Escola

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04/02/2020


E mais uma vez eu estava em meu inferno pessoal, sim, a escola, haviam tantas pessoas ao meu redor que diziam ser meus amigos, mas eu estava sozinha, tudo era vazio, e aquilo doía, eu me sentia tão sufocada naquela merda, mas ninguém entendia o motivo de minhas faltas, ninguém entendia que eles me machucavam, seus olhares, suas risadas, suas vozes, cada passo deles me deixavam cada vez mais sufocada naquela merda de escola, ninguém entendia o quão doente eu estava.

A culpa não é de vocês, é minha, vocês tentaram ser meus amigos, mas o problema sou eu, só eu posso ouvir minha mente e viver na imensidão dela, só eu me entendo, e é impossível outra pessoa aceitar meus motivos, então desculpe.

Respiro fundo analisando o professor dar sua aula e pego meu caderno do ano passado, analiso as coisas que escrevi e respiro fundo iniciando uma nova escrita, era horrivel estar em uma escola nova de novo, já era a segunda, e sem contar o fato de estar no mesmo ano por perder a maioria das aulas.

Eu não me sentia burra, sei minha inteligência, o problema era a escola em si, ela me matava, deixava minha alma exausta, fingir todos os dias era cansativo, então eu só parava de ir, aparecia uma vez por semana, duas vezes no mês, até que fui retida. Pensava que naquele ano seria diferente, eu poderia tentar ir todos os dias, entretanto era apenas o primeiro dia e eu estava morta.

[— E como seria diferente...Com o início da pandemia eu voltaria a estudar em casa, mas eu não sabia que isso iria acontecer.]

Sinto a caneta deslizar fortemente pela folha e deixar marcado as palavras que não saiam de minha boca, eu só queria gritar, estava se iniciando uma crise no primeiro dia...

Escola

Estou assustada
Triste!
Encomodada.

Pessoas novas
Rostos estranhos
Medo e pânico

Não quero surtar
Estou cansada
Quero deitar
Me sinto sufocada

O que faço aqui?
Escola nova...
Quero refri.

Quero ser invisível
Sem amigos
E sem ânimo

Alguém me tira daqui
Estou prestes a explodir...

Obra incompleta...

04/02/2020

- Júlia Peixoto

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Daquela vez eu esperei que o Sol me desce forças, mas ninguém veio, no meio daqueles adolescentes comuns, eu também era comum, então a natureza não iria me ajudar na frente deles, respiro fundo guardando o caderno e volto a prestar atenção na aula, mas logo sinto um papel ser jogado contra minha cabeça, o abro e início a leitura.

12/03/2020

"Olá, as coisas devem estar difíceis...E mesmo que você pense em desistir e esteja cansado de ouvir e ver notícias sobre o mundo caótico em que estamos...Lembre-se que você é forte e pode tudo, nunca desista de seus sonhos...Nunca deixe essa dor se transformar em ódio, seja positivo sempre."

- Júlia Peixoto

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Infelizmente a última parte não ocorreu na realidade, apenas respirei fundo e voltei a aula, onde fingi encontrar forças para enfrentar aquele primeiro dia difícil, entretanto prefiro que minhas fantasias tivessem ocorrido e alguém realmente tivesse se importado,

Espero que ainda existam pessoas boas.

Meu único refúgio Onde histórias criam vida. Descubra agora