Capítulo IV

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[...]

- Agora tudo faz sentido!

- Não é? - Yui deu uma risadinha nervosa, enquanto olhava pra baixo, vendo suas pernas balançarem.

- Eles estão priorizando a morte de Caim acima de tudo... - Ayato murmurou pensativo, rapidamente mudou o rumo da conversa ao ver que a loira havia lhe ouvido. - Ah...sinto muito, Yui. Mas...o velho tá ajudando vocês não é? Digo...

- A controlar a situação...sim. - o incômodo e uma certa pontada de raiva é perceptível em sua voz.

- Mas...alguém cujo as divisões normais da magia não afeta. Eu achava que isso era impossível, ou quase.

- Porque é. Bom...pelo menos para os nossos padrões de época. - a loira revirou os olhos ao notar a sobrancelha erguida do maior. - Sim, eu pesquisei um pouco sobre tudo nesse tempo.

- Você quis dizer espionou.

- Vocês me mantiveram presa aqui e eu fui forçada a várias coisas que não queria, mesmo após ir embora. - o ruivo não podia negar a curiosidade, mas evitou a pergunta que tanto queria fazer. - Foi...graças a isso que eu estou aqui agora, participando e sabendo os detalhes. Saber tudo foi um mero direito.

- Mas...?

- Saber as coisas não significa poder mudá-las. - sua voz assumiu um tom melancólico disfarçado. Ayato se manteve em silêncio, observando a feição da menor que havia descido do balcão e agora estava virada na direção oposta, com os cotovelos sobre o mármore frio. - Eu não quero que tudo se repita. - disse por fim.

- Você tem medo...

- Seria vergonhoso eu admitir que sim? Ou seria uma demonstração de fraqueza...? Quem sabe os dois...

Ayato fica uns segundos olhando para o teto.

- Não acho que seja isso... - disse suavemente, Yui o olhou de relance, vendo-o mudar o foco de sua visão do teto para si. - Não creio poder afirmar com certeza, mas...acho que "Preocupação de mãe" se encaixaria corretamente.

- Você...acha? - seu tom saiu sofrido. Yui abriu um sorriso mínimo. - Eu devo agradecer, suponho...obrigada.

- Eh... - Ayato coçou a cabeça, um pouco tímido. - Você é uma boa mãe, eu acho.

Yui começou a rir.

- Quê? - indagou o de olhos esverdeados. A loira só pôs a mão na boca, abafando a risada. - Oe! Yui! Qual é a graça?

- Nenhuma, é só...que eu não esperava ouvir isso de você. De ninguém na verdade. - a loira se põe à frente do maior, levando sua mão aos fios vermelhos do maior. - Você me acha uma boa mãe certo? - perguntou tentando, inutilmente, por as mechas rebeldes do outro em ordem. Suspirou em desistência, com uma risadinha. - Gostaria de mim como sua mãe?

- Que pergunta aleatória...! Ah!....não se lembre disso, por favor. - riu de nervoso, observando os olhos rosa-avermelhados, que ergueu a sobrancelha. - Ok...é realmente algo difícil de esquecer. Mas você não pode me culpar!

- Claro! Foi só mais uma quase morte, rotina poxa. - se virou, indo em direção aos armários

Ayato encarou a garota, provavelmente se perguntando se ela estava sendo sincera ou sarcástica. Continuou observando a menor enquanto ela separava um copo com água. Yui ruborizou um pouco ao se virar e se dar conta de que estava sendo observada nada sutilmente.

- Ah! - se apressou um pouco envergonhada. - Você também quer?

- Não, não preciso. - Ayato desceu do balcão indo em direção a garota. - Yui... - pronunciou devagar, tomando delicadamente o copo das mãos da mesma. - Podes me mostrar uma coisa? - perguntou segurando o queixo da mesma e erguendo um pouco se rosto. Seu olhar fixo para os olhos avermelhados deixavam claro o que queria. A loira deu um breve suspiro.

- Hm...tudo bem. - murmurou devagar. Em seguida retribuiu o olhar do ruivo.

Quem olhasse a cena por fora certamente entenderia errado, ou nem sequer entenderia. Ayato deu um pequeno sorriso de ladinho ao notar os olhos da menor se iluminarem repentinamente.

- Entendo... - falou soltando o rosto da garota e se virando. Andou uns dois passos em direção a saída e então ouviu o chamado da garota:

- Você está com raiva? - questionou, os olhos dela emitiam um leve brilho de preocupação.

- Eu...? Nah.

Uma nova esperança [Sendo Adaptada]Onde histórias criam vida. Descubra agora