o homem forte - Bamburdie é atraído por pessoas que tem um certo grau de maldade no coração. Sem ofensas mas... por caçar vários animais, você não parece uma pessoa benevolente.

Ele olhou para o homem e com o sorriso no canto da boca disse:

-Vou levar isso como um elogio.

O caçador pegou um copinho de whisky e tomou tudo em um gole, também pegou alguns pirulitos, que estavam em um pote, e logo depois saiu. Todos ficaram inquietos e o velho mais nervoso do que antes.

-Scotty Saimon, hã? - indagou o anão - eu sou um grande fã dele, pena que ele não vai estar vivo para eu pedir um autrôgafo.

-Se diz autógrafo, homenzinhos. - disse o homem forte - Mas tenho esperança que ele possa abater esse monstro.

-Vamos ver... - disse o velho - se ele irá se tornará uma lenda, ou apenas mais uma pessoa que morreu para Bamburdie.

-Interessante - disse o magrelo - o que vocês acham de apostar?

Lá fora, Scotty caminhou até seu carro, um Fiat Tempra. Ele foi para atrás dele e abriu o porta malas, no qual havia várias armas.

-Olá, minhas belezuras - disse ele com um sorriso malicioso - preparem-se para a diversão.

Entrou no seu carro e foi em alta velocidade para a floresta que era tão temida. Mal ele sabia o que lhe aguardava naquele lugar.

O Segredo da FlorestaOnde histórias criam vida. Descubra agora