[...]
-Não!-exclamou a pequena loira com voz esganiçada, seus braços estavam acima da cabeça, num esforço de se proteger. Já havia visto pessoas morrerem pra magias antes, qual era o problema? Não se sentia preparada para o sacrifício que vem sendo treinada para cumprir desde o início? Que decepção era pra si própria, já devia ter se acostumado a isso.
Lágrimas percorreram rapidamente o rosto da menina, cada centímetro do seu ser desejava apenas sumir, mas não daquele jeito! Não se sentia preparada para a sensação de seu corpo dissolvendo e sua consciência se esvaindo.
Mas mesmo assim...tudo acabaria ali?
Eve abriu os olhos devagar, se tudo isso ia mesmo acontecer, pelo menos deveria encarar o perigo com dignidade, não?
A garota correu os olhos rapidamente pelo local, o cenário havia mudado um pouco. É certo que ainda estava na floresta, mas a anjo não estava mais ali. Fora embora? Talvez tivesse tido uma pontada de piedade e deixado-a viver.
Achava difícil.
-Eu me...teletransportei?-murmurou encarando suas mãos trêmulas.
Com a respiração pesada e vagarosa, Eve se levantou, tentando enxergar acima das folhagens das árvores. Em outro momento, teria ficado histérica de felicidade, havia conseguido usar outro de seus poderes de vampira normalmente, algo surpreendente raro, já que não conseguia controlá-los. Durante todos esses anos, exploraram seu dom especial, não tinha tempo para praticar os outros.
Mas agora era diferente.
-Todas esses anjos...chegaram aqui por aquele portal, então...se eu fechar....
Outrora havia pensado em pedir ajuda, mas isso não surtiria efeito. Ela tinha sonhado com isso, somente ela sabia as palavras, então não havia motivo de arriscar ferir outro.
Estava determinada, não podia fraquejar!
E Eve estava tentando, com todas as forças, apesar de ter seu corpo cheio de cortes, de seu cabelo loiro bagunçado e com folhas penduradas, da saudade e do medo. Tudo isso era superável. Ou talvez fosse, se o crescente incômodo em sua garganta não tivesse sido mais instigado pelo cheiro que adentrava suas narinas, ficando cada vez mais forte.
Esse cheiro...tão bom...
Era sangue?
[...]
Cautelosamente -se é que fosse possível- o ruivo seguiu pelo túnel vazio exceto pelos corpos caídos em alguma luta anterior. O sangue acumulado deslizava silenciosamente, criando ligações entre as poças vermelho carmesim. Mesmo estando numa das passagens subterrâneas do castelo do seu pai -o rei dos vampiros- era quase impossível não notar que os corpos pertenciam também, a raças distintas, cada uma com suas características pessoais.
Para um vampiro, se sentir incomodado com o cheiro do sangue ao seu redor, seria o mesmo que dizer que um assassino profissional tem medo de puxar o gatilho contra a sua próxima vítima. Antinatural, mas a fragrância desse pequeno massacre -comparado ao de todo sub-mundo- quase, só quase mesmo, lhe causava enjôo.
-Ora...vejamos só o que temos aqui- Ayato pensou alto. Ajoelhando-se perto de um dos corpos. Não só pelas asas, mas suas roupas e feições também se diferenciavam das dos demais mortos.-Parece tão inofensivo agora que não se mexe.-murmurou, dando uma risada nasal. Seria uma visão um tanto motivadora -ver o inimigo perder as forças juntamente com a vida- se não fosse possível reparar na diferença de mortos do mundo demoníaco e celestial.
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Uma nova esperança [Sendo Adaptada]
FanfictionApós tantos abusos, agressões e maus-tratos, finalmente parece que tudo ficaria bem, mas a vida de Yui decide dar outra reviravolta, separando-a dos outros. O que antes ela rezava para que acontecesse, acabou se tornando o que ela menos desejava. En...